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Caso Isabella - Um alerta aos pais

Publicado em 11/04/2016

Os telejornais exploraram muito os telespectadores por causa do acontecimento chocante da menina que foi jogada pela janela de um quarto de apartamento, isso aconteceu a bons anos atrás mas até hoje ouvimos falar deste episódio. Notícias ruins é prato cheio para uma mídia comercial que sobrevive da publicidade sem critérios éticos. Uma publicidade que atinge principalmente pessoas abaladas no emocional. Assim, coisa chocante desestrutura e faz comprar. O ciclo do consumo segue em frente: TV - programação emotiva - publicidade - neuroses - consumo – TV... Olha eu aqui falando de TV novamente… Isto é tão poderoso, que os Senadores queriam aprovar a mudança do fuso horário no Brasil, por causa da classificação indicativa, onde as emissoras de TV passariam a  adequar a grade de programação nos horários conforme o público que poderá estar assistindo. O jogo de interesse sobre a programação televisiva faz com que o Congresso Nacional fique querendo interferir até no fuso horário. São os pais que ainda não perceberam nas mãos de quem estão entregando o pensar dos filhos, quando os deixam sem limites em TV e internet.


Mesmo este episódio  da menina Isabella, ser mais um instrumento do jogo de consumo, poderemos tirar dele alguma coisa, tentei achar algo e hoje pude associar a questão com uma cena na rua perto de minha residência e que me fez pensar em como nossas crianças são diariamente detonadas pela violência dos pais. Parece que a notícia da morte de Isabella, faz-nos enxergar inconscientemente nossos delitos educacionais para com nossos filhos. Incluo-me nisto também, porque tenho três filhos, e já me peguei transferindo para eles coisas mal resolvidas de mim mesmo. Isto tem sua normalidade, mas se não estivermos atentos, vigilantes, e protegidos de influências negativas da mídia sem ética, cometeremos delitos diante de nossos filhos sem percebermos de imediato. Quem sabe só depois, quando observar um roxo nas pernas do filho, um vergão preponderante no braço da menina, e quem sabe o velório do próprio filho. Mesmo que seja por acidente de carro pela autorização ao filho em dirigir sem carteira de motorista e embriagado. Não tenho dúvidas que muitos pais já desejaram jogar filhos da janela. Mas qual foi a cena que presenciei?
CENA - Um menino de aproximadamente 10 anos, ao estar chegando em sua casa, todo triste porque assistia ao jogo do Flamengo contra o Botafogo pelo campeonato carioca, e teve que amargar a derrota do Flamengo, depara-se com seu pai que estava muito bravo porque o menino não havia avisado onde estava. -”Sua mãe está desesperada em casa por não saber onde você estava”, fala em voz muito alta o pai. O menino rebate dizendo: - “Mas eu avisei a mamãe sim”. O pai como se estivesse diante de um adulto, gritava falando que era pura mentira e onde ele tinha aprendido a mentir. O menino era a cada momento ameaçado pelo pai que insistia que ao chegarem em casa ele iria apanhar muito. Logo em seguida passa um grupo de meninos amigos do garoto, o pai se aproveita da situação e começa a bater na cabeça do menino dizendo: “Já vou começar a bater desde já para que seus amigos vejam e você pague mico depois”. E o menino chorava. Naquele momento, tive a sensação de impotência, fiquei pensando que o menino poderia ter este comportamento de mentir, e ali o pai estava na gota d’água. Que aquele pai conhecia os motivos de estar expondo o filho àquela situação constrangedora, e ao mesmo tempo lembrava que em algumas ocasiões já fiquei bravo com meus filhos em ambiente público. Mas a cena se intensificava, e minhas considerações iniciais foram tomando proporção de angústia. Aquele pai estava de forma covarde, confrontando-se com uma pessoa que não tinha poder e força para se defender. Fiquei quietinho, entrei em casa e estou escrevendo este artigo. Só fiquei imaginando a tortura que esta criança iria passar com os pais logo mais. Diante da cena, fui impotente e omisso, pois poderia ter intervindo e protegido aquela criança.

A verdade é cruel, a grande maioria dos pais está agredindo seus filhos. A maior violência da sociedade está em segredo no interior das famílias. Nossa violência  pública é resultado. Quando uma mãe que ascendeu profissionalmente, tem que ficar o final de semana cuidando de filhos, e não vê a hora de chagar a segunda feira para encontrar-se com seu sucesso profissional, pois a convivência com os filhos a deixa angustiada e com a sensação de invalidez, ela está agredindo crianças direta e indiretamente.Quando um pai ao terminar seu serviço na empresa, faz de tudo para inventar o que fazer mais ainda, com a sensação de que se chegar em casa muito cedo poderá ter que brincar com seus filhos, ele está também agredindo crianças. Quando gerentes de RHs  acumulam serviços e mais serviços a executivos e lideranças da empresa, e até inventam viagens e mais viagens para estes executivos, estão colaborando para que muitos pais se distanciem de seus filhos. Empresas deste tipo é uma empresa que promove violência doméstica sim, pois escraviza seus funcionários. Pais que contratam babás para freqüentemente passarem noitadas festivas aos finais de semana, e no domingo estão exaustos e se quer conseguem ter tempo para os filhos estão sem dúvida alguma criando ambiente de violência doméstica. Deixar uma criança e um adolescente passar todo o final de semana preso em um computador, ou TV, sem se quer conseguir ver o céu, estão expondo aos filhos à trama emocional da mídia de consumo, e consequentemente são promotores de violência doméstica.

Ambientes de descaso e pouca presença afetiva para com crianças e adolescentes, gera situações traumáticas de correção, como a do pai que citei neste artigo. E haverá situações que no lugar de corrigir, se destrói. Quem sabe pode ter sido a situação do ambiente familiar do caso Isabella, por isto que as famílias ficam assustadas diante de fatos desta proporção e por isto mesmo que vira notícia fantasmagórica de telejornais. Pois muitos pais que já desejaram jogar filhos pela janela de seus apartamentos se identificam com a crueldade da cena e se desesperam.

É preciso estar atento a cada dia, para que na relação com os filhos prevaleça o amor, sem esquecer da escolha de ser pai e mãe. 



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