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Psicologia, uma paixão

Publicado em 26/08/2018


Celebrar o dia do Psicólogo para mim é sempre motivo de muita alegria e inspiração. Sou Psicólogo há 28 anos e comecei a atuar em intervenções clínicas e educacionais desde o terceiro ano da Universidade, assim, são mais de 31 anos em plena ação na Psicologia. Vivo a cada dia como se estivesse começando a minha carreira profissional. 

Normalmente observo um grande desgaste de profissionais ao longo do exercício profissional, principalmente de carreiras que exigem muita atividade física e prestação de serviços com rotinas de convivência com público intenso.  Mas convivendo com  muitos Psicólogos que estão no exercício profissional há anos, observo que na sua maioria estão animados e não estão desgastados. Sabemos que quando exercemos uma profissão na qual nos identificamos vocacionalmente com ela, o desgaste é bem menor ao longo dos anos. Aprendi a projetar-me na profissão, hoje tenho a sensação que estou apenas no início de carreira, e me vejo atuando fortemente para pelo menos mais 40 anos.

Para mim a Psicologia foi literalmente meu segundo casamento. No dia da minha formatura, pela manhã, casava no Matrimônio com a Maria Celina na capela da Comunidade Eclesial de Base da Vila Prudenciana na cidade de Assis-SP, cidade onde localiza o campus da UNESP onde estudei. A noite recebia o título de Psicólogo. Um dia intenso de janeiro, e a certeza de um longo caminho pela frente, para a construção de uma carreira bem sucedida, que assim está sendo e na vivência de um Matrimônio feliz, que também está acontecendo. Mas estas duas paixões, Psicologia e Maria Celina, caminharam juntas desde a época do cursinho pré-vestibular na cidade de Ribeirão Preto-SP. 

Conheci a Maria Celina antes mesmo de ter a certeza de cursar a Psicologia. Antes queria Agronomia por ter sido técnico agrícola por mais de 3 anos e pensava em dar continuidade nesta área agrícola, até que um dia tive a coragem de escolher a Psicologia por já ler muita coisa a respeito da profissão na época e ter o hábito de ouvir as pessoas e os amigos nos seus problemas mais pessoais. Um dia, nesta época, alguém me falou que Psicologia tinha muita relação com a Agronomia por que a vida humana é como árvore que precisa de poda para florescer, como é a alma humana. A Maria Celina veio primeiro, e foi exatamente assistindo ao filme “Balada de Narayama” do diretor Shohei Imamura, no cine Anglo da Praça Sete em Ribeirão Preto-SP. 

Já estava no meio do ano do pré vestibular e justamente neste ano o Renato Russo lançara a musica “Eduardo e Mônica”, ele fazia cursinho e ela estava se formando em medicina, assim como eu e Maria Celina, ela se formando em Enfermagem e eu cursando pré-vestibular. Posso afirmar que me casei com duas “meigas senhoritas” (Zé Geraldo).

Mas o que tem a ver esta minha conversa com a Psicologia como Ciência e Profissão? Que papo mais desconectado este! Verdade, também acho. Mas falar de uma profissão sem contextualizar na emoção histórica é o mesmo que viver mais um dia só por que abrimos os olhos. O valor do que nos propomos a fazer tem significado e se faz significante na medida em que localizamos motivos para nossa existência e escolhas. 

Escolher sem paixão é correr o risco de cair na monotonia do dia a dia.  A Psicologia cresce em construção teórica (científica) e fortalecimento profissional graças a muitos loucos e apaixonados pela profissão Psicólogo. Muito desta busca e crescimento se dá pelo sistema organizacional da categoria que está instituída no Brasil pelo Conselho Federal de Psicologia e seus Conselhos Regionais, o meu é o CRP-16 ES, mas os seis primeiros anos de minha inscrição foi pelo CRP 06-SP. 

Neste processo de organização da profissão Psicólogo no Brasil, pude atuar por 8 anos consecutivos como conselheiro efetivo no Espírito Santo, com orgulho digo que ajudei a construir o CRP-16. Na época éramos um pouco mais de 500 Psicólogos no estado e hoje já passamos a casa dos 6000. Neste processo conheci muitos psicólogos apaixonados pela Psicologia.

  Deste encantamento e paixão que nos organizamos para driblar as muitas mudanças da sociedade, e principalmente no que diz respeito ao crescimento do número de agentes atuando no campo da Psicologia, do emergente emocional ou da saúde emocional, sem que sejam profissionais graduados e devidamente registra no sistema do CRP. 

Tem uma “Psicaretaria” danada por ai, e também danosa. Neste país onde quem é legal não tem tanto valor, fazer valer quem está legal é uma luta de foice, facão e martelos. Ao longo de minha carreira profissional vi emergir as múltiplas formas de concorrência quase que desleal com a Psicologia. No início comecei a me  deparar  com os psicopedagogos sem formação específica da Psicologia, depois os gurus de PNLs e mais recente os coaching, cada um procurando um lugar ao sol e um nicho de mercado. 

Também vemos outro espectro de concorrência que se alastra absurdamente, que são os psicanalistas sem graduação em Psicologia e que se quer estão vinculados a uma graduação que seja pelo menos das ciências humanas. Fiquei assustado quando fui assistir a uma aula em uma destas tais escolas de  psicanálise na cidade de Vitória-ES e lá vi  muitas  pessoas que se quer tinham terceiro grau e estavam aprendendo a psicanálise para abrirem clínica.  Sei que muitas pessoas querem estar no mercado paralelo na disputa com a Psicologia e os profissionais Psicólogos, e sei que muitos o fazem de forma até ingênua, sem a segunda intenção corruptível, aliás, tenho vários amigos que entraram nesta disputa. Sei que a busca por ajuda em situações de crises faz com que a população muitas vezes se sujeite a qualquer um sem critérios. 

Sei também que em uma nação falida nas suas estruturas institucionais de forma generalizada nos três poderes públicos, e com uma democracia ameaçada, ter garantias de profissionais devidamente registrados no campo da Psicologia, é quase que uma quimera. Mas tenho clareza que esta é uma questão que devemos enfrentar na Psicologia, de fazer valer a profissão Psicólogo com status de ciência e profissão regulamentada e irmos além disso, de ajudarmos a população e as instituições públicas e privadas na estruturação de mecanismos de controle para o exercício legal das profissões, principalmente as que oferecem serviços na área da saúde educação e assistência social.

E neste dia 27 de agosto, vou enamorando com a profissão Psicólogo, tendo o “gozo eclâmptico” (Xangai) na interação da intermediação do diálogo de inconsciente para inconsciente tão gratificante na prática da Psicologia clínica através da teoria psicanalítica  na qual me referencio e também pela ajuda em processos institucionais entre escolas, equipamentos de saúde, grupos religiosos e empresas, onde pela profissão Psicólogo posso transitar.

A todos e todas Psicólogos deste país chamado Brasil, muita força, coragem e confiança. Temos muito  que oferecer com nosso exercício legal desta linda e encantadora profissão nas suas diferentes especialidades. Somos um profissional do devir desejante do coletivo, que passa por cada indivíduo. Podemos sim ajudar na contínua construção por um país democrático, livre de preconceitos e plenamente plural. Sabemos que somos profissionais que não vendemos ilusões, mas enaltecemos os sonhos.
   



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