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A crise da masculinidade pode aumentar

Publicado em 08/11/2019


Tendo em vista a discussão que iniciei este mês no meu canal do Youtube (Abarca Psicólogo), a qual trata de problematizar a crise da masculinidade e a necessidade dos homens repensarem seus conceitos e posicionamentos, aproveito para abordar, neste texto, dois elementos que, dentro de alguns anos, no Brasil, darão mais força ainda para esta crise.

Fatores que fomentam a crise da masculinidade 

A matemática é simples, segundo dados do UNICEF no Brasil, o abandono do ensino fundamental chega a ser 64% a mais por parte dos meninos do que das meninas. Em 2018, o número de abandonos da escola foi de 912mil. Segundo Italo Dutra, Chefe de Educação da UNICEF no Brasil, “meninos tendem a manifestar mais cedo desinteresse na escola e ingressar mais de forma precária no mercado de trabalho”(Folha de São Paulo, 31/10/2019).

Outro dado que pode nos conduzir a pensar na futura intensificação da crise da masculinidade no futuro é que, no Brasil, profissionais que possuem nível superior de ensino tendem a ganhar 140% a mais do que os que tem apenas nível médio, segundo o IBGE.

Conjugando estes dois dados, podemos projetar um futuro onde as mulheres, que abandonam a escola muito menos que os homens, chegarão ao ensino superior em maior quantidade e, com isto, percebemos a chance de uma viragem de página dos dados que revelam que ainda hoje os homens ganham mais do que as mulheres nas mesmas funções. E quando o quantitativo de mulheres com nível superior educacional for muito discrepante a favor delas, e consequentemente os seus salários projetados 140% a mais pelo nível superior, com certeza começaremos a ouvir as lamúrias dos homens, até mesmo pela perda da virilidade. Pois é incrível como que um homem, que convive com uma mulher numa vida conjugal, tende a perder a estimulação sexual quando sua esposa passa a ganhar mais que ele.

Sintomas do medo de perder o poder já são sentidos

Esta crise da masculinidade só não foi totalmente escancarada ainda porque os homens permanecem com os salários mais altos, de um modo geral. Mas os sintomas de medo da perda de poder já são sentidos no aumento do feminicídio, o qual, a meu ver, tem muita relação com a inveja do homem pela ascensão da mulher. Inclusive já podemos ver alguns líderes religiosos, de congregações cristãs mais ortodoxas, desestimulando as mulheres a fazerem o nível superior para que se mantenham submissas aos seus esposos. Muito me espantam estas orientações em pleno século 21.

Há alguns anos estudiosos da educação já observam que, nos primeiros anos escolares, os meninos são os que apresentam maior índice de problemas de aprendizado, numa proporção de 4 a cada  5 crianças com estes sintomas. Como especialista em Psicologia Educacional e sempre atendendo na Clínica Psicológica, esta proporção de problemas entre meninos e meninas é de fato impressionante. Um dos argumentos que sempre alerto aos pais quando faço intervenções de formação na comunidade escolar é: historicamente os meninos aprenderam que não precisavam fazer muito esforço educacional, pois o futuro profissional já estava garantido. Assim, as mulheres acabaram se esforçando mais para conquistar espaço, e os homens ficaram deitados em berço esplêndido numa cultura machista. Hoje já se observa o quantitativo de mulheres conquistando concursos públicos em proporção bem maior que os homens, inclusive em cargos de altos salários. É uma questão de tempo até que o jogo vire. Eu gostaria de estar vivo para ver esta maravilhosa realidade acontecendo, pois observo nas empresas e instituições públicas que as profissionais mulheres tendem a ser mais focadas e terem maior fidelidade institucional do que os homens. Aliás, até o clima de respeito nos ambientes de trabalho é maior quando se tem um quantitativo equivalente de mulheres e homens trabalhando.

Por outro lado, observo um crescente número de homens em busca de psicoterapia. Na minha clínica, em 10 anos, posso dizer que passei de 9 mulheres para 1 homem em atendimento, para 7 mulheres para  3 homens em atendimento, e esta é uma realidade que tem acontecido entre muitos colegas psicólogos. Este processo deve mesmo ocorrer para que os homens comecem a repensarem sua existência e, quem sabe, melhorarem o posicionamento de parceria com as mulheres.


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