A MEDIDA DO AMOR NO MUNDO INFANTILPublicado em 13/04/2017 Até quanto de amor uma criança precisa para se desenvolver? A medida do amor dedicado aos pequenos é um amor sem medidas. Que está lá quando solicitado e quando não solicitado. Freud já nos orientou que a criança é insaciável na vivência do amor, na posição de sempre querer receber mais e mais. Winnicotti nos fala da experiência em ser saciado, quando explica que a criança suporta até uma sequência de três solicitações de atenção sem ser atendidas para ser saciada na sua necessidade. A partir da terceira solicitação, se não recebe a atenção desejada, começa o fator ansiedade da ausência. É como a cena da mãe que encontra o filho em prantos porque foi-lhe tirado a chupeta, numa tentativa de fazer com que a criança abandone a chupeta. Para superar a situação da perda que gerou o conflito no filho, a mãe dá um carrinho de presente e diz: “ Agora você vai deixar a chupeta e vai ganhar este carrinho, e por isso não precisa chorar mais”. Tudo fica em paz naquele momento. A noite a criança com o carrinho na mão começa a chorar intensamente para ter a chupeta de volta, e esta atitude deixa a mãe apavorada e ao mesmo tempo muito irritada com o filho, decepcionada diz: “Nossa! Mas esse menino é muito egoísta, só quer as coisas do jeito dele!” e o menino de 2 anos olha para a mãe e continua se esgoelando querendo a chupeta. Esta necessidade de ser suprida, é inerente as crianças, principalmente na primeira infância, aproximadamente até os 7 anos será mais intensa. Tudo o que lhe oferece ainda é pouco. Ela necessita ser plenamente suprida, por isso faz birras, choros e gritos. Quando os pais ou adultos que rodeiam a existência da criança não sabem ligar com esse jeito delas, não entendem que faz parte do desenvolvimento dela, tentam amenizar os momentos de conflitos com objetos, presentes, fazendo da relação uma ação funcional. Assim instaura-se o processo da “criança manhosa ou mimada” que aprende no seu ato de rebelia uma forma para conquistar algo, vê a fragilidade dos adultos ao seu redor. Desta maneira, a criança sabe que em prantos vai ganhar tudo o que deseja. Ao contrário, quando os adultos entendem essa necessidade da criança em ser plenamente suprida, vai oferecer atenção, carinho, afeto e presença lúdica, vai brincar com a criança. É como se conseguissem despistar aquela necessidade imediata pelo amor expresso através da atenção, presença, braços, olhos e ouvidos, vai suplementar a necessidade afetiva daquele momento e assim, o pranto vai passar – naquele momento – quando os pais pensam que o pranto não vai mais voltar e que a criança já está satisfeita e já aprendeu esperar, terão novas surpresas, pois a cena vai se repetir em outro lugar, em outro momento. Novamente os adultos ao redor terão que atuar com muito amor. Vivencial e não compensatório. Na cena da chupeta em que citei a criança sendo suprida com afeto e presença amorosa, associada a uma boa invenção fantasiosa sobre a chupeta, tipo: “Joguei a chupeta no telhado, veio o pássaro grande e a levou embora.” Ela vai elaborar esta perda necessária. Os pais podem dizer o motivo da perda da chupeta mas ainda sofrerá por um período, fará novas manhas em relação ao desejo da chupeta, mas com a manutenção da ausência dela e presença amorosa dos pais, a criança vai se desapegar. Ai teremos o resultado de duas ações bem estabelecidas dos pais: A firmeza em não retornar a chupeta para o filho e a presença amorosa e lúdica dos pais no momento da angústia do desejo de se ter a chupeta de volta. Assim, a medida do amor sem medida dos pais substituirá a necessidade fisiológica do hábito de chupar a chupeta. Um dia quando a criança crescer, deixando a necessidade de só receber amor, terá aprendido a arte do amar, tendo sido bem amada, ai passará a oferecer o amor aos outros pequeninos que for conviver na sua história como adulto. O ciclo do amor continua, é a roda viva da vida. |
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