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A clínica psicológica para diferentes idades

Publicado em 01/08/2019


A Psicologia Clínica diz respeito à área de atuação do Psicólogo nos processos de tratamento psicológico em saúde nas suas diferentes referências, tendo como foco principal os processos psicoterapêuticos, os psicodiagnósticos e também a avaliação psicológica.

O Psicólogo não precisa restringir sua área de atuação! 

Porém, criou-se um mito de que, no atendimento clínico, o psicólogo precisava delimitar sua demanda de atuação por faixas etárias, por exemplo: se atender criança, sempre atenderá criança. Esta concepção era quase um vício na própria graduação. Com minha inserção no mercado de trabalho, onde, ao longo dos meus trinta anos de exercício profissional, sempre trabalhei como autônomo, nas áreas da clínica, educação e depois mais tarde na área organizacional, e associado à minha trajetória de sempre ter clínicas em cidades do interior de porte médio e pequeno, fui observando que a atuação específica por faixa etária é inviável para a sobrevivência de um profissional de psicologia. Como já tinha a perspectiva de atuar no interior desde minha graduação, que se deu entre 1985 e 1990 na Unesp de Assis-SP, na própria graduação diversifiquei minhas buscas de conhecimento e estagiei em atendimento clínico com crianças, adolescentes e adultos. Depois, com os aprofundamentos teóricos da Psicanálise e a entrada nos círculos de estudos a partir do psicanalista D.D. Winicott, fui sistematizando meus atendimentos com um leque amplo de idades. Em um mesmo dia passam pela minha clínica crianças, idosos, casais, famílias e, num piscar de olhos entra um adolescente, dos mais variados casos e humores. Sempre digo que tenho que estar com minha preparação física e atenção aguçada todos os dias, pois em uma hora estou sentado na poltrona a ouvir elaborações de adultos e logo em seguida já estou no chão da clínica observando e interagindo com o brincar de uma criança. E, em tempos de tecnologia da informação, acabo adentrando muito nos hábitos dos adolescentes que estão especialistas nas tecnologias. O bom desta diversidade é que sempre estou ativo e com um olhar de 360 graus sobre hábitos, costumes e necessidades de buscas das diferentes idades.

Uma clínica PLURAL! 

Esta diversidade nos atendimentos no início de carreira me deixava incomodado, exatamente por que era mais comum especializar-se, principalmente para os psicólogos que atendiam crianças. Mas nesta busca de resposta que respaldasse minha escolha plural, encontrei na clínica de Winnicot uma argumentação teórica e um respaldo técnico. Para Winnicott quem atende em análise um adulto deve saber analisar profundamente uma criança, pois aquilo que se analisa no adulto é a criança que está dentro dele. Desta forma, por que iria limitar minha clínica só atendendo adultos ou só atendendo crianças? Em ambas as situações o conhecimento tanto de uma faixa etária como de outra deve ser equivalente. Mas aí ficaria de fora o adolescente? Lógico que não, e para isso fui buscar o respaldo do Psiquiatra e Psicanalista Maurício Knobel, que era, na época, professor doutor da Unicamp em Campinas quando eu era supervisionando dele. Knobel traça a etapa da adolescência como um período de transitoriedade entre o ser criança e o ser adulto, no qual o sujeito navega nas características tanto de um como de outro e provoca em si uma efervescência emocional que se denominou como “psicopatologia normal da adolescência ”. Nesta perspectiva, os adolescentes sempre foram bem-vindos na minha clínica.

Atualmente tenho recebido uma quantidade maior de idosos que procuram na psicoterapia um ouvido que lhes dê atenção, pois muitos dos seus familiares não conseguem oferecer os ouvidos por falta de tempo e paciência. Nesta etapa de vida dos idosos, a clínica é uma síntese de todas as fases, e feliz o idoso que consegue se encontrar em um processo de psicoterapia. A diferença é que, com os idosos, aprendo mais do que ofereço algo. Um bom respaldo teórico que me impulsionou a abrir o espaço aos idosos é a posição do educador e psicanalista Rubem Alves, pela qual, com todo orgulho, pude ser amigo próximo. Já mais velho, Rubem Alves afirmava que o idoso não precisa lembrar-se de tudo, e muitos esquecimentos da história pessoal que as vezes são tratados como uma doença, nada mais são do que um mecanismo de defesa inconsciente de se esquecer o que, na lembrança, possa causar tristezas, raivas e angustias . Desta forma, a clínica com os idosos é um espaço para se dar ênfase a tudo que na vida valeu a pena, para que o preparo para a morte seja leve e feliz, além de potencializar o valor de uma vida vivida e uma sabedoria conquistada.

Versatilidade de atendimentos

Nesta versatilidade de atendimentos, conseguimos ver o ser humano como um todo sem cindi-lo em fases. Partes de uma existência que representam a expressão de um mesmo ser. Assim, a clínica psicológica para as diferentes idades, traz em si o diferencial de ser integracionista e ao mesmo tempo versátil para lidar com a magnífica subjetividade humana.


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