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Fidel Castro, entre o amor e o ódio

Publicado em 26/11/2016


No dia 25 de novembro de 2016, à noite, morre Fidel Castro aos 90 anos de idade. O mundo acorda falando em Fidel. Só no twitter, milhões de pessoas comentaram sobre sua morte na manhã seguinte.

Falar de Fidel é algo que gera antagonismo, tanto para seus admiradores diretos, como para seus oponentes. Mesmo entre os melhores professores e pesquisadores de história, veremos posicionamentos antagônicos até para um mesmo pensador. E é deste antagonismo que pauto este texto na ótica do Amor e Ódio. Por ser uma personagem que a história não vai esquecer no mundo ocidental, nestes dias após sua morte vamos ouvir muitos comentários sobre este emblemático líder político mundial. O homem que os Estados Unidos não conseguiu calar e nem derrubar.
 
Já recebi diversas mensagens pelo Whatsapp, entre brincadeiras e críticas a Fidel. De pessoas que se julgam cristãs e mesmo assim cultuam em público o desejo da morte alheia. Outros associam Fidel ao diabo. Lógico que estou falando de comentários de um público que no geral sabe muito pouco de história, economia e política,principalmente na América Latina. Somos um país cuja população vive da fantasia hollywoodiana, dos bons mocinhos americanos do norte. Vivemos na fantasia de que um dia seremos fortes economicamente como nos Estados Unidos da América. Assim, nada mais natural do que a manifestação primeira do ódio a Fidel Castro. Um  ódio produzido pela publicidade americana da demonização de Fidel, por ele representar uma ameaça à soberania americana na América Latina; ódio também pelas atitudes de um líder desde a guerrilha na Serra Maestra onde junto com seus parceiros Raúl Castro e Che Chevara conseguiram derrubar as forças militares do presidente tirano Batista , que fez de Cuba um prostíbulo americano,em 1959. Fidel teve que  usar de todas as táticas de guerrilha e com isso à morte de muita gente, além de ter que assumir uma postura ditatorial decorrente de um governo nascido de uma revolução de base comunista, com os milhares de presos políticos, penas de morte  por infidelidades de revolucionários e fuga de cubanos que não aceitaram o sistema político marxista-leninista.

Mas em Fidel temos as manifestações de amor. Com certeza tem muita gente no planeta pós-morte de Fidel chorando pela perda de um homem que conduziu seu povo ao resgate da dignidade humana, resgate do patriotismo, resgate de uma identidade. Com Fidel, vimos ao longo dos anos uma nação erradicando a pobreza, erradicando o analfabetismo, elevando antigos cortadores de cana em médicos, cientistas, atletas medalhistas. Sua proeza deu-se pela determinação imposta pela ideologia da revolução cubana e também pelo apoio da União Soviética que passou a comprar o açúcar cubano dando sustentabilidade aos investimentos para e melhoria da qualidade de vida do povo em Cuba. Com a dissolução da União Soviética em 1991, Cuba começa a sofrer pela dificuldade de escoar seus produtos para o mundo, pois os Estados Unidos forçou os países associados à ONU ao embargo econômico  a  Cuba, onde se os países aliados aos Estados Unidos fizessem transições comerciais com Cuba, trariam dificuldades diplomáticas na relação com os demais países do globo. Mas mesmo assim Fidel soube potencializar meios para obter dividendos econômicos, pela medicina, pela universidade, pelo esporte e turismo. 

Esta relação de amor e ódio, vai fazer muita gente sair pelas  ruas chorando a morte deste grande líder que muito melhorou a vida de milhares de pessoas que jamais seriam alguém na existência humana. Também levará grupos com faixas e cartazes ironizando e agradecendo a morte deste terrível homem que era uma ameaça vermelha comunista à humanidade.

Fidel Castro tem sua eternidade na história da humanidade. Foi um homem de lado, de caráter, de ideologia. Sonhou uma utopia e a perseguiu. Mesmo sem cargo e poder, continuava sendo temido pelo mundo ocidental e principalmente pelos sistemas capitalistas selvagens. Muitos dos que estão falando mal de Fidel por estes dias, nunca serão lembrados por nada, viverão alheios e invejosos pelo triunfo de terceiros. Na história da humanidade só perdura no imaginário coletivo aqueles que mantiverem vivo seus ideais, certo ou errado. Até por que, o que é certo e errado depende da ótica e do lado em que nos colocamos para enxergar os ângulos da ótica.

Como já disse Bertold Brecht: “Há homens que lutam por um dia, estes são bons. Há homens que lutam por anos, estes são necessários. Há homens que lutam por toda a vida, estes são imprescindíveis”. Fidel foi imprescindível para a humanidade. 

Quem matou mais? A ditadura cubana ou a tirania dos governos americanos?

Quem tirou mais miseráveis da miséria? O sistema liderado por Fidel ou as falsas democracias dos países ricos do ocidente?

A crítica pela crítica a Fidel, tocada a paixões tanto por amor ou ódio, é posicionamento de quem não tem percepção da história da America Latina e muito pouco conhecimento de economia e política internacional. Bando de papagaios repetindo discursos para lá e para cá.

O melhor é olharmos para a morte de Fidel Castro com um olhar analítico, dentro da perspectivas dos legados favoráveis que a humanidade pode tirar proveito e também dos erros que seu longo governo ditatorial cometeu ao longo dos anos, que a meu ver foi o de ter dado pouco espaço para a abertura política dentro de um processo democrático. Lógico que também Fidel teve seus motivos para não fazer esta abertura. Eu sempre dizia aos críticos do sistema cubano que Cuba era “um cagado de mosquito” abaixo dos Estados Unidos um “elefante”. Quem sabe os ventos já estejam soprando em direção à democracia cubana, que já teve início no governo de Raul Castro com o diálogo junto ao Presidente Obama. Mas esta abertura encontra uma solidez do sistema político cubano na qual se vê menor risco da cultura da revolução cubana ser desmoronada.

Hoje eu senti a morte de Fidel Castro, pois assisti tudo o que foi feito em Cuba, participei indiretamente deste processo. Sei que na somatória dos fatos, entre acertos e erros, Fidel acertou mais do que errou. Infelizmente no Brasil é difícil as pessoas olharem assim, pois somos um país sem líder político com a força e coragem de um Fidel. Somos uma nação de um povo covarde, e precisaremos ver muitos tiranos ascenderem ao poder para que saiamos de nossa covardia coletiva.  


 


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