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A vida não Vale. A produção é que Vale!

Publicado em 08/02/2019


Nesta semana, após o episódio criminoso de Brumadinho-MG, ouvi uma matéria jornalística pela rádio CBN em que pequenos proprietários rurais reunidos com representantes da Vale daquela região, reivindicavam reparos financeiros decorrente das inúmeras perdas causadas pelas lamas que invadiram as propriedades. Estes pequenos proprietários rurais tiveram que ouvir em forte e bom tom, que a Vale não tinha como avaliar a realidade daquelas queixas de prejuízos, como se estivesse dizendo que há um exagero nas reivindicações, assim também, passando a ideia de que os agricultores estão querendo tirar proveito da situação. A atitude gerou um clima de muita revolta na reunião contra a Vale.

Hoje, 08 de fevereiro de 2019, o Jornal A Gazeta que circula no Estado do Espírito Santo trás a matéria de capa:  “Poluição em Vitória – Prefeitura interdita parte da produção da Vale em Tubarão”. Esta matéria revela que a prefeitura aplicou dois autos de infração contra a Vale, um de quase 35 milhões de reais e outro de 310 mil, além de interditar parte das operações no complexo de Tubarão em Vitória-ES. Na mesma matéria a prefeitura diz que as multas vão se avolumando sem que haja por parte da Vale uma busca de resolução dos fatores que estão provocando a poluição do mar e o pó preto. Mas novamente a resposta da Vale vai na contramão dizendo que não estão poluindo, pelo contrario, afirmam estarem dentro dos parâmetros legais da lei. Tanto em Brumadinho como em Vitória a cena é a mesma, a Vale mantém a posição de que não errou e tenta jogar a opinião pública a favor dela pelo critério de que a produção não pode parar, pois vai acarretar perdas financeiras para os estados e até desemprego.

O cenário se repete em relação ao episódio de Mariana-MG, que desde 2015 muitas multas não foram pagas, o que é pior,  a opinião pública entrou no jogo da Vale. Ouço, inclusive, comentários do tipo “tem muita gente por ai que acaba querendo benefícios para ganhar dinheiro fácil da Vale e não precisar trabalhar”. Este tipo de comentário ouvi na cidade de Linhares-ES onde atendo em Psicologia Clínica duas vezes por semana. Linhares é um município que foi muito afetado pela tragédia também criminosa de Mariana-MG, principalmente pelos agricultores com propriedades à beira do Rio Doce e pelos muitos pescadores de Regência, distrito de Linhares-ES, onde o Rio Doce desemboca no mar.

Este poder da Vale, quase que "divino", só acontece no Brasil por que temos um sistema de organização pública e social totalmente desprovido de idoneidade. Uma economia frágil que não pode correr riscos de penalizar justamente empresas que geram impostos e empregos. Um país frágil, sócio/político/econômico, e com uma população sem estrutura educacional, com baixo senso crítico, só faz com que fiquemos numa “sinuca de bico”, sem saída. A saída é sempre a apontada pelo lado mais forte. O lado mais forte é a produção, o dinheiro, o emprego. O lado mais fraco são as pessoas, e a vida dentro de seu ecossistema.

Pelo andar da carruagem, tudo vai acabar em PIZZA. Até o próximo episódio catastrófico criminoso. E seguiremos dando “milhos aos pombos”, como já disse o poeta José Geraldo.

“Houve uma manhã e uma tarde...era o sétimo dia” (Gênesis)  


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