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Final do ano letivo e o desespero dos alunos que não aprenderam na escola

Publicado em 28/10/2016

Todo ano, entra ano e sai ano, a história se repete. Alunos que não conseguem atingir um bom índice educacional durante o ano letivo entram em desespero, os pais procuram ajuda e nas clínicas psicológicas aumenta o número de famílias solicitando o diagnóstico neuropsicológico. Isso acontece pois algumas famílias deixam para procurar ajuda quando o problema pode levar o aluno à repetência, mesmo a escola tendo solicitado a avaliação desde o início do ano letivo.

Dificilmente uma criança ou adolescente que chega à clínica com este “sufoco” educacional de final de ano, permanece em processo de tratamento no ano seguinte quando o diagnóstico apontar pela necessidade de uma intervenção sistematizada. Principalmente por que os pais muitas vezes querem a resolução do problema imediato. Querem um simples laudo para comprovar que o filho apresenta algum problema de aprendizado, para que a escola o aprove dentro dos critérios de educação inclusiva.

Esta demanda recebe muita força quando no município as famílias descobrem que há profissionais tanto da psicologia como da medicina que emitem laudos sem critérios. Hoje, vemos muitos alunos sendo diagnosticados com TDAH (Transtorno de déficit de atenção por hiperatividade) em uma consulta que durou menos que trinta minutos. Sabemos que um bom diagnóstico requer tempo, investigação interdisciplinar incluindo a troca de informações médica, psicológica, educacional e familiar. Mesmo hoje tendo estruturado um sistema de avaliação que perpassa aproximadamente oito sessões e mais consulta à escola, ainda tenho dificuldade de emitir parecer definitivo de um quadro. Principalmente por que a definição diagnóstica leva o aluno, família e escola a rotular o problema como se fosse fixo.

Se algo for realizado apenas para “tapar o sol com a peneira”, em breve o problema retorna para o mesmo lugar. E assim, ano após ano, o aluno não conseguirá evoluir no processo educacional. Este jeitinho brasileiro tem trazido consequências calamitosas também na ordem política e econômica. Mas enquanto a desordem é provocada pelo outro que é corrupto, não sentimos diretamente na pela a dor. Mas quando a questão diz respeito a um filho, à percepção do fracasso do sistema educacional e o limite do aluno, o resultado negativo chega cheio de estereótipos, angústias, agressividades e descompassos no núcleo familiar. No final das contas a bomba estoura para dentro da família.

A conjugação do fracasso que faz avolumar a busca desenfreada por laudos estereotipados para mera aprovação de alunos é a somatória da desqualificação do professor, que não é simplesmente culpa dele, mas sim do fracasso educacional brasileiro; da ignorância dos pais brasileiros que na sua maioria não são formados ou entendem muito pouco de educação e também de um inconsciente coletivo do “levar vantagem em tudo” que temos incorporado em nosso país desde sua colonização.

Prefiro não fazer este jogo, e só permanecer com aqueles que desejam uma intervenção ética sobre o sofrimento educacional de uma criança e adolescente. Não quero ser mais um que vai ajudar a aumentar a chama do fracasso educacional de crianças e adolescentes. Mesmo sabendo que com esta atitude, somos como um beija flor tentando ser cor em um céu nublado.


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