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Trinta anos de vida conjugal, jogando frescobol

Publicado em 18/01/2021


Dia 19 de janeiro de 1991 eu e minha esposa Maria Celina celebrávamos nosso Matrimônio com o celebrante Pe. Domênico Salvador na cidade de Assis-SP, comunidade de Vila Prudenciana às 10h da manhã. Escolhemos, na época, esta CEB’s (Comunidade Eclesial de Base) por termos vivenciado todo nosso noivado nesta cidade e especificamente por que gerenciávamos um Centro de Capacitação de Base (CECAB), com verba da Cáritas Italiana, na vila Prudenciana.


Neste mesmo dia eu me formaria logo à noite em Psicologia pela UNESP de Assis-SP. Durante todo meu curso de Psicologia em Assis, trabalhei nesta CEB’s de Prudenciana, onde havia uma forte associação de domésticas com mais de três mil filiadas e uma forte associação de cortadores de cana. Um espaço que me proporcionou muito engajamento social e entre 1990 e 1991 a Maria Celina vinha de Bauru-SP, com a experiência que adquirira na saúde pública de Bauru-SP, onde compunha a equipe do Sanitarista David Capristano, para compor a equipe de trabalho, do CECAB.


“Justiça, o novo nome da Paz”

Nosso lema do casamento foi “Justiça, o novo nome da Paz”. Um ritual que durou três horas entre traços Afro, Caboclo e Românico. Com este lema marcávamos nossa iniciação na vida conjugal com o Cristo dos pobres, Aquele que vem como voz dos oprimidos, como canta Maria, mãe de Cristo no Magnificat: “Derrubou os poderosos de seu trono e exultou os humildes...” (Lc 1,52). Assim, fomos conjugando nosso compromisso Cristão na perspectiva de uma “Evangélica opção preferencial pelos Pobres”, que ainda segue como diretriz geral da CNBB ( Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).


Lógico que em 30 anos passamos por diferentes experiências de espiritualidade, até por necessidade de nos adaptarmos às diferentes realidades que estávamos inseridos. Sabemos que a Igreja Católica tem seus referenciais, mas em cada cidade se adapta de forma diferente. E neste contexto fomos convivendo com diferentes realidades, mas sem perder de vista nosso objetivo inicial.


Hoje temos mais clareza de nossas escolhas dentro desta perspectiva da formação Cristã que gera ação de solidariedade. Estamos muito abertos às diferentes formas de se crer das diferentes realidades da população, com um olhar muito acolhedor para as práticas religiosas não apenas Católicas, dentro da perspectiva que Chiara Lubich nos indicou através do Movimento dos Focolares, de identificarmos o “fio de ouro” de cada religião, que é a prática do amor mútuo.


De lá para cá, o tempo passou voando, muita intensidade de vivência tanto nas CEB’s, por onde passamos, como na propagação do Método de Ovulação Billings para Planejamento Natural da Família, e também nas atuações em partido político, como na vivência familiar entre muitas famílias e grandes amigos que fomos preservando e conquistando ao longo dos anos.


De Assis partimos direto para Piraju-SP onde fomos contratados para ensinar o MOB (Método da Ovulação Billings) pela Paróquia de Piraju-SP, por iniciativa de Padre Roberto Bedusch ( Padres Xaverianos ), e por quatro anos residimos naquela linda cidade e conquistamos muitas famílias amigas que cultivamos até os dias de hoje, que se for citar nomes, poderia cometer injustiça por deixar alguém de fora. Depois de Piraju, fomos convidados a fazer a missão de transmitir o MOB na Diocese de São Mateus-ES pelo Pe. Domênico que nos casou. Pe. Domênico atuava na cidade de Pinheiros- ES ao norte do estado, e em 1995 chegamos em Pinheiro-ES, onde atuamos intensamente na cidade e em toda a Diocese. Saímos de um referencial de Paróquia e fomos para um espectro de Diocese, e na época era na Diocese que tinha a fama de ser uma das mais bem estruturadas em CEBs no Brasil, sob as orientações do Bispo Dom Aldo Gerna.


Em Pinheiros carregamos grandes amigos em nossos corações que temos fortes contatos até hoje também. De Pinheiros partimos, em 1997, para São Mateus-ES por escolha própria, lá gestamos o CEAFAM (Centro de Atendimento Familiar), que chegou a ser referência do MOB em todo o Brasil. Em 2016, 21 anos depois, partimos para a cidade de Vitória-ES onde residimos até hoje, e aqui atuamos também como voluntários em Coletivos Sociais periféricos e também participamos do Movimento dos Focolares que é hoje nossa referência de espiritualidade conjugal.


Os frutos da caminhada

Nesta trajetória, graças ao Método da Ovulação Billings (MOB), pudemos planejar nossos três filhos, Samuel Iauany, 28 anos, que foi gestado quando ainda estávamos em Piraju-SP, tendo por padrinhos de Batismo o casal Paulo Saara e Lucinha, hoje está terminando o Doutorado em Psicologia também pela mesma Universidade que me formei UNESP de Assis-SP; Davi Taynã, 23 anos, que foi gestado na cidade de Pinheiros-ES e tem como padrinhos de Batismo o casal Eudenes e Luiz Carlos, está no término do curso de Biologia Marinha pela UNESP de São Vicente-SP; Helder Manacô, 18 anos, gestado na cidade de São Mateus-ES, e seus padrinhos de Batismo é o casal Jamil Bachet e Marcia, atualmente está tentando entrar em um curso de Psicologia em alguma universidade pública.


Hoje podemos colher os frutos de nossa dedicação como pais, pelo motivo de sempre estarmos ligados às causas sociais tanto pelas CEB’s como pela ação política partidária. São jovens que possuem altas expectativas na vida profissional e ao mesmo tempo possuem um sentimento social de cidadania, são solidários e humanitários. Agregamos neste ultimo ano nossa primeira neta a Luna, que está com um ano e oito meses, filha de Samuel com a Gabriela, que hoje residem na cidade de Ribeirão Preto-SP.


Pois bem, você pode estar perguntando: belo processo de desenvolvimentos em projetos, famílias que conheceram e filhos gerados e de alguma forma estruturados, mas e o romance conjugal como está ao celebrar 30 anos?


Vai bem, obrigado, aliás, melhor do que quando começou. Chegamos aonde chegamos pela força do amor. Se não tivéssemos amor, com certeza as forças de uma sociedade de consumo e liquefeita como nos aponta o sociólogo Bauman, já teriamos nos separado.


A vida conjugal e o compromisso de cuidar de filhos e fazer família em uma subjetividade coletiva que dita que a família é algo ultrapassado, não é tão simples assim. Tanto é verdade, que durante a pandemia do COVID 19 houve um acréscimo absurdo de casais se separando. Mas chegamos até aqui, pela força do amor que nos uniu e que se intensificou ao longo dos anos. Se o amor é decorrência do conhecimento do outro, hoje posso afirmar que nosso amor um para com o outro está mais fortalecido. Conhecemo-nos mais um ao outro e estamos mais preparados para enfrentar novos e muitos outros desafios.


Jogando frescobol para simbolizar a vida

De fato, escrevo este artigo no domingo de 17 de janeiro, em nossas férias. Residimos a três quadras da praia de Camburi na cidade de Vitória-ES. Aos finais de tarde eu e Ina costumamos caminhar na praia e jogar frescobol, hoje mesmo jogamos quase uma hora, e observando o belo crepúsculo que se forma ao por do sol.


Sempre que iniciamos a partida do frescobol, chegamos até a ficar bravos um com o outro, pois erramos bastante. Mas com o passar do tempo de jogo, vamos construindo uma sequência prazerosa de acertos, ai vamos lembrando que o jogo do frescobol é uma parceria de duplas, onde a melhor dupla é aquela que faz o parceiro acertar mais. Daí, quando eu tento jogar a bola para a Ina acertar e ela assim o faz para eu acertar, erramos menos.


Como já nos parafraseou o Filósofo Rubem Alves, que jogar frescobol não é o mesmo que jogar tênis. No tênis um quer atacar o outro para acontecer o erro deste, já no frescobol, é ajudando o outro a acertar que vamos vencer. Jogando frescobol, estamos seguindo em frente.


Um esporte que aprendemos a jogar na praia linda de Guriri- São Mateus-ES, onde por toda nossa estada em São Mateus  criamos o hábito de jogar com frequência. E hoje, esta brincadeira é temática para caracterizar estes 30 anos de casamento: Somos resultado de um vínculo amoroso que se transformou em um amor sólido, e que aprendemos a jogar para o outro acertar e juntos vencermos na construção de família Cristã/Cidadã.


Sempre preconizamos em nosso casamento que o nosso amor seria na perspectiva de construirmos uma família aberta em vista da utopia pela construção da Civilização do Amor. Isto não nos deixa melhores ou piores que ninguém, mas nos faz solidários com todos e todas independente da crença, gênero, raça ou escolhas políticas. Porém, hoje somos seletos em estar mais próximos com todos e todas que lutam pela utopia da Civilização do Amor. Mas sem distanciar daqueles que perderam sonhos e utopias.


Obrigado a todos que nos ajudaram e nos ajudam a chegarmos aonde chegamos. Contamos com todos e todas para que os próximos 30 anos sejam de muitos trabalhos, sonhos, alegrias e tristezas, mas com a certeza que vamos contemplar ainda em vida a plena Paz entre todas as nações, e a eliminação plena da pobreza entre os povos, principalmente do terceiro mundo.


Vamos seguindo nesta labuta, no entanto sem perder a ternura.


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