Provisão da criança na saúde e na doençaPublicado em 05/05/2016 Pense junto comigo nesta cena: Uma criança no dia do seu aniversário, ao acordar vê ao lado de sua cama um lindo pacote de presentes. Ao abri-lo detecta que seus pais a presentearam com aquilo que realmente ela imaginava querer ganhar. Vê neste ato o quanto seus pais são sensíveis a ela, observam e a nutrem nas suas necessidades. Estes pais estão atentos às necessidades do filho, da filha, com esta pequena atitude estão suprindo-os nas condições de saúde física e emocional, em que podem oferecer um brinquedo (condição social); cultuam a cultura (consciência do existir no mundo), provocam a espera (remontando a espera satisfatoriamente gratificada do ato de mamar na época de bebê) em tudo isso conseguem demonstrar que o filho é amado. A provisão é uma questão emocional mais que social Mas você pode pensar: Essa cena de presentear aquilo que a criança deseja não cabe a todos. E aqueles pais que não possuem condições para tal? Pensemos então em outra cena, no natal, quando muitas famílias presenteiam suas crianças com os presentes que elas desejam, podem desmonstrar tudo aquilo que vimos no segundo parágrafo do texto, mas em outras situações sociais onde as famílias não têm o mínimo a ser gerado para a sobrevivência dos filhos, o papai noel representará uma maldade cruel no imaginário tanto dos pais (que não poderão dar presentes) quanto da criança (que poderá associar a situação como falta de atenção dos pais). Mas, mesmo nestas condições, os pais podem demonstrar a sensibilidade de criarem uma forma de presentear o filho sem que tenham que necessariamente gastar financeiramente. É claro que aqui cabe uma longa reflexão sobre problemas sociais que influenciam muito na educação das crianças. Mas podemos afirmar que, tanto nas condições das famílias com estrutura social como as excluídas socialmente, a provisão terá sua condição estruturante na capacidade dos pais em serem presença afetiva adaptado à realidade social em que estão inseridos. Na família com estrutura social, o natal ou outras festas poderá ser o representativo de uma troca comercializada de presentes sem nenhuma conotação afetiva. Já na família sem estrutura social, os vínculos afetivos podem estar em um alto nível de integração que faz superar as necessidades estruturais da criança. A provisão é uma questão emocional mais que social. Ser presença afetiva ! Mas para o foco desta temática, o que nos interessa, é sabermos que cabe aos pais serem mãos de provisão às necessidades fisiológicas e afetivas do filho. Mãos que acalentam e direcionam o desenvolvimento da criança. Sabendo que no primeiro ano de vida cabe com mais intensidade esta tarefa à mãe, que poderá contar com a sensibilidade de seu esposo para ser contingência dela nas suas necessidades elementares, para supri-la e estar em condições de exercer a ‘maternagem’ com suficiente condição de integração humana. Como se o esposo (pai) reabastecesse a mãe (esposa). “Prover para a criança é por isso uma questão de prover o ambiente que facilite a saúde mental individual e o desenvolvimento emocional (...) Se saúde é maturidade, então imaturidade de qualquer espécie é saúde mental deficiente”. (Winnicott – 1962). A maturidade em foco, pode ser observável em cada etapa de desenvolvimento, conforme o que se espera destas etapas. É observável mesmo ao público mais leigo em psicologia, que uma criança de 8 anos com hábito de fazer xixi na cama todos os dias, está com um comportamento que reflete uma imaturidade para sua idade. Aqui temos um sintoma que pode representar um bom sinal aos pais de que há algo fora de lugar. E se estes pais estiverem também fora de lugar para enxergarem a necessidade deste filho, estarão provendo a criança na doença. Pois uma criança mesmo provida na saúde pode adoecer e se adoecer o processo de percepção da realidade dos pais será o mesmo, a atenção ‘suficientemente boa’, para que haja percepção dos fatores desencadeantes da doença e consequente acerto dos procedimentos cotidianos em vista de uma superação. É necessário que os pais sejam vivazes no manuseio cotidiano dos filhos e que consigam envolvê-los neste cotidiano. Não haverá necessidade de saberem tudo o que precisa fazer a cada dia e a cada ano, o mais importante é estar atentos e observarem as necessidades que emergem de cada dia, no momento certo. Os pais robotizados e padronizados na forma de educar (alguns seguem até manuais de condutas), tornam-se pouco provedores e transformam o processo educacional em condição desencadeante de imaturidades e doenças. Não é a toa que vemos emergir muitos adolescentes altamente dependentes de seus pais. Precisam até que os pais os informe sobre o que estudar e que hora estudar para escola, geralmente tendem a seguir processos educacionais sistematizados na forma de cartilhas educacionais e não adaptados às necessidades cotidianas, sentidas e interagidas com a criança. A criança precisa ser tratada como criança que é, e não como adulto que os pais tendem a projetar. Ser provisão no respeito da faixa etária em que a criança se encontra. Pois quando os pais querem do filho mais do que a idade dele pode dar, estarão revelando a insensibilidade e falta de percepção real do filho que educam. |
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