O vício da PornografiaPublicado em 09/05/2017 Este texto foi elaborado a partir da matéria de capa da revista Cidade Nova de abril de 2017 A pornografia sempre foi um traço de lazer em diferentes épocas e culturas. Nas décadas de 80 a 90 muitos cinemas do interior do Brasil sobreviviam das sessões de filmes pornográficos. Nas cidades grandes ou metrópoles, ainda se encontra teatro vivo de pornografia. É antiga a arte das revistas em quadrinhos sobre pornografia que em muitas regiões eram chamadas de “catecismo”. Em uma viagem ao Peru em 1992, tive a oportunidade de visitar o museu arqueológico da cidade de Lima – Peru e encontrei um período datado de 3 mil anos antes de Cristo onde os objetos de decoração feminina eram desenhados com cenas de sexo explícitos com diferentes posições e apelativos sexuais. Hoje a pornografia volta ao cenário, mas com uma forte conotação de dependência. Com a emergência da internet e os celulares de alta tecnologia o acesso à pornografia fica fácil. Tanto que o mercado cinematográfico do gênero está muito aquecido. A intensificação de acesso e dependência aos filmes pornográficos tem levado pesquisadores a desenvolver sistemáticas pesquisas como é o caso do neurocientista americano Gary Wilson, Valérie Voon, da Inglaterra ; Simone Kuehn e Juergen Gallinat da Alemanha dentre outros que já publicaram trabalhos sobre a dependência pornográfica. Um dos fatores estudados, é o processo que desencadeia o vício, em que quanto mais se consome menos se é satisfeito ocorrendo a dessensibilizarão do circuito da recompensa do cérebro, assim ao assistir a pornografia o sujeito tende a buscar cenas cada vez mais picantes e inclusive começa buscar mecanismos compensatórios com identificações à cenas e filmes divergentes da condição original e chega até a situações mais bizarras como é o sexo com animais, objetos auto destrutivos e pedofilia. Abaixo, alguns sintomas de vício da pornografia:
Estes sintomas foram sistematizados pelo Ambulatório de impulso sexual excessivo do Instituto de Psiquiatria da USP – SP. Segundo o psiquiatra Marco Scanavino (USP) também há a compulsão e o hábito de correr perigo. O vício da pornografia atinge mais o público masculino, com maior índice entre a faixa etária de 40 anos, com boa escolaridade e renda familiar superior a média brasileira. Estes dados foram coletados de sujeitos que se inscrevem no programa ambulatorial da USP. Nestas pesquisas um outro fator que tem sido observado e merece notoriedade é a anorexia relacional (rejeição aos relacionamentos). Enfim, para além do prazer, a pornografia também pode gerar dependência. De fato, corremos o risco de nos tornarmos dependentes com hábitos que nos trazem prazer, e por isso é importante tomar cuidado e procurar ajuda. Hoje já podemos encontrar grupos anônimos para pessoas com alguma compulsão no campo sexual, como é o caso do DASA (Dependentes do Amor e Sexo Anônimos) . Porém há poucos núcleos destes no Brasil que seguem os 12 passos correlacionados com o AA, mas específico da dependência sexual. Podemos encontrar na internet o projeto “Vício em pornografia, como parar”. Que nasceu de um viciado na pornografia e que resolveu fazer um site anônimo em que as pessoas com o mesmo problema pudessem falar também de forma anônima. O site é: vicioempornografiacomoparar.com. Ainda veremos muita gente se afundando neste vício, pois no mundo masculino há uma forte cultura do fomento a virilidade e a força da masculinidade e isso está conduzindo o público masculino a se fixar na pornografia pois buscam nela uma projeção de desejo desta potência. Uma transferência nas imagens que ao contrario de potencial sexual tem trazido a impotência. |
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