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Psicologia do desenvolvimento infantil. Dos seis meses ao primeiro aniversário

Publicado em 11/03/2020

 
Até chegar aos seis meses, a criança desenvolve, segundo Freud, a libido objetal, que tem por finalidade a busca de objeto estritamente ligado às satisfações alimentares. Criança e mãe se fundem em uma única pessoa. Já a partir dos seis meses a criança desenvolve a busca pelo ego, isto é, da satisfação de si mesma. Ela entra em uma etapa oral secundária, pois já tem a percepção que ela e a mãe são seres diferenciados e, com esta nova posição, começa a perceber os sentimentos de amor e ódio decorrentes da sua necessidade de gratificação alimentar, porém já não depende única e exclusivamente do desejo dela, entra também as regras para amamentar colocadas pela mãe. Ao mesmo tempo, esta percepção de amor e ódio por parte da criança vai dar início a posição depressiva, que, segundo Melanie Klein, a criança entra em uma elaboração interna deste conflito dúbio entre amor e ódio. Aqui não se pode entender como posição depressiva o mesmo que depressão patológica, mas sim a capacidade da criança aprender a lidar com estes conflitos de sentimentos diferenciados e tão antagônicos.

Com a percepção do terceiro elemento na relação (os/as parcerias do cuidador), a criança inicia um processo de superação desta posição depressiva, pois há um terceiro que pode suplantar este conflito. Aqui, temos a formação do superego precoce, pois além deste terceiro, a criança começa a entender a existência do casal. Ela, a mãe e o pai são três pessoas distintas, mas que em determinado momento não estarão exclusivamente voltados para a criança, mas sim para a interação de casal, levando a criança à percepção de que este casal também ameaça a relação plena de amor para si mesma. Melanie Klein aponta já aqui o início do conflito edípico, que nasce a partir da diferenciação sexual, rompimentos de laços e ao mesmo tempo percepção de ambiente estruturado a partir da força unitiva do casal, que de alguma forma dão segurança à criança. Esta noção de superego acima está associada à formação de normas sociais, que podem delimitar os impulsos afetivos.

A criança começa a se revelar através do brincar 

Entre os sete e os oito meses, dentro desta dinâmica amorosa edípica, a criança externa seu entendimento deste processo por meio das brincadeiras com objetos que se encaixam, objetos pontiagudos e ocos que se encontram, os quais simulam o ato de penetrar e de ser penetrado. Nesta ação, a criança está revelando entender as diferenciações sexuais e suas funcionalidades. Também gosta muito de acariciar os genitais e de percebê-lo. Lembrando que é pelo brincar que a criança revela seu processo de aprendizado, e expressa este crescimento. É difícil para muitos adultos aceitarem estas relações entre o que a criança brinca e o que ela revela entender, pois, para muitos, este tipo de analogia é muito sexualizada, e, por este motivo, estudiosos refutaram a psicanálise como constructo teórico e técnico. Mas, se mesmo àqueles que possuem uma visão mais preconceituosa sobre estas percepções e interpretações da forma como a criança brinca como representativo de sua maneira de entender os processos de desenvolvimento emocional que está vivenciando, é muita coincidência que as brincadeiras que aguçam o interesse da criança têm total relação com as percepções sistematizadas do desenvolvimento da psicologia infantil pela psicanálise. O problema é que não podemos olhar para estas interpretações e observações com o mesmo olhar com que os adultos lidam com seus jogos sexuais, isto é, nesta fase de seis a 12 meses as demandas são psico-afetivas e de construção egóica, já no adulto as demandas de ordem genitais estão associadas ao erotismo, a sensualidade e a sedução.

A evolução dos 9 aos 12 meses de vida é assustadora e agradavelmente surpreendente

A partir dos 9 meses até os 12 meses, vamos observar uma evolução que, para muitos pais, é assustadora e agradavelmente surpreendente. Temos aqui a sua potencialidade motora que a coloca na condição de poder se locomover e com isto desenvolver sua autonomia. Falamos do engatinhar, do começar a andar escorando em objetos e sendo conduzidas pelos braços dos adultos. Esta mobilidade motora colabora para sua percepção de independência. Também, observamos a formação de símbolos mais definidos como a fala de palavras curtas, que entre o balbuciar e palavras diretas como mamãe, papai, vovó, gato, etc, nos revela que a criança já inicia seu processo de simbolização sistematizado, que antes vinha apenas na forma do brincar. E nesta etapa final do primeiro ano, a criança percebe que é capaz de produzir algo do qual ela tem domínio, que são as suas fezes. É dela, sai dela e ela tem poder sobre esta produção. Se observarmos com atenção, as crianças, ao defecarem na fralda, param e se concentram, como que estivessem plenamente curtindo aquele momento. Aqui, vemos o desenvolvimento do brincar com água, areia, terra. A qualquer situação que ela puder se lambuzar, melhor, inclusive quando está comendo. É a forma dela expressar o significado de sua potencia produtiva pelo cocô, que associado com sua capacidade de andar já projeta ela para novas etapas do desenvolvimento.

Após esta trajetória de 12 meses, e mais especificamente aqui, do sexto mês em diante, chega o dia do aniversário que vale muito a pena comemorar, pois afinal, os pais e familiares conseguiram se superar em muitos momentos de fragilidade da criança, e ao mesmo tempo acompanharam passo a passo as incríveis manifestações de crescimento do bebê. Comemoramos a conclusão da principal etapa do desenvolvimento psicológico na vida do ser humano que é o primeiro ano de vida. Comemoramos a etapa em que representa o alicerce da estrutura de vínculo emocional do ser humano e que norteará para o resto da vida as formas de vincular-se com o mundo e as pessoas.


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