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O legado dos pais na vida dos filhos

Publicado em 06/05/2025

É possível saber se a forma com que os pais estão educando seus filhos poderá representar um legado para toda a vida deles? Enquanto os pais estão em pleno processo educacional na condição dos filhos serem plenamente dependentes deles enquanto crianças e adolescentes, torna-se difícil medir se os filhos levarão alguma memória positiva dos pais, e destes saberem se estão construindo memória positiva nos filhos. Na adolescência, esta é uma realidade bem mais distante, pois emergem os conflitos existenciais dos adolescentes e consequente ataques dos mesmos por busca da autonomia, pois tudo de ruim que acontece a eles é culpa dos pais.


Pode ser que, já quando os filhos estiverem na vida adulta, conseguirão expressar aos pais algum legado que estão levando deles, manifestando ainda em vida estes sentimentos. Mas esta realidade, para muitos filhos adultos que ainda não vingaram na vida profissional e nem como pais, dificilmente será expressa por aqueles nestas condições, sobrando ainda a culpabilização por não terem conseguido chegar a algum lugar melhor na vida.


Quando o patrimônio não traduz afeto


Pensar o legado no campo financeiro é outro elemento que pode trazer pouca memória, a não ser que os pais tenham construído vasto patrimônio e o distribuído aos filhos ainda em vida, mas são poucos aqueles que conseguem realizar esta proeza. E patrimônio, dinheiro, muitas vezes está associado a muito trabalho e pouca presença afetiva. A aritmética “patrimônio = felicidade emocional”, geralmente não coaduna.


Pior é quando os pais estão em idade muito avançada, com sintomas de adoecimentos inerentes à velhice e com necessidade de muitos cuidados, num contexto em que comportamentos infantis e mesmo as neuroses não elaboradas ao longo da vida se manifestam. Aí, a memória deste período que exigiu muito dos filhos nos cuidados e na logística, será de um sofrimento proporcional ao tempo e ao esforço deste cuidado.


Como o ato de educar filhos não traz garantias de nada, e não podemos traçar um parâmetro do que qualifica os pais como melhores ou piores, a conclusão mais realista sobre a educação de filhos e seus legados é que nada é categoricamente certo e muito menos garantido. Felizes os pais que assim agirem no processo educacional, pois se cobrarão menos sobre possíveis fracassos dos filhos em suas trajetórias.


O que realmente permanece na alma dos filhos


Porém, ao pensar no campo da estrutura psíquica que os pais podem estabelecer diante de seus filhos, há algumas vivências que podemos entender que um filho levará para toda a sua vida. Cito aqui algumas:


1) Uma relação marcada pelo vínculo afetivo espontâneo, a memória do amor expresso em caráter recorrente, sentido no dia a dia;


2) As vivências de estar junto, fazer junto e ter participado ativamente do cotidiano e da vida dos filhos;


3) As regras colocadas e valores de fato exercitados na prática cotidiana. Verdades que os pais pregavam e vivenciavam. Pois a expressão maior do Amor é a prática da Verdade. Como já dizia uma das letras cantadas pela banda brasileira Titãs: “...meu pai pedia para eu não mentir, mas nunca me ensinou o que era a verdade...”.


4) O legado da Educação como instrumento libertador e de possibilidade de crescimento como cidadão, se os pais tiveram incentivo pleno e participação absoluta no processo educacional.


Podemos também pensar demandas que conduzem filhos a não levarem nada dos pais, como:


1) Religião, pois a fé/religião está no campo das escolhas pessoais, pior ainda se a religião foi imposta como norma rígida.


2) A educação bancária, do toma lá dá cá e com cobrança de juros, pois o dinheiro não registra rosto nem afeto. Educação movida a bonificações não faz laço afetivo;


3) Regras morais e valores apregoados cujo os pais não vivem na vida pessoal.


Sempre vivemos esta incessante busca em nossa história, e cairemos sempre neste sentimento de identificar quais os legados que levamos para a nossa vida em relação aos nossos pais. Este processo sempre se acentua quando nos colocamos em processo de psicoterapia, principalmente se for de base psicanalítica. Há um momento da análise no qual tudo parece estar relacionado aos pais, até que evoluímos para percepções de nossa própria construção, do que escolhemos ser para nós mesmos.


Aqueles que conseguiram, ao longo da vida, elaborar uma auto percepção de si e uma escolha pessoal na forma de viver a partir do rompimento de vínculo de dependência com os pais, enxergam com mais clareza os legados dos pais que levarão para a vida e os que não levarão. Sofrerá mais e se sentirá mais preso aos pais aqueles que ainda, mesmo adultos, não conseguem se separar em identidade e subjetividade de seus próprios pais. Por este motivo e para esta questão, um processo de psicoterapia se torna muito recomendado.


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