Detox digitalPublicado em 13/03/2024 Aumenta o número de jovens buscando o detox digital. Esta constatação do pesquisador e psiquiatra Daniel Cavalcante (UNIFESP), publicada na Revista Britânica Dezed Studio, indica a incidência de sintomas que tais jovens começaram a sentir pelo uso intenso da tecnologia de informação nas suas mais variadas formas, como: estresse, ansiedade, disfunção do sono, isolamento social, entre outros.
Sendo assim, surgiu então uma busca pelo tal detox digital, o qual consiste em criar mecanismos mais radicais de controle do tempo de uso dos dispositivos digitais, tanto para contextos de trabalho quanto de descanso, lazer e outros. É um processo disciplinar que visa a desconexão constante mediante planejamento para atenuar a dependência. E, apesar de um processo fundamental para auxiliar no bem-estar físico e mental, vale algumas indicações:
Primeiramente, é importante reconhecer que o detox digital só pode funcionar efetivamente se tal opção nascer de uma escolha pessoal, por percepção de danos pessoais pelo uso excessivo dos dispositivos digitais ou pela consciência de não querer ser mais um na massa conectada, na constante onda online. Esta é uma realidade mais comum entre adultos, os quais são melhores equipados para conseguir fazer esta auto percepção.
Nos casos de pessoas já dependentes de tais dispositivos, cabe às pessoas próximas (geralmente familiares) constatar e indicar a necessidade de limites, visto que a auto percepção não acontece efetivamente nestes casos. Este quadro, o qual geralmente se dá entre crianças e adolescentes, recorrentemente é discutido pela margem da intervenção dos pais, os quais detém o poder educacional de estabelecer uma sistemática de limites e regras para auxiliar o dependente. Em ambos os casos, vale sempre prestar atenção à existência de tais sintomas em pessoas próximas.
Monitorar o tempo de uso e horários de entrada / saída é vital, assim como definir tempos curtos e espaçados por períodos. Isto porque toda ação extremamente radical neste campo terá um processo fracassado, e o detox se dá na constância e na perspectiva da pessoa em melhorar dos sintomas prejudiciais. Sendo assim, a organização e a disciplina nesse processo se mostram mais críticos que a intensidade em si. Desta maneira, manter um cronograma homogêneo de horas definidas e tempo de uso de dispositivos digitais no mesmo esquema dos dias da semana em que se está trabalhando também é fundamental, incluindo sábados, domingos e feriados.
Vale ressaltar que essa dica se dá tanto para adultos quanto crianças e adolescentes. E, no caso de adultos que trabalhem com TI ou de home office, é crucial fazer intervalos prolongados ao longo do dia (pelo menos trinta minutos), focando preferencialmente em atividades manuais. Ademais, existem uma séries de outras indicações para auxiliar no processo de detox digital, tais quais: Ocupar o tempo com leitura de livros físicos; Desenvolver atividades de lazer coletivo (como esportes); Exercitar o convívio coletivo, visto que o isolamento social tem se mostrado um dos maiores sintomas da dependência de dispositivos digitais e tal existência em grupo pode se mostrar altamente benéfica para o processo e para o indivíduo.
E para as crianças e adolescentes? Segue-se os mesmos critérios, com a diferença da necessidade de monitoramento e do comprometimento dos responsáveis tanto em desenvolver atividades em conjunto quanto também se propor ao detox digital. Do contrário, torna-se incoerente a imposição de regras e metas para as crianças e adolescentes sem que os adultos proponentes correspondam devidamente ao mesmo processo.
Hoje, observo cada vez mais a dependência digital em adultos que nas crianças e adolescentes. Uma constatação que indica que tais jovens não estão sendo cooptados misteriosamente pelo universo digital, mas replicando comportamento e patologia aprendidos com seus pais e responsáveis. |
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