O NATAL NOS LEMBRA NOVAMENTEPublicado em 19/12/2017 O Natal nos lembra novamente que Jesus nasceu há 2017 anos. Celebramos o seu aniversário e o nosso aniversário de cristãos. Uma lembrança que necessita ser vinculada a fé e a esperança. A fé em algo que não vemos, cuja história traz algumas possibilidades de que houve de fato um JESUS CRISTO, mas sabemos que muitos historiadores não conseguem aceitar que houve este episódio na história. Outros muitos defendem a história de Jesus Cristo como algo incontestável, principalmente com o resultado de muitas escavações arqueológicas e estudos de materiais escritos. Para nós cristãos, temos os relatos dos quatro evangelistas, que foram definidos como os textos oficiais do Evangelho por terem muita proximidade um com o outro e terem sido escritos por quatro pessoas diferentes, sendo três deles discípulos de Jesus: Mateus, Marcos e João. Mas é incrível como o Evangelho de Lucas é muito próximo dos outros três, mesmo Lucas não tendo conhecido Jesus Cristo, mas era contemporâneo a Ele, viveu no mesmo tempo e contexto de Jesus e foi narrando o Evangelho a partir do testemunho que ouvia dos pobres que atendia como médico e que viram a Jesus. Alguns deles que passaram por Lucas foram curados por Cristo. Neste olhar e sabendo que os estudiosos da Igreja são idôneos, podemos mais do que simplesmente crer pela fé, podemos crer pela ciência dos estudos históricos e teológicos. Os quatro evangelistas foram tão bem pesquisados que as igrejas evangélicas decorrentes da reforma protestante que neste ano de 2017 celebrou 500 anos, a partir da cisão de Martin Lutero, mantém os textos originais, uma ou outra seita neo contemporânea apenas omitem uma ou outra passagem, ou as reescrevem com outro linguajar. Já vi textos do Evangelho que omitiram a parte que se exalta Maria, mãe de Jesus, para não terem que reverenciar a mãe de Cristo. Colocado este breve argumento em torno da veracidade ou não do nascimento de Cristo, ainda precisamos perceber que o Natal só pode ser entendido dentro da perspectiva da fé e esperança já que é muito improvável que o dia do nascimento de Cristo naquela região de Belém tenha se dado em 25 de dezembro, pois neste período é inverno rigoroso e segundo a história relata, com o nascimento de Jesus Cristo, Herodes ordena o recenseamento para identificar e matar esta ameaça ao poder Romano que era o Cristo Jesus. Como fazer famílias saírem das suas casas e cidades para recensear seus recém nascidos em pleno inverno? Aqui temos a certeza que o dia 25 de dezembro foi introduzido no ano de 354 depois de Cristo para que houvesse a inculturação do Cristianismo em uma festa pagã, que cultuava o nascimento do sol invencível em homenagem ao deus persa, Mitra, que era muito popular em Roma. Esta festa levava o nome de “natalis salis invicti” e até hoje o natal de 354 para cá é celebrado nesta data e por isso que alguns poucos conseguem dar o significado cristão, mas a maioria dos povos ainda mantém a data como uma festa pagã. Na época pela chegada do inverno, e hoje pelo triunfo do capital na troca de presentes e do consumo. Não podemos deixar de reconhecer que o Natal é hoje uma festa mundial e que de alguma forma une as pessoas, independente da religião. Com os temas e motivos mais diversos, observo que a paz, o amor, o desejar o bem ao próximo, encontrar-se para festejar e agradecer, são os principais sentimentos e com isso o Natal é sempre bem vindo. Mas para que tenhamos a real percepção do Natal na perspectiva Cristã precisamos lembrar a historiografia de Jesus Cristo até seu nascimento. Jesus da estirpe de Davi, e antes de Davi um povo que caminhou no deserto libertando-se da escravidão dos egípcios. Este povo Judeu que teve como primeiro líder Moisés, uma história de altos e baixos, guerras e mais guerras, acertos e erros. De Davi até Jesus também um longo caminho. Até que em uma comunidade pobre, aos arredores do Império Romano, os excluídos até mesmo pelos próprios Judeus mais afeiçoados ao Romanos para manutenção de privilégios. Um “bando” de pobres andarilhos e operários. Como Deus nasce em uma vila de empobrecidos? Dom Pedro Casaldáliga já nos lembrou que na manjedoura Deus se fez pessoa, e na carpintaria Deus se fez classe, classe operária. Assim, lembrando o que já nos ensinou Papa Bento XVI no seu livro Jesus de Nazaré - Vol. I, que a história da salvação foi vivida em uma época e em um contexto. É uma história real. Aquele tão esperado pelos Judeus , tão cultuado como o “Deus desconhecido” pelos Gregos (estes não tinham nenhuma relação com a história e religião dos Judeus), tão temido pelos Romanos pois podia representar uma forte ameaça ao poderio romano na época, pelo surgimento de um novo rei! De repente nasce Jesus em um curral de vacas, porque era tido como família de andarilhos. Você em sua casa ou apartamento daria abrigo a uma família moradora de rua, ou uma família de andarilhos mal vestidos, empoeirados e de traços rústicos? Porque então o Deus da vida após um longo caminho de história do seu povo eleito, nasce como pessoa em um contexto de pobreza, entre pessoas sem voz, sem vez, sem nada? “E o verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1). Vem Jesus assim, pois assim Deus quis se fazer carne para nos lembrar que o motivo pelo qual Deus nos criou e nos potencializou de inteligência para “crescer e multiplicar” (Gênesis 28,3) era para que tivessemos o bem comum compartilhado. E para que a humanidade conjugue o bem comum na prática da justiça, e para que possamos aplainar os horizontes (Isaías 57,14) e veremos novo céu e nova terra para a construção de uma terra sem males. Para que todos sejam um, um só povo, um só pastor. Aqui saímos da dimensão da fé e entramos na dimensão da esperança. A esperança não de espera, mas de esperançar, de fazer acontecer. Pois a esperança é uma conjugação de agir. Agir em prol da paz, da unidade dos povos, da prática do amor mútuo. É este o novo mandamento deixado por Jesus Cristo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” (Marcos 12, 30-33). Aqui então chegamos na máxima do Natal em Cristo que é o amor. Como depois no lembrou São Paulo na sua primeira carta aos Coríntios (cap.13) “prevalece a fé, a esperança e o amor, mas o maior de todos é o amor”. Pela fé celebramos Jesus Cristo. Uma fé que nos leva a crer em algo que não vemos, mas sentimos. Pela esperança, construímos a saga do povo de Deus a caminho da promessa, da esperança de termos um só povo (unidos) e um só pastor (regidos pela essência do amor) para uma terra sem males onde corre leite e mel (promessa feita a Moisés em Êxodo). Mas é pelo amor que conseguiremos ver o Deus da vida face a face. É na prática do amor que conseguiremos nos encontrar com o menino Jesus. Mas o que é este amor, na ótica / ética cristã? É a capacidade de dar a vida pelo outro, o outro mais próximo na família, o outro próximo pela humanidade, o outro próximo pelo meio ambiente e por isso São Francisco de Assis enaltece os animais e as plantas, pois todos pertencemos a existência cósmica, pois todos os seres pertencem um ao outro neste universo. Como relata em Gênesis no sétimo dia da criação:"...e Deus viu que tudo era muito bom..."(Gênesis 1,31) Jesus Cristo na sua trajetória deixou-nos os critérios bem claros de como conseguiremos chegar ao reino dos céus, do que depende a nossa salvação. São propósitos simples mas extremamente complexos e de difícil aceitação. Mas ao lermos o "Sermão da Montanha" no Evangelho de Mateus, capítulo 5, versículos de 1 ao 11 e Mateus capítulo 25 quando Jesus fala do julgamento final, de como seremos julgados, podemos confirmar que a vontade de Deus para a humanidade desde a sua concepção e que tornou-se carne no Natal, é de fato a prática do bem comum, da justiça, do Amor. Com esta breve reflexão e trajetória para percepção do Natal Cristão, desejo a todos que me leêm neste site e que direta ou indiretamente estão lado a lado na construção da sociedade do amor ,um feliz aniversário de Jesus Cristo! Quando lerem ou ouvirem a palavra Natal lembrem que nela está contida o desejo do amor. Feliz Amor! |
|||
| |||
|
Visualizações: 1614
Autor: