DNA da corrupção brasileira, atinge a juventudePublicado em 20/03/2017 Neste final de semana vivenciei duas experiências marcantes que fizeram com que eu pensasse na nossa cultura da corrupção, herdada desde o tempo da colonização portuguesa e que agora começamos a colher os frutos generalizados no espectro da sociedade. Presenciei cenas de jovens enriquecidos e empobrecidos no que tange a necessidade de levar vantagem em tudo. A primeira delas se deu em frente ao meu apartamento, onde acontecia uma festa em uma casa de classe A , residência particular. Eles começaram a chegar por volta das 13h do sábado. Chegavam em seus carros, com sons altos e copos nas mãos. Lá dentro o som estridente rolava solto e os vizinhos da casa, rodeada de condomínios, gritavam pelas janelas: “- Abaixem este som...”. Desci e fui verificar, pois não conseguia tirar o cochilo da tarde e também meu filho não conseguia ler. Deparei-me com os fiscais da prefeitura sobre o disque silêncio, mas o proprietário da casa recusava falar com eles. O som foi até madrugada adentro, em algum momento da madrugada eles devem ter saído e no domingo às 6h aqueles jovens chegaram bêbados novamente, com os sons dos carros em alto volume e gritando. A casa só silenciou por que os policiais apareceram e deram um ultimato ao proprietário. A segunda cena foi na hora que eu e minha esposa estávamos indo ao show do Roger Hodgson, nesta situação optamos por ir de ônibus coletivo, era por volta da 21:30h. No trajeto, a cada parada nos pontos, próximos de locais de concentração de jovens por algum evento ou concentração da moçada em bares ou avenidas, muito comum nas cidades aos sábados à noite, uma leva de jovens entravam no ônibus e pulavam a roleta, ou entravam pelas portas do fundo. Na cara dura, meninos e meninas. O coletivo que pegamos tinha destino a um bairro periférico da cidade e a moçada de camadas populares, na sua maioria alcoolizada, entrava sem pagar, gritando, debochando e “causando”. Duas cenas, de diferentes realidades sociais, da mesma faixa etária e com o mesmo comportamento corrupto. Entendendo a corrupção como o tomar posse do que é do outro. Na primeira cena, o som alto da casa de classe alta, a posse sobre os ouvidos alheios e a dominação do território sonoro daquela região. Faço o que quero da forma que quero, como se não houvesse o outro, apenas os iguais. já na segunda situação aqueles jovens tomavam posse do coletivo para o benefício próprio. O direito de usufruir do transporte como se fosse a casa deles, como se aquele transporte estivesse a serviço apenas deles e como se ao redor deles também não houvesse mais ninguém. Ao analisar as duas cenas, podemos entender que nosso histórico comportamento de corrupção incorporou de tal forma a cultura brasileira que podemos entender que este hábito está cravado em nosso inconsciente coletivo e transformou-se numa estrutura de DNA comportamental. E podemos ter a certeza de que este comportamento dificilmente vai mudar pois atingiu em cheio a juventude de diferentes realidades sociais. Assim também podemos observar que no meio político e nas principais instituições brasileiras, a corrupção é generalizada. Está em todas as camadas sociais e em todas as instituições. Olha aí a operação Lava Jato, onde se observa o envolvimento de grandes nomes da política de diferentes partidos, desde à direita até à esquerda. No show, o celebre vocalista da banda Supertramp, Roger, comunicava com a platéia de mais de 6 mil pessoas em inglês, que acima do que o Brasil está passando na política, esta pátria é muito linda e merece esperança. Chamava a todos a não se deixar levar pela desesperança. Aliás, o show começou exatamente no horário marcado. Coisa não muito comum nos espetáculos no Brasil. |
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