Linha de RiscoPublicado em 13/11/2015 Quando chega o limiar dos 14 anos a vida toma uma nova roupagem. Meninos e meninas tornam-se sarados, muitos olhares passam a admirar a beleza e alegria adolescentes. Uns, contemplando com felicidade o crescimento juvenil, outros com olhares maliciosos normalmente olhares remetidos por adultos. Alguns deles por que passaram bem pela própria adolescência, outros por que não aceitam envelhecer e se identificam apaixonadamente com um adolescente para sentirem-se sempre jovens e grande parte por estarem frustrados nos objetivos pensados na adolescência e que a vida adulta os impossibilitou de realizar. Por que linha de risco?Os adolescentes passam a viver sobre a mira de muitos olhares, que na realidade se transformam em ataques inconscientemente compartilhados pelos adultos de maneira indireta. São filmes apelativos convidando a galera à vida sem compromisso ou a violência; Igrejas domesticantes conduzindo milhares de jovens à uma fé “papagaística”; escolas torturantes induzindo à competitividade nos vestibulares, muitas vezes sustentados pelos próprios pais que não conseguiram sucesso educacional na juventude e transferem todo o desejo educacional aos filhos; sexo livre e sensualidade pelos poros de toda e qualquer publicidade; valorização extrema por corpos malhados, aqui as academias mordem este filé e sem nenhum critério técnico iniciam meninos e meninas em atividades de musculação, muitas até vendem produtos químicos para acelerar a performance muscular. Atenção, por detrás de muitas iniciativas bem intencionadas, pode haver uma indução maléfica. Por isso os pais devem monitorar sempre, até que os adolescentes se tornem adultos. Mas isso não parece superproteção?Já pensei nisto também, até já tive outro tipo de visão, mas ao constatar nas diferentes classes sociais o quanto os adolescentes são alvos do ataque de consumo, resolvi alertar para um processo educacional com mais presença dos pais e critérios nas regras e escolhas sobre o futuro deles. Um futuro que dependerá da escolha deles, mas com um olhar de participação amiga e afetuosa dos pais. Quem atrai adolescentes para o narcotráfico? Quanto se paga para um adolescente ser usado como “avião” das drogas? E as meninas, usadas como poder, se bonitas, tornam-se as namoradinhas dos traficantes, pois assim ficam protegidas. Em conversa com um grupo de educadores de rua de Belo Horizonte, constatamos que muitos adolescentes, estavam sendo obrigados a trabalhar para o tráfico, sem o conhecimento dos pais. As casas de prostituição no Brasil, são comandadas por adultos que em frente de escolas aliciam adolescentes sensuais e que de preferência estejam em conflito com os pais. Quem frequenta estas casas? Outros adultos fixados em sexo, quem sabe até pedófilos. E as baladas tocadas a bebidas alcoólicas? Estas promoções patrocinadas por cervejarias que ao constatarem que os estoques estão esgotando o prazo de validade do produto, desovam em festas banhadas à cervejas. Geralmente frequentadas por adolescentes. Tudo bem que no Brasil não se pode vender bebida alcoólica para menores de 18 anos. Tem saída para essa situação?Sim, tem saída! A melhor delas é não fugir da realidade e nem querer construir uma redoma de vidro para proteger os filhos do mundo, dos riscos. Ao contrário, o caminho é deixar viver, participar, estar acompanhando. Porém, sendo referência e compartilhando. É educar com malícia, levando o adolescente a transitar sem se deixar levar. É acreditar que vale a pena não abrir mão dos ideais, dos valores humanos, da Fé. E além de tudo, é ajudar os adolescentes a terem identidade própria, sem que se tornem preconceituosos, do tipo "só quem está no meu grupo é o certo, é o bom". Linha de risco, pois a fase é do parece, mas não é! Adolescente ensaia ser adulto (falso self), para no futuro ter construído sua própria identidade. O risco é inerente ao crescimento. Como ensaios e erros uma hora acertamos outra erramos, a diferença vai estar na presença afetuosa e amiga, mas além de tudo libertadora, que os pais parentes e amigos podem oferecer. Coisa boa é lembrar de adultos que na nossa adolescência se fizeram amigos e estavam sempre próximos, principalmente quando algum problema acontecia. Um dia, ainda adolescente, eu e minha galera fomos nadar no rio pardo. Atrativo, por ser sinistro, este rio conduzia-nos ao poder de quem conseguiria atravessa-lo primeiro. Mas neste dia, escondido dos pais, dos nove que pularam um não voltou, retornamos pálidos para casa e demos a cruel notícia… O Jorginho não voltou. Poderíamos pensar que nossos pais foram irresponsáveis. Mas nesta cena, podemos dizer que a ousadia é adolescente e mesmo com muita presença, nada é garantia de nada. Imaginem se faltar a presença na atual conjuntura, onde o perigo não é o rio, mas quem sabe o riso fácil de um “baseado”. |
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