A vivência da moral e ética para a saúde mental do coletivoPublicado em 20/09/2015 É provável que você já tenha ouvido alguém falar ou já tenha falado expressões como essas: “aquele cidadão não tem moral...” “aquele profissional atuou sem ética...”. Mas afinal, o que é moral e o que é ética ? “Moral e ética são conceitos habitualmente empregados como sinônimos, ambos referindo-se a um conjunto de regras e conduta consideradas como obrigatórias, tal sinonímia é perfeitamente aceitável: se temos dois vocábulos é porque herdamos um do latim (moral) e outro do grego (ética), duas culturas antigas que assim nomeavam o campo de reflexão sobre os 'costumes'...” (Yves de La Taille – 2006). Focalizando de forma didática simplificada, podemos configurar a moral como aquilo pertencente às regras estabelecidas em forma de leis ou incorporadas como costumes na sociedade através da história e cultura. Podemos delimitar a ética como a forma na qual nos relacionamos com as regras a partir dos vínculos estabelecidos com o coletivo de pessoas (sociedade). A moral é posta, e a ética é pensada, por isto que o limite entre a moral e ética é um fio condutor muitas vezes invisível ao olho nu, o que faz com que na prática nos percamos no que é o exercício da moral e no que é o exercício da ética. Perceba essa situação: A lei diz que um cidadão poderá dirigir um carro aos 18 anos se estiver portando a carteira de habilitação (moral), porém, quando um filho, aos 14 anos pede ao pai para ensiná-lo a dirigir em via não pública, este pai poderá fazê-lo como processo educativo por antecipação sem ferir a moral vigente para este quesito; poderá estabelecer com o filho um código de ética x ou y, isto é, dizer para o filho: “Vou te ensinar a dirigir, porém você só pegará o carro livremente quando estiver na idade e legalmente preparado para isto”. Porém, após o filho aprender a dirigir e diante de uma necessidade por sair de uma festa alcolizado, o pai pede ao filho que pegue a direção do carro até a residência da família. O filho questiona: “Mas pai, eu não tenho habilitação!”, e o pai argumenta: “Tudo bem meu filho, já é madrugada e a polícia não deve estar na rua”. Aqui temos a perda de moral deste pai, pois perde o referencial com a lei posta e também a quebra do acordo relacional estipulado com o filho na época em que o ensinava a dirigir, quebra da ética estabelecida. Ainda é possível ser moral e ético? Conseguir fazer-se colocar diante das regras pré-estabelecidas (moral) e ao mesmo tempo se situar na vivência destas regras (ética), é um fio condutor “quase impossível” de ser atingido. O único caminho para conseguirmos atingir a virtude de ser moral e ético, é termos a coragem de enxergarmos nossos hábitos, dilemas, deslizes, e nos colocarmos na condição de estar atentos, conversando em grupos sobre isto, estudando sobre o assunto. Quantos são os políticos na atual conjuntura brasileira, que tínhamos certeza que não cairiam em tentação por malas de dinheiro ou dentro de cuecas? Mas o poder e a aproximação com o produto final dos bens de consumo (o dinheiro) fez cair nas malhas da corrupção muita gente que imaginávamos que chegariam “aos céus sem nenhuma marca de imoralidade ou falta de ética”. Dizem que nos órgão públicos há corrupção ou que a corrupção é coisa de órgão público. Mas parece-me que se no órgão público existe corruptos é porque o órgão privado ofereceu dinheiro. É a velha noção de que a bandida é a prostituta, por ter tirado o senhor “fulano de tal” da sua santa vivência familiar, mas parece que se existe uma prostituta existe um prostituto. Assim como, se existe um corrupto existe um corruptor. O fio condutor para a vivência da moral e da ética é tão difícil de ser vivenciado que a sociedade transfere para alguns ícones sociais as culpas pelas quebras de moral e de ética. Tendemos a nomear nos políticos, policiais, prostitutas, traficantes, fiscais e outros, os desvios de conduta vivenciados cotidianamente pelo ser humano no coletivo. Assim uma moral que se restrinje à benefícios pessoais e uma ética que está focada aos interesses também pessoais, não tem sustentabilidade. Como não tem sustentabilidade uma sociedade cujo culto ao individualismo é a principal arma do marketing de consumo. |
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