Medo da morte dos filhosPublicado em 27/03/2024 Ressalto sempre que, para ser pai ou mãe, é necessário deixar de ser filho (ou filha), pois a condição de paternidade e maternidade requer uma mudança de status, representando uma passagem. Como a pessoa pode ser pai ou mãe se ainda vivencia necessidades filiais? Haverá confusão no campo das relações com os filhos, tendo implicações diretas no campo da maturidade e no ato de cuidar e educar, tão exigido na relação dos pais diante dos filhos. O processo educacional requer pais seguros e determinados. Um dos sintomas que pode revelar a dificuldade dos pais na educação dos filhos é o medo de que os mesmos venham a morrer. Este medo pode chegar a tal nível de neurose que faz com que os pais eduquem seus filhos com uma dependência de vínculo simbiótico, impedindo-os de se desenvolverem pelo plano da autonomia. Os pais amarram seus filhos neles e criam um sistema educacional extremamente persecutório, sempre vigilantes para que nada de ruim aconteça. Sendo assim, o perfil destes pais com medo da morte dos filhos acarreta medos derivados que implicam em inseguranças e fragilidades: De errar na educação; dos filhos extraviarem; do futuro que é incerto; de não conseguirem educar. O efeito dessa postura dos pais vai desenvolver possíveis variações de comportamentos nos filhos, como: filhos inseguros; filhos controladores dos pais e, com isso, abusadores desta insegurança dos mesmos. Além disso, há uma forte tendência de que tais filhos fiquem intrinsecamente dependentes dos pais, levando a perdas interpessoais, afetivas e até nas buscas profissionais. Porém, alguns filhos, quando se tornam adultos ou antes, acabam se rebelando contra os mesmos, levando a um rompimento de laços e distanciamento dos pais por não suportarem o controle dos mesmos. O que fazer diante desta problemática? Diante desta problemática, é importante notar que há caminhos para que os pais elaborem este medo dos filhos morrerem, e com isso, desenvolvam uma educação mais saudável. Sendo assim, encerro este texto citando apenas três dos mais simples: 1. Educar sabendo que os filhos não são uma propriedade; se os pais desejam filhos seguros, é necessário rever o medo de que eles morram enquanto parte duma visão egóica pois, assim, é possível transmitir a ideia da coragem em viver por meio do processo educacional. 2. Educar com firmeza e determinação, visto que esta solidez não dará margem para dubiedade na relação parental ou processos compensatórios que permitam aos filhos se beneficiar sobre o medo dos pais. 3. Por fim, reconhecer a finitude das coisas e aceitar o próprio medo da morte. A partir disso, aceitamos que viver é estar diariamente em contato com a morte. Afinal, para morrer, basta estar vivo. |
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