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Educando filho respeitando etapas de amadurecimento

Publicado em 19/06/2019


No processo educacional dos filhos os pais precisam fazer uma pergunta, de fundamento existencial, que norteará toda a forma de educar.

O que espero do meu filho quando ele crescer?

Esta pergunta pode parecer muito distante da realidade quando os pais ainda se encontram com o filho no ventre materno, ou nos primeiros anos de vida da criança. Mas pode ser um elemento já muito próximo da realidade e da necessidade cotidiana quando o filho está terminando o ensino médio. E quem sabe, seja esta pergunta que vai nortear os questionamentos dos pais sobre o que deixou de ser feito, ou onde erraram, quando o filho, já adulto, ainda não encontrou um caminho próprio e vive na sombra da imagem dos pais.


Gerar um filho, por acaso ou por desejo, requer um projeto para o seu processo educacional. Assim, responder a esta pergunta inicial pode ser importante para se identificar, por parte dos pais, se a resposta está em torno das necessidades pessoais deles mesmos ou se está realmente em torno das necessidades do próprio filho. Quando, na resposta, os pais percebem que o filho é um objeto de controle pessoal, isto é, que ele seja apenas o que  querem que ele seja, e que seu futuro seja pautado na identidade única e exclusiva dos pais, sabemos que a chance de uma educação que gera autonomia é mínima, pois preferem que ele fique eternamente dependente. São exemplos de pais que educam o filho para si. Mas, se os pais, ao responderem a pergunta inicial, projetarem o filho com autonomia, visando que ele siga caminhos pessoais, independente do caminho seguido pelos pais, aí sim poderá acontecer  um processo educacional construído na perspectiva de que um dia o filho deixa de ser filho, pois será adulto e “dono” de suas escolhas e atos.

Se você me perguntar, na condição de Psicólogo, que há trinta anos atende crianças, adolescentes, jovens, pais e famílias, vou indicar que um bom caminho é educar na perspectiva da autonomia do filho. Mas sabemos que a escolha sobre a postura educacional é uma decisão dos pais. Mesmo que a Psicologia e os Psicólogos queiram conduzir os pais a focarem seus filhos na busca de autonomia, sabemos que não vamos conseguir mudar escolhas intrínsecas, pois é direito deles a forma de escolherem educar seus filhos.

Fases no processo de amadurecimento humano 

É importante lembrar que existe uma cronologia do processo de amadurecimento humano, que deverá ser respeitada para que , no desejo de ver o filho autônomo ou não, não atropelem etapas, exigindo do filho mais do que a sua maturidade possa elaborar. Neste sentido, é sempre bom lembrar as fases de evolução: 

Etapa Anômala: consiste na estrutura cognitiva, emocional e de socialização da criança até por volta dos seus sete anos de idade. Uma etapa na qual a criança espelha àqueles que são sua referência educacional, os adultos pais, parentes e educadores de instituições escolares, clubes esportivos e outras áreas. A criança segue espelhando. 

Etapa heterônoma:  a criança segue regras colocadas, sendo que, entre os sete e doze anos, ela segue quase ao pé da letra as regras estipuladas pelos pais e por outros agentes que exerçam alguma função educacional na vida da criança. Esta etapa continua e por isso é mais longa, pois há uma evolução entre aproximadamente os doze e os vinte e dois anos, onde o sujeito já começa a questionar as regras colocadas e inicia seu processo de construção da autonomia. Por isso que, depois dos doze anos, o movimento educacional precisa tomar novas formas e novos olhares, pois uma regra colocada deve ser participada, com a possibilidade de ser questionada, alterada e transformada. É como se o sujeito vivesse ensaiando ser adulto. Porém, prevalece a regra de base de quem detém o processo educacional nas suas diferentes instâncias.


Etapa Autônoma: consiste na capacidade do sujeito fazer suas escolhas pessoais e definir as regras que deve ou não deve seguir por si mesmo. Geralmente aos vinte e dois anos podemos observar maior maturidade do sujeito para assumir esta posição. Há hoje uma forte tendência de a entrada na etapa autônoma se dar acima dos vinte e seis anos devido ao suporte educacional e protecionista das famílias no desenrolar educacional. Também pelos direitos decorrentes de garantias às crianças e adolescentes, principalmente pelo direito a brincar e estudar. Sabemos que estas idades diferem conforme as realidades sócio/econômica/cultural que a família está inserida. Sabemos que em comunidades judaicas, no passado, a idade de assumir plenamente as escolhas pessoais e responsabilidades jurídicas, se dava a partir dos trinta anos. No Brasil, teoricamente, a autonomia se espera aos dezoito anos, onde supostamente o sujeito chegou à maioridade. Mas sabemos que esta é uma realidade apenas teórica, ou de lei morta.

É a partir da percepção destas etapas no desenvolvimento humano que os pais podem traçar um projeto de construção para o filho se tornar uma pessoa autônoma. Aqui, queremos apenas ressaltar que a educação  passa necessariamente pelo conhecimento e percepção destas etapas de construção da maturidade humana. Do contrário, os pais e educadores sempre antecipam etapas, queimam experiências e começam a se decepcionar com os resultados. É preciso sair da posição pessoal no processo de educação de um filho. É preciso ver aquele o qual educamos conforme sua realidade e sua subjetividade. Enfim, precisamos olhar para a singularidade de nossos filhos. É preciso sair de si e adentrar-se no outro.


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