Escola INCLUSIVAPublicado em 25/08/2015 Rastrear escolas com olhar inclusivo tem sido tarefa árdua nos últimos tempos. Principalmente pelo fato de haver um grande discurso de inclusão, com cursos e mais cursos aos professores, mas na prática a teoria muitas vezes é outra. O olhar inclusivo é fácil de ser realizado para casos de alunos que possuem uma deficiência visível, onde o olhar inclusivo alcança. São os casos de cadeirantes, deficientes visuais e auditivos, TDAH (Hiperatividade), Dislexia severa; Síndromes, etc. Mas os casos cuja dificuldade para o aprendizado não pode ser detectada a olho nu, cujo olhar inclusivo não alcança, sacrifica dezenas de alunos em uma instituição educacional. São aqueles que muitas vezes estarão em recuperação todos os anos letivos, amargando férias e mais férias estudando e finalizando anos e anos com a sensação de fracasso. Encaixa nestes tipos de alunos com problemas de aprendizado e que poucas escolas possuem olhar inclusivo: a) Epilepsia com episódio de ausência atípica - A criança e o adolescente entram em estado de ausência não percebida por quem está ao redor e leva o mesmo a não estar atento na sala de aula. Uma crise desta, dura algumas horas para fazer o cérebro recompor sua normalidade sináptica, levando alguns educadores à postura de descrédito ao aluno, do tipo: -“Este aí gosta de ficar no mundo da lua mesmo”, ou por parte dos alunos:- “Parece um retardado, de tão lento que é para pegar as coisas”. b) Transtorno de Déficit de Atenção pela Desatenção - Neste transtorno alguns alunos precisam até de monitoramento medicamentoso neurológico para poderem ter condições de se posicionarem em tarefas educacionais que requer tempo para executarem. Geralmente são quadros onde a escola estigmatiza o aluno dizendo que não estão nem aí com nada:- “Só querem sombra e água fresca”. c) Dislexia leve ou mediana - Os alunos portadores dela possuem dificuldades de interpretações de texto e disfunções na elaboração escrita. Confundem-se diante de muitos conteúdos e longos textos que precisam elaborar. Os ataques institucionais vêm estereotipados nas falas: “- Capricha nesta letra”; “Parece que quer fazer tudo rápido”; “É melhor usar caderno de caligrafia para aprender a escrever bonito”. Sabemos que a escola inclusiva tendo um olhar de 360° para todo tipo de inclusão, é um exercício que exige muita criatividade, mas além de tudo, muita humanidade. Com a exigência do mercado educacional onde as escolas são avaliadas pelo número de alunos que passam no vestibular, torna-se muito difícil manter um olhar inclusivo na prática. Associado a isto, sabemos que os alunos com disfunções educacionais tendem a criar mecanismos de desvios sociais como defesas aos ataques que lhes são atribuídos. As famílias ficam apavoradas, pois os pais tendem a trabalhar com a noção de que o filho bom é o que vai bem na escola, fazendo emergir a angústia pela educação perfeita e consequentemente um olhar nada inclusivo no seio da família. Entendo que entre a família e a escola quem deve estar mais preparado para um olhar educacional inclusivo deve ser a escola, pois nela temos professores, especialistas; pedagogos; psicólogos; e muita publicação científica que tem ressaltado a necessidade para incluir. Feliz das famílias que possuem filhos com problemas de aprendizado cuja escola está aberta para acolhê-los e ajudá-los no crescimento, estabelecendo para isto, contínuo processo de trocas escola/família e gerando intervenções positivas tendo em vista respostas favoráveis a longo prazo. Achar instituições educacionais com este olhar, pode ser semelhante a procura por uma “agulha no palheiro”, mas a orientação que dou aos pais, é que vale a pena “garimpar” escolas com este perfil, a angústia será imensamente menor. Ao longo do meu exercício profissional tenho conseguido monitorar processos com escolas que possuem crianças com problemas de aprendizado, obtendo excelentes resultados. Porém nenhum resultado é em curto prazo e todos os procedimentos acontecem com muita troca de saber entre família/escola/psicólogo. Enfatizamos aos pais que não existe fórmula mágica e que nós psicólogos somos agentes facilitadores do processo, e não gurus com respostas prontas. |
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