Separação conjugal e os filhosPublicado em 13/09/2017 Um grande dilema que emerge no processo de separação conjugal é a situação dos filhos. Dizer que nos tempos atuais esta questão já está superada, não é verdade.Mesmo quando a separação conjugal é realizada em um clima amigável, em que os cônjuges de forma madura concluem que não possuíam vínculo amoroso e não podiam manter um relacionamento que já estava desgastado, quadros que enquadramos dentro do referencial de separação madura, as crianças tendem a criar ambivalência no sentimento, pois observam que o casal se dava bem, que não tinham conflitos e agressões. Assim, pensam que os pais poderiam continuar juntos. Principalmente quando o casal tinha uma forte interação no brincar. Esta ambivalência acontece principalmente para os filhos na primeira infância, em que ainda não conseguem relacionar o romance conjugal dos pais, “se, se dão tão bem, então porque se separarão?” Imaginem o quanto leva ao sofrimento dos filhos os processos de separação conjugal conflitivo. Há os que argumentam que é melhor os pais estarem separados do que diariamente conviverem com ataques morais e muitas vezes agressões físicas. De fato, este é um bom argumento de consolo para os filhos, de mostrar que os pais juntos criavam muita tensão pelo conflito. Assim, separados o ambiente familiar fica mais tranquilo. O problema do conflito direto se resolve, mas nestes processos de separação conflitivas, que são movidos por imaturidade e o qual damos o nome de separação imatura, acontece dos pais colocarem os filhos no meio do conflito. Há os ataques mútuos, as culpabilizações para justificar a separação. Tanto na separação madura como na imatura, haverá sofrimento por parte da criança, afinal são seus progenitores que estão se separando. Sabemos que este sofrimento é normal e superável. O tempo e a elaboração do sofrimento dos filhos vai depender de alguns cuidados que os pais separados precisam ter: 1. Definir o perfil de guarda das crianças e manter disciplina diante do estabelecimento da lei. Hoje vemos muitos processos que estabelecem dias alternados, porém os pais precisam estar muito articulados um com o outro para que a rotina seja equitativa, tanto em uma casa quanto em outra. Este tipo de processo tem trazido muitas dificuldades aos casais (pais) com separações imaturas e faz com que os filhos sofram pela ambivalência nas regras e estilo de ser de cada casa. Particularmente, ainda prefiro os processos de guarda em que a criança passa a semana em um mesmo ambiente e com a mesma rotina, principalmente nos dias de aula. 2. Os pais ao namorarem com outra pessoa precisam ter cuidado, pois se encontra na condição de namoro em que ainda não está definido o vínculo, é preciso evitar as intimidades amorosas, principalmente no que tange a privacidade do quarto do casal. Este procedimento é bom para preservar as crianças. Quando o namoro é estável e há comprometimento, tipo “vínculo estável”, ai os pais podem ter a convivência normal junto dos futuros cônjuges. O problema surge na criança quando a cada semana ou mês os pais aparecem com outra pessoa, gerando uma forte instabilidade emocional no filho. 3. Nos processos de separação imatura em que há forte atrito relacional com pendências de separação. Os pais devem evitar as críticas uns aos outros, próximo aos filhos. Cuidar para não fazer comentários capciosos ou irônicos sobre o ex-cônjuge (quando pai/mãe criticam os respectivos pai ou mãe de seus filhos). E filho só tem um pai e só tem uma mãe. Muitas vezes, o lado mais frágil do processo de separação puxa os filhos para auto defesa e os coloca contra o cônjuge que se encontra em melhor estrutura emocional ou financeira. Porém, este jogo pode representar um grande risco para a parte que faz este jogo emocional, pois lá na frente a criança poderá identificar que é vítima destas chantagens e tende a romper a relação ao perceber isso. Este quadro geralmente atinge mulheres vítimas de traição, que muitas vezes no processo de separação sentem-se lesadas, ou em casos de terem sido vítimas de violência do ex-marido, tentam cativar os filhos pela fragilidade delas. 4. Outro alerta que trago aqui é sobre os filhos que passam pela separação dos pais quando estão na adolescência. Como eles estão em uma fase de querer tirar proveito com os pais para facilitar suas contravenções, tendem a colocar os pais um contra o outro. Tentam tirar vantagem de um, se não conseguirem, recorrem ao outro e vice versa. Principalmente quando querem autorização para fazer coisas que geralmente o casal junto não deixaria fazer. Nesta condição, é o filho adolescente que vai provocar o conflito no processo de separação. 5. E para fechar, sabendo que são tantos os detalhes que ficam pendentes em um processo de separação, temos o alerta sobre quem é padrasto e madrasta. Geralmente quando os ex-cônjuges se vinculam a outros cônjuges, os filhos tendem a nomear de madrasta e padrasto os futuros cônjuges. Sempre brinco que não existe madrasta de mãe viva e nem padrasto de pai vivo. Estes conceitos são equivalentes para situações onde o pai ou a mãe tenham falecido, pois o padrasto ou madrasta na sua essência são os substitutos de pais e mãe. Nos casos de pais vivos, insistir ou autorizar chamar desta forma os cônjuges é manter uma simbologia muito forte de desejo da morte de um dos ex-cônjuges ou dos próprios pais. A confusão emocional é catastrófica, mas ela é pouco perceptível e os danos acontecem lentamente e a longo prazo. É como se estivessem incentivando o velório de um dos pais mesmo ele estando vivo. Neste caso, é melhor atribuir com clareza: O marido de minha mãe, ou a mulher de meu pai. Como vemos, a partir das dicas mais emergentes e necessárias, precisamos olhar para os filhos vítimas de uma separação com muito cuidado. Quando os pais separados observam alterações comportamentais dos filhos após a separação, é importante fazer um processo de avaliação psicológica. Tenho realizado muito destes processos e atualmente tem aumentado a procura por esta demanda. Isso é um bom sinal de que os pais atualmente quando passam pela separação estão procurando mais ajuda e suporte. Até para se separar indicamos que o casal busque um processo terapêutico para organizarem uma boa separação. |
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