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O processo avaliativo nas escolas é realmente eficaz?

Publicado em 03/07/2015


Final de ano aumenta o número de crianças e adolescentes na clínica psicológica. Pais desesperados, muitas vezes por verem seus filhos quase repetindo o ano educacional, buscam uma ajuda profissional para que os filhos consigam avançar na escola. Esta é uma tendência que observamos na demanda dos profissionais de psicologia.
 
O pior, é que na sua maioria, as crianças e adolescentes com a demanda de fracasso escolar possuem perfil de inteligentes, criativos e espertos, porém com auto-estima negativa e quase que em pânico quando o assunto é escola.

Um desses comentou-me desesperado: “... mas a escola só sabe avaliar a gente pelas provas, e tudo gira em torno de provas...”. Lógico que este argumento vindo de quem está com dificuldade educacional é no mínimo suspeito. Mas procurei investigar alunos com bom desempenho educacional e observei a mesma queixa: provas e mais provas. É incrível que em determinadas épocas do mês ou bimestre, os alunos chegam a fazer três provas em uma manhã ou tarde.

Prova mania 

Questionei uma pedagoga sobre esta “prova mania”, e ela argumenta que o aluno bom é aquele que estuda todos os dias o conteúdo e ai fica mais fácil na hora da prova. O negócio é estar sempre vigilante, pois, a qualquer momento ou em momentos planejados os alunos serão colocados à prova.

Conheci uma escola que diminuiu o número de provas e ampliou o critério de avaliação dos alunos. Nesta, a nota da prova tinha igual peso às notas das tarefas para casa; a nota de comportamento em sala de aula, onde a  avaliação é resultado da média das notas que o aluno se auto-avalia, que sua turma  atribuiu a ele e que os professores também indicam; os trabalhos valem notas e com igual peso aos das provas. Assim, a prova perde seu significado de tortura e passa a ser apenas mais um item de avaliação.

Eu indicaria para as escolas também criar outro item de avaliação. Sobre os êxitos realizados pelo aluno fora do contexto da escola, na família, no esporte, na sociedade. Tem alunos sem resultados favoráveis nas provas e que são campeões no futebol ou em outros esportes.

Já pensou que legal, quando um aluno tirasse nota baixa em matemática, o professor pedisse para ele fazer manobras radicais com a sua bicicleta para compensar a nota? “... sonho meu!!”

Eficiente ou eficaz? 

Lembro-me da fala de um empresário bem sucedido, que ao ver a tortura e angústia de sua filha diante dos resultados escolares, narrava que ele mesmo também tinha péssimas notas em matemática e sabia contar dinheiro de trás para frente. Foi mais longe nos seus comentários dizendo que dos três anos de colegial, só lembrava um único conteúdo, quando o seu professor disse em sala de aula: “É melhor ser eficaz do que ser eficiente”. Ir bem nas provas, parece ser eficiente, ser bem sucedido na vida parece ser eficaz.

Se me perguntarem do conteúdo que guardo de minha época de escola, digo com todas as letras, quase nada.
 
Profissionais qualificados e com bom desempenho na carreira, atingem excelência pela capacidade de articular os conhecimentos com um contínuo processo de pesquisa em: livros, revistas, mídia, etc., além de serem capazes de agir pelo saber que se faz. São elementos que revitalizam a memória do profissional. Por isto, vejo que prova escolar deveria ser um instrumento que potencializasse a consulta ao livro e provocasse a articulação do conhecimento adquirido com a realidade. Tenho certeza que muitos dos alunos fracassados pelos resultados das torturantes provas seriam mais bem sucedidos e teríamos a quase eliminação do conceito fracasso escolar se fossem vistos com um olhar mais amplo, valorizando suas potencialidades.

Este novo olhar sobre o processo avaliativo, traria bem menos angústias aos  pais. Mesmo os pais dos alunos ditos “bons”, respirariam mais tranquilos ao longo do ano letivo.
 
Se a escola não se repensar, ela terá pouco significado de vínculo afetivo e de fortalecimento de caráter na vida das pessoas. Se a escola não se repensar, continuará sendo um monstro no imaginário da grande maioria das pessoas que passarem por ela.





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