• 001 - ThinkingCreated with Sketch.
    O Psicólogo

  • O Consultório


  • Artigos

  • Vídeos


  • Notícias


  • Ócio Criativo


  • Contato



Educar crianças na alegria e com fantasia

Publicado em 03/04/2024

Crianças vivem em pleno processo de fantasia. Colocam os pés na realidade, mas divagam mais que pontuam realidades. Dois filmes que abordam este tema de maneira fantástica são “A História sem Fim” do diretor Wolfgang Peterson, e “A Vida é Bela” do diretor Roberto Benigni. O primeiro filme nos apresenta o limite entre a fantasia e a realidade no mundo duma criança que embarca numa verdadeira epopéia a partir de sua imaginação; o segundo, por sua vez, mostra a maestria imaginativa fantástica de um pai para não levar o filho a perceber a realidade hedionda do campo de concentração e a ameaça constante de serem mortos na qual se encontravam. Cito estes dois filmes pois ambos, por mais diferentes que sejam entre si, nos ajudam a entender o processo de imersão da criança no universo da fantasia.

Se fizermos uma analogia entre a felicidade nas crianças e adultos, traçando uma medida de intensidade, com certeza teríamos nas crianças uma intensidade maior que nos adultos. O motivo é exatamente pelo fato de que as crianças estão mais envoltas na fantasia do que na realidade. Mesmo em situações adversas, em que as crianças não estão inseridas em um ambiente que lhes permita uma vida na fantasia ou cuja realidade é de muita violência ou extrema pobreza, elas ainda estão fantasiando e vivenciando a realidade de forma mais feliz que os adultos ao seu redor. Por esta razão que crianças são tão vulneráveis a abusos em diferentes circunstâncias. Veja nas notícias da guerra na faixa de Gaza, neste ano de 2024, onde imagens mostram crianças brincando, mesmo em meio aos bombardeios e desmantelamento das cidades.

Uma criança feliz hoje e um adulto mais saudável no futuro 

A evolução para a vida adulta representa um corte nesta dinâmica da fantasia com a realidade. Onde o adulto pautará sua vida mais na realidade do que na fantasia, e, assim, a vida pode virar uma obrigatoriedade sem fim e, consequentemente, menos feliz. Porém, ao chegar na vida adulta, tendo vivenciado uma vida de criança livre e com liberdade para a imaginação fluir, o adulto poderá ter uma relação com a fantasia de criança na condição de transformá-la em sonhos, projetos e desejos de desejar. É notório percebermos que, adultos mais rígidos, menos sorridentes e que perceptivelmente se divertem menos geralmente tiveram pouca liberdade em vivenciar a fantasia em suas infâncias. Há um ditado popular evocativo que diz: “Quem amadurece muito cedo, apodrece mais cedo.”, assim como o clássico “Nossa! Esse aí não teve infância!”.

Para quem está envolvido com o cuidado de crianças - seja pais, professores, avós, babás ou monitores - cabe uma indicação que pode fazer verdadeiras transformações na vida de um futuro adulto: estar envolto com as crianças no estímulo de sua capacidade fantasiosa, deixando-as livres para brincar e se envolver com a diversão delas por meio duma participação ativa. Crianças que vivenciam esta liberdade se transformam em cidadãos adultos com maior capacidade de pontuar felicidade e, mesmo nas situações mais adversas que a realidade da vida adulta lhes colocar, terão sempre maiores recursos para acharem saídas criativas e com uma perspectiva mais leve. O problema surge quando aqueles que cuidam de crianças possuem um passado no qual não aprenderam a ser crianças, em que a liberdade do fantasiar foi suprimida ou tolhida, num duro processo de “infância roubada”.

Revisite a criança dentro de si! 

A partir desta reflexão, fica claro que, para se estar com crianças numa capacidade de cuidado e instrução, é preciso entrar no mundo delas. É preciso revisitar a criança que está dentro de si para poder brincar e, assim, levar o processo de aprendizado (tanto escolar como na família) de forma lúdica e ter ambientes de afeto (acolhida) repletos de muita dinâmica vivencial.

Hoje, antes de escrever este texto, estava em um restaurante e, na mesa ao lado, uma família reunida com uma única criança sentada para almoçar. Porém, apesar de estar imersa num jogo de celular (uma bela babá eletrônica), ao seu lado estava um senhor que também acompanhava o jogo, interagindo com ela durante todo aquele processo de lazer enquanto a criança sorria um sorriso satisfeito. Este adulto deve ter percebido que aquele celular estava fora de lugar, aprisionando a criança no seu brincar livre, e, assim, optou em interagir com ela dentro daquele contexto. Trago esta cena para lembrar que, mesmo com qualquer recurso terceirizado de cuidado, é possível, sim, elaborar fantasia infantil, desde que haja interação com a criança.


Compartilhe:

 




Visualizações: 937

Contato

Site seguro

https://abarcapsicologo.com.br/ https://abarcapsicologo.com.br/