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ALCOOLISMO ENTRE ADOLESCENTES, COM AGRAVANTE NAS MENINAS

Publicado em 07/06/2018

Segundo dados obtidos pelo IBGE referente a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE 2015), realizada entre alunos do 9° ano do ensino fundamental na faixa etária de 13 aos 15 anos, no estado do Espírito Santo 53,5% já experimentaram álcool, sendo que 55,3% no grupo das meninas e 51,7% no grupo dos meninos. Declaram que tiveram episódios de embriaguez 22,2% das meninas e 18,6% dos meninos. A pesquisa trás dados a nível nacional e específico por cada estado, em que se observa muita equivalência nos dados entre estes. 

Se no passado a iniciação a bebida alcoólica se dava com mais intensidade no grupo dos meninos, por terem maior liberdade de irem à festas,  resultado da postura machista da sociedade, em que os pais eram mais rígidos com as meninas, hoje este cenário mudou e agora quem sai na frente nesta disputa são as mulheres. 
 
Uma conquista de um legado machista, que pode colocá-las em uma posição de igualdade e empoderamento, mas que sem dúvida é uma conquista que não se tem muito o que comemorar. Principalmente por que o álcool no corpo feminino é bem mais lesivo do que no corpo masculino, devido a fisiologia feminina e o processo de desenvolvimento hormonal que nelas é bem mais complexo. Esta vitória das meninas ainda não chega a outras conquistas, como a equiparação salarial, igualdade na disputa por vagas de empregos e também nas questões de violência, nestes itens elas continuam sendo derrotadas por eles.

Independente da questão específica das meninas estarem ultrapassando os meninos no uso do álcool, podemos observar que no Espírito Santo o índice geral de adolescentes que tem acesso muito cedo ao álcool ultrapassa a casa dos 50%. Parece que já começamos a colher os frutos da publicidade intensiva de bebidas alcoólicas principalmente no campo esportivo, como acontece com força no futebol. Uma publicidade que colabora para que a bebida alcoólica, principalmente a cerveja, esteja no imaginário dos jovens como algo comum e até cultural.

Um adolescente quando inicia no hábito alcoólico tem 5 vezes mais chance de se tornar alcoólatra, comparado a uma pessoa que inicia o uso de bebida alcoólica após os 22 anos. Isso porque o processo fisiológico dos adolescentes encontra-se em plena mutação com o agravante da produção de hormônios sexuais com mais intensidade. Assim, o sangue pode assimilar o álcool como um elemento constitucional na fisiologia. Sabemos que a doença do alcoolismo é física e não emocional. Lógico que muitos iniciam no alcoolismo por fatores emocionais principalmente pela inibição, para favorecer a socialização e até para relaxar, mas esta via de entrada por questões emocionais vai estabelecer uma dependência fisiológica do álcool. Por este motivo, que o melhor tratamento ao alcoolismo é a abstinência alcoólica, pois o corpo da alcoólatra que tem contato com o álcool "pede mais álcool”, é o que os alcoólatras costumam dizer "sangue bom para o álcool".

Diante desta pesquisa, que ao meu ver é assustadora, podemos concluir que a proibição da venda de bebida alcoólica para menores de 18 anos garantida por lei federal, é mais uma lei morta. Temos a lei, mas não trabalhamos o elemento cultural coletivo do hábito de festejar com bebida alcoólica. Associado a isso, ainda temos a indústria da bebida alcoólica que tem livre expressão na publicidade principalmente no campo esportivo, além da publicidade de energéticos que indiretamente é uma bebida que geralmente se associa as bebidas destiladas, como Vodca e Whisky. Na adolescência toma-se o energético que na vida adulta, com as bebidas destiladas, dará “asas” à imaginação. 

Esta geração que vem por ai estará herdando a cultura do alcoolismo com mais intensidade do que no passado. Se o alcoolismo é um dos graves problemas na sociedade, pois um alcoólatra afeta outras 4 pessoas ao seu redor, teremos no futuro breve esta problemática se agravando ainda mais. Com a diferença das mulheres tendo mais agravante para a saúde pessoal por sua estrutura fisiológica. Aquilo que hoje é sinal de igualdade da mulher perante os homens e liberdade de expressão amanhã novamente será um elemento destrutivo a ela mesma. 

O estado por si só não vai fazer o que cada família pode fazer no seu espectro familiar e coletivo. Se em cada família houvesse melhor monitoramento de acesso à bebida alcoólica aos adolescentes e se os pais começarem a ter coragem de denunciar estabelecimentos comerciais, organizadores de festas e inclusive famílias que em festas particulares liberam a bebida alcoólica para menores, a lei ficará viva. Do contrário, a lei estará mais morta e bem sepultada.

Um outro movimento que os pais e escolas podem fazer avançar é do controle de publicidade aberta de bebida alcoólica. Assim, como aconteceu com o cigarro. Esta publicidade faz efeito lento, gradual e transitivo dentro de uma cultura que já tem em si mesma o hábito do alcoolismo, que inclusive é milenar na humanidade.


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