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Obama e a Audácia da Esperança

Publicado em 22/06/2016



Em 20 de janeiro de 2009, o planeta terra e seus habitantes assistiam a posse do novo Presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Acompanhando diversos jornais impressos ou televisivos e lendo diferentes comentaristas, observei na época que havia uma grande expectativa positiva em torno deste acontecimento. Por muitos motivos e singularidades: o primeiro negro a tomar posse como presidente da nação mais poderosa do planeta; um líder político que é eleito pela força da palavra, palavras que encaixam com o desejo da população mundial pela paz, solidariedade, justiça social. Já no seu primeiro dia como presidente, Obama congela os salários do primeiro e segundo escalão de seu governo para que o exemplo de contenção de despesas e coerência com a população em tempos de crise econômica venha de cima.
Naquela época o presidente da Venezuela Hugo Chaves fazia seus comentários:  “… não podemos esquecer que o império americano tem sede de domínio”, como se ele não sofresse desta síndrome, quando novamente lança um plebiscito para se perpetuar no poder. A maioria dos líderes políticos ou religiosos no mundo apontava com bons olhos a Era Obama. 

Sou um cidadão que desde a adolescência participou de atividades políticas, desde os grêmios estudantis até partido político. Carrego a formação do socialismo democrático, tendo como mestres os cristãos Plínio de Arruda Sampaio e Hélio Bicudo. Gosto de ressaltar estes, como cristãos porque se criou a ideia que a ideologia socialista era coisa de ateus. Sempre estive envolvido com processos políticos e movimentos sociais, e com o tempo a aridez do embate social por justiça e direitos iguais foi conduzindo-me a ver a nação americana como um império com sede de poder e domínio. Na trajetória de muitos presidentes, pelo menos daqueles que fui relacionando a partir de meu crescimento como cidadão, não tive a sorte de ver presidentes americanos muito decentes. Entre atores, folclóricos e sanguinários, vi poucas ações verdadeiramente solidárias da mais poderosa nação do mundo. E com isto, o grande erro que os impulsos juvenis acabaram por consolidar, era de considerar que todo o povo americano copia o comportamento de seu presidente. Até para aprender inglês eu criei uma resistência cultural.
Mas, alguns amigos que trabalham e estudam nos Estados Unidos foram mostrando-me que a relação comportamental entre presidente e povo americano, não se dá nesta relação direta e unilateral, o que foi comprovado pela eleição de Obama. Assim, passei a observar com mais critério o sistema eleitoral à presidência deles. Até então pensava que aquele povo era tão alienado que não comparecia às urnas em massa, pensava: se eles são tão evoluídos, como não comparecem às urnas para escolher seu presidente? Mas na verdade, o longo processo eleitoral que começa com as disputas internas dos partidos, percorre uma agenda de amplos debates, onde o dia da eleição é apenas um detalhe, parece ser apenas um referendo de uma decisão já tomada pelo povo. Comparando hoje com o sistema eleitoral brasileiro não tenho dúvidas que temos muito que aprender com eles. Mesmo assim, os resultados nem sempre foram os mais favoráveis. Mas na primeira eleição de Obama, parece que o processo fugiu a uma tendência das últimas eleições um tanto atrapalhadas. Obama surpreendeu a todos, com certeza menos a ele. Depois de ler seu livro “A Audácia da Esperança – Reflexões sobre a reconquista do Sonho Americano”, passei a ter a certeza que o Presidente Americano de hoje é um homem pragmático em seu pensar e agir, e há sinceridade, transparência e audácia em seu pensamento. No livro, Obama nos convida a fazermos uma bela viagem no sistema político Americano a partir de sua trajetória pessoal, desde familiar até política, perpassando pelas experiências como líder comunitário e profissional em advocacia. O estímulo a seguir a carreira política se deu pela sua  percepção de que seus compatriotas estavam perdendo a identidade de um povo que cresceu pelas conquistas e sonhos por uma nação soberana.

Alguém, destes intelectuais de universidade que costumam acreditar que o melhor é só aquilo que é produzido dentro da universidade, fez uma brincadeira de mal gosto e com uma leve pitada de inveja: “Mas quem escreveu este livro foi a equipe técnica dele”; comentários deste tipo também são feitos por docentes universitários em relação ao  ex Presidente Lula: “mas ele não sabe nem escrever”. Parece que temos uma semelhança, respeitadas as suas proporções culturais: Obama um negro, Lula um nordestino operário e os comentários preconceituosos. Tudo bem que hoje, já podemos ver que entre Lula e Obama temos uma grande distância entre a história pessoal e a solidez ética.  

Em 2009 fiz o seguinte comentário: “Cruzando os discursos de Obama, com algumas atitudes em público e seus pensamentos publicados, posso dizer sem medo de errar – vale a pena acreditar que estamos vendo se instaurar uma nova era para o povo Americano, que com certeza trará bons resultados para o fortalecimento da cultura da paz e do diálogo na diversidade entre as nações do planeta terra.”. Hoje, em pleno processo eleitoral americano, já no final do segundo mandato de Obama, assistimos muitos momentos críticos de Obama, principalmente no item da paz. Acreditei que Obama iria radicalizar mais o diálogo pela paz. Porém, entre altos e baixos, no campo econômico interno, Obama conseguiu manter a economia. Saiu da crise, melhorou o índice de emprego e retomou o crescimento. Vai deixar seu governo em alta nas pesquisas, tendo passado meses em baixa. Provavelmente fará seu sucessor na próxima eleição. Sua audácia foi sendo mostrada principalmente na fidelidade à família e na capacidade do diálogo nos embates públicos com temas que causam intransigência nas relações sociais, como foi a questão da homossexualidade e união gay. 
        
Sabemos que não haverá um salvador, um milagreiro em nenhuma nação do mundo. O próprio Jesus Cristo disse: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Administração pública não é uma atividade religiosa. Mas se a liderança política de uma nação carrega em si o foco na esperança pelo ser humano, milagres podem acontecer.



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