Depressão infantil – Exposição sexual | Primeira hipótesePublicado em 10/02/2017 Dados do crescimento do número de crianças com quadro de depressão no Brasil têm alarmado pesquisadores da área da psiquiatria, psicologia e também dos consultórios de Pediatria e Psicologia infantil. Nas escolas os professores pontuam com mais frequência o aumento de casos de crianças que se encontram tristes e isoladas. A OMS, em 2015 apresenta uma estimativa que aproximadamente 8 milhões de crianças no Brasil sofrem com a depressão. Algumas são as hipóteses para esta situação que tenho levantado a partir de minha experiência clínica e de assessorias à escolas, como também da troca de informações com colegas da área de saúde e dos muitos congressos sobre o tema: 1- Acesso prematuro às cenas sexuais através de programas televisivos e redes sociais. 2- Envolvimento mais intenso em carga horária das crianças diante de equipamentos eletrônicos, principalmente tablet, celular com acesso livre às redes sociais. 3- Distanciamento dos pais, decorrente do trabalho, em que as crianças tendem a ficar muitas horas distantes deles, e quando os pais estão em casa, não conseguem dar atenção às crianças por que precisam cuidar de tarefas corriqueiras do lar, ou por que estão cansados. Enumero estas três hipóteses que chamaria de estruturantes para o enraizamento da instauração da depressão infantil, as quais e vou argumentar brevemente, dando ênfase, neste momento, para a primeira hipótese. Na primeira hipótese, temos uma maior abertura para se falar em sexo e sexualidade, e desde idades tenras, os brinquedos infantis trazem personagens masculinos e femininos com muita estimulação corporal, tanto no padrão de beleza como nas roupas. Vejam a série das bonecas Polly, onde a criança tem várias opções de troca de vestuário das bonecas e ao observarmos, as peças são bem sensuais. Também nos bonecos masculinos, o desempenho muscular e corpo sensual. Se observarmos a série de bonecas Barbie e acompanhando aos filmes desta série, temos sempre uma trama amorosa e ela sempre está impecável e sensualmente vestida. Na minha clínica infantil onde tenho estes modelos de bonecos tanto na linha feminina como masculina, observo que as crianças tendem a utilizá-los com muita trama em jogos sexuais, tanto para meninas como para meninos. Mas mesmo assim, crianças que entram na idade dos 6 a 7 anos recusam os bonecos, principalmente a Barbie por que já é careta. E muitos meninos se recusam a brincar de bonecos por que acham que é coisa de “mulherzinha”. Fora toda esta trama dos brinquedos, temos a trama dos desenhos e também do livre acesso a programas não indicados para a faixa etária infantil, que ainda continua sendo até 12 anos. Mas que se falarmos para uma menina de 8 anos que ela é uma criança, ela vai achar ridículo. Tanto, que na clínica infantil pela ludoterapia, as meninas já não querem brincar espontaneamente, querem falar e mostrar vídeos, fotos do celular. Acham ridículo estar em uma sessão para brincar. Mas este é um pouco o contexto das crianças que chegam a um processo terapêutico, daquelas que os pais pelo menos procuram uma ajuda profissional. Mas sabemos que na realidade das crianças em suas casas, quando estão fora da escola, o acesso aos vários tipos de programações, como vídeos do Youtube e séries com apelativo sexual, é muito vasto sem falar nas músicas que elas escutam. As músicas, principalmente o funk comercial, destes de baixa categoria, possuem um apelativo sexual intenso, e as crianças cantam essas músicas com muita versatilidade. Estava em uma família que me acolhera em uma cidade da capital, por ocasião de uma conferência que fui proferir, os pais me mostraram assustados os vídeos que as amigas da turma de escola da filha de 11 anos estavam postando para os meninos, se oferecendo ao namoro. Elas filmavam seus corpos nus e diziam que eles estariam ganhando aquilo. Incentivei estes pais a levarem a temática para a escola debater em sala de aula e orientei que eles deveriam proceder no controle do acesso da filha às redes sociais, além de refletir com ela de forma aberta sobre os valores e ética do corpo na qual acreditavam e tentavam viver. Quando uma criança é exposta a uma estimulação sexual na qual não está amadurecida física e psicologicamente para aquilo, causa uma ansiedade comportamental e consequente quebra de sua identificação pessoal para sua idade, desejo e estrutura emocional. Por isso que se um adolescente quando é envolvido numa trama sexual, mesmo que seja no seu namoro autorizado, abaixo dos 14 anos pode representar exploração sexual, principalmente se um dos parceiros for mais velho. Um senhor me liga desesperado por que sua filha de 13 anos revela estar tendo atividade sexual com um rapaz de 17 anos. Digo que ele poderia intervir com o rapaz caso não consentisse com este comportamento da filha. Mas esta temática hoje em dia é muito complexa, pois há uma ditadura da educação politicamente correta dentro da perspectiva da liberdade de escolha. Como se uma jovem de 13 anos tivesse todas as estruturas de autonomia pessoal para escolher. Enfim, a consequência da exploração do corpo no campo da erotização tem atingido o emocional de muitas crianças por não possuírem estruturas emocionais para lidarem com o acesso à cena primitiva da sexualidade, que é a cena do ato sexual em si, e que se desenvolvem num ambiente de estimulação que as projetam para uma idade para além da que estão vivendo. É como se a infância estivesse sendo roubada. Por isso que vejo nesta primeira hipótese para o aumento da depressão, um dos fatores desencadeantes e que os pais e educadores devem zelar para não expor as crianças a uma vivência na qual não estão prontas. É melhor falar sobre a sexualidade, respeitando a faixa etária do filho, sem criar temores ou assustá-las com o assombro moral do pecado, de que sexo é coisa suja. Simplesmente falando dos aspectos favoráveis da sexualidade principalmente para o estabelecimento de convívio, de vínculos afetivos. Mas para isso os pais e educadores precisam pesquisar mais sobre as diferentes abordagens dos temas para as crianças, além de ter que respeitar as diferenças de idade. Mas para quem deseja que seus filhos crianças cresçam com melhor estrutura emocional, sem a sombra da depressão, é melhor transformar seus dias em um canteiro de criatividade, de atividades que façam aflorar a verdadeira forma de ser criança, vendo o mundo com a magia da fantasia, vendo a vida com a alegria de desbravar seus mistérios. Mas isso só é possível com presença, comprometimento, atitude e principalmente o sentimento de amor que na atitude de pais e educadores é revelado no cuidado. E cuidar, não é deixar livre pensando que desta forma as crianças ficam mais felizes. Livres elas estão, e sem direção. O resultado é a escravidão da alma pela depressão. |
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