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Conclave e a revisitação Católica

Publicado em 06/02/2025

O filme Conclave, grande concorrente ao Oscar de 2025 que está em exibição nas salas dos cinemas pelo Brasil, tem a direção de Edward Berger e faz uma adaptação do romance de Robert Harris, trazendo algumas demandas de reflexão para as perspectivas da Igreja Católica no planeta. Aqui, quero apenas pontuar algumas questões que emergiram após ter assistido ao filme. Assim, não trago uma reflexão sobre o filme em sua estrutura técnica, pois, de fato, não é minha área, apesar de amar a arte cinematográfica.


Tendo atuado muito ativamente na Igreja Católica, vindo a participar de representações internas em escala nacional e eventos tanto na América Latina quanto na Europa, ao assistir Conclave enquanto Cristão Leigo, saí com a ideia de que o diretor trouxe uma perspectiva de renovação para esta instituição que tem força e representatividade em todo o planeta e, no Brasil, com certeza é uma das instituições mais estruturadas e respeitadas no imaginário popular. Mesmo dentre os maiores críticos e opositores dos dogmas católicos, há um respeito na forma de se comunicar, inclusive as pontuações mais incisivas.


Um sopro de possibilidade de mudanças


Parece uma profecia, desta capacidade que a arte cinematográfica tem de antever o futuro. Pode não ter sido intenção da produção do filme algumas provocações, mas confesso que me agradou e acredito que tenha despertado nos praticantes do Catolicismo um sopro de possibilidade de mudanças, principalmente para quem sempre esteve na militância de grupos mais progressistas da Igreja Católica. Lógico que, para aqueles pertencentes à linha mais conservadora ou com tendências de extrema direita ideológica, o filme deve ter incomodado e muito.


Mas este é um dos dilemas que o filme traz, a disputa interna entre Cardeais de todo o mundo no processo de conclave para a eleição do novo Papa. Aquela cena antiga que víamos desde criança quando havia uma eleição para o novo Papa, da chaminé do Vaticano exalando a fumaça preta ou branca dizendo a situação da seleção do novo Papa. Eu mesmo vivenciei esta cena pelos telejornais após a morte do Papa Paulo VI e, depois da morte breve do Papa João Paulo I, depois na eleição do Papa Francisco. A praça de São Pedro, no Vaticano, cheia de fiéis esperando em oração para que o Espírito Santo soprasse para a nomeação do novo Papa e com ele novas perspectivas para a Igreja Católica no planeta.


Muitos Católicos ainda acreditam que, no Conclave, a eleição do novo Papa se dá de forma amistosa e que é o desejo de Deus que prevalece de fato, mas o filme traz a noção de que este processo é de muitos conflitos e jogos de interesses, onde cada grupo pensa conforme suas necessidades geopolíticas e tendências ideológicas. Disputas de poder a partir de estruturas econômicas e capacidades intelectuais. Conclave traz, dentro de uma ficção cinematográfica, a ideia de que o poder na Igreja é disputado milimetricamente, fazendo emergir contradições que, supostamente, um praticante religioso fervoroso dificilmente possa imaginar que exista.


Um Papa com a face de um Deus múltiplo pode ser uma representação mais próxima do Cristianismo.


No entanto, um elemento que muito me chamou a atenção foi o desfecho do processo eleitoral, dentre os muitos debates entre extremistas de direita e liberais e até com uma vertente socialista, surge enfim um Papa que aglutina a junção de muitas possibilidades, principalmente na questão de gênero. Fez-me lembrar de um trecho da música cantada por Pepeu Gomes e Baby Consuelo “...e Deus é menina e menino, sou masculino e feminino...”. Eis que surge um Papa com esta nova possibilidade.


De fato, se as principais religiões do planeta se abrissem para a eliminação das mensagens punitivas e repressivas, exaltando a livre relação humana a partir do princípio do amor mútuo, poderíamos ter novas perspectivas de mudança comportamental extremas entre os povos. Um Papa com a face de um Deus múltiplo pode ser uma representação mais próxima do Cristianismo na sua essência.


Vale a pena assistir ao filme.


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