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Cuidando do sucesso educacional dos filhos

Publicado em 11/02/2020


Início de ano letivo é sempre a mesma “ladainha”, compra de material escolar, novas mochilas e altas expectativas para o ano educacional que se inicia. Escolas prometem de tudo no ramo educacional, desde as particulares, pela disputa na concorrência de quem tem melhores índices no ENEM, até as públicas, para dar publicidade aos administradores públicos de quem faz a melhor educação pública neste país. Contudo, é de conhecimento da maioria,  que as escolas seguem um mesmo currículo base monitorado pelo MEC. Apenas mudam algumas atividades que podem enriquecer o processo educacional, os quais dependem dos recursos financeiros que um equipamento educacional possui e do valor que se paga para estes recursos. 

Neste sentido, é melhor que os pais pensem estratégias próprias para não delegarem pura e simplesmente este sucesso à escola. Listei abaixo alguns pontos que julgo serem importantes nesse processo:

Pais participativos

Começar o ano educacional dos filhos com a postura de pais pouco participativos, que acreditam que a escola vai fazer tudo por eles, já é um indicativo de fracasso educacional. Neste item, quando os pais entendem que a escola faz muito pouco na construção educacional, até por que a maior parte do tempo os alunos passam na casa da família e ou fora da escola, a postura passa a ser de fazer-se presença cotidianamente sobre o processo de aprendizado dos filhos. Aqui cabe a postura de se interessar pelo que eles estão estudando, mas de forma concreta, e não simplesmente perguntando por perguntar, tipo: “E ai filho, foi boa a aula hoje?”, mas ao contrário: “Me conta ai as coisas que você aprendeu hoje na escola”. Cabe também olhar o material escolar, ler os conteúdos, se interagir plenamente.

Muitos pais confundem o ser participativo com o ser auditor. O auditor sempre fica na posição de fiscalização tentando pegar alguma coisa errada, o participativo entra no conteúdo, vibra com o aprendizado e estimula os filhos. Além disso, se envolve com a escola, participa das reuniões, se coloca a colaborar na melhoria do espaço, principalmente se a escola é pública e, no caso das particulares, isso só ocorre quando há uma política de colocar os pais na participação dos processos (poucas particulares são assim já que geralmente funcionam como empresas).

Mas para neste item específico, você pode me questionar: “Como vou fazer isto se trabalho o dia inteiro e só chego em casa a noite?”. Ou pais que trabalham em outro município e vão para a casa aos finais de semana, ou até mensalmente, geralmente usam estes argumentos do trabalho e das viagens para justificar a não participação. Hoje temos o recurso das redes sociais, dos smartphones, dos telefonemas com câmeras, enfim, mesmo distante é muito possível ser participativo. De todos os itens que viermos a citar sobre os caminhos para o sucesso educacional dos filhos, este da participação é o mais importante.

Projetar o futuro dos filhos

Aqui cabe a ideia de criar um ambiente desejante aos filhos para que estudem, isto é, pontuar que o futuro de um cidadão está no seu sonho. E o sonho de estudar, de um dia ter uma profissão, se for sonhado com alta expectativa na educação será um caminho com mais chance de sucesso. É preciso gerar uma demanda de cultivar os sonhos dos filhos. Pena que a maioria dos pais no Brasil não conquistou resultados profissionais através dos estudos, aliás, nas crises de gestão educacional e dos fracassos de empregabilidade por que passa o Brasil, aumentam os torcedores que encampam o discurso de que estudo não serve para nada. Mas sabemos que até para escolhas profissionais de serviços práticos, os cursos técnicos tem projetado muito mais os jovens ao mercado profissional. Assim, quando falo de estudo, não estou apenas falando de projeções aos cursos superiores. Porém, só consegue projetar altas expectativas no outro, quem vive projetando os sonhos em si mesmo, isto é, filhos de pais que sonham e labutam diariamente para conquistar seus sonhos, terão mais facilidade de embarcarem nos sonhos pelo viés da educação. E deixem os filhos sonharem. Mas “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Sonho que se sonha junto é realidade” (Bertold Brech), por este motivo, se faz necessário estar junto nos sonhos entrelaçados dos pais e dos filhos.

Criar rotinas favoráveis aos estudos

Participação e projeção de sonhos é fundamental, mas isto requer “Sangue, suor e lágrimas” (Urbano Medeiros). É preciso muito suor para os sonhos tornarem-se realidade. Para que seus filhos tenham sucesso educacional, a rotina com foco nos estudos é o grande desafio. Aqui vale a regra de que “para as grandes ideias dez por cento é inspiração e noventa por cento é transpiração.”. Aí cabem alguns pontos que precisam ser cuidados:

  1. Sono noturno equivalente à idade. Até 12 anos 10 h de sono noturno, adolescência 8 horas. Aluno que acorda as seis, deve dormir à 20/21h, adolescentes às 22h;
  2. Controle sistematizado do uso de equipamentos eletrônicos ( TV, vídeo game, smartphone, tablets e demais eletrônicos) até 2h de uso dentro das 24 horas, de zero à 12 anos; na adolescência até 3h de uso em 24h;
  3. Matéria dada na escola no dia, matéria estudada no mesmo dia;
  4. Definir tempo de estudo e monitorar pela produtividade do que foi estudado ou pela observação das tarefas realizadas. Lembrando que é papel do professor corrigir em sala de aula as tarefas pedidas, e não dos pais. Aos pais cabe acompanhar e ver o que foi feito. Evitar fazer junto com os filhos, monitorar e deixar eles mesmos fazerem;
  5. Direcionar os filhos a ler pelo menos 3 livros por mês fora o que a escola pede (e as escolas pedem muito pouco de leitura de livros). Quem lê livros aprende a ler o mundo;
  6. Fazer dos finais de semana algo inteligente, participativo, criativo, gastar energias. Interessante é que aos finais de semana e férias, os pais liberam os eletrônicos, e tudo o que a criança aprendeu na semana ela “vomita tudo nos conteúdos pré definidos dos eletrônicos. A indicação dos eletrônicos de 2h por dia, serve para os 365 dias do ano;
  7. Pais precisam estar sempre pesquisando, estudando, lendo livros. Pais com contínua sede de conhecimento projetam desejos de conhecimentos aos filhos. Cuidado com a “telejornalismania”, destes pais que assistem a sequência de todos os telejornais possíveis e acreditam que estão sendo informados e estão sendo exemplo aos filhos, ao contrário, estão estimulando os filhos à acomodação, pois os telejornais não informam, não trazem conteúdos inovadores e estão sujeitos a uma mesma agência de notícias. Todos repetem as mesmas informações.
  8. Participar com os filhos de atividades culturais, quem sabe até aprendendo alguma arte, esporte, etc. Pois sujeito com informação educacional sem imersão cultural torna-se robô tecnológico.
  9. Envolver  a família na vida da comunidade onde vivem , implicar os filhos nas necessidades do coletivo. Pois o processo educacional escolástico é grupal e participativo. Hoje temos movimentos de pais defendendo o processo educacional dentro de casa, porém, esta opção está na contramão do processo de aprendizado.
Você pode estar pensando: “Poxa, mas seguir estas instruções é muito difícil, ou quase impossível!” Mas é mesmo, pela minha experiência como Psicólogo Educacional e Clínico, e também como pai, posso dizer que poucos trilharam este processo de construção do sucesso educacional dos filhos. Não é a toa que nossos índices educacionais são ridículos para um país que se intitula desenvolvido, ou entre as principais economias do mundo. Fica mais fácil colocar a culpa nos governantes. Estes mesmos que colocamos lá.

Sucesso é consequência, fora isto é sorte. Confiar na sorte pode ser mais fácil, porém o resultado pode não ser o esperado. E esperar, na espera, é ver o bonde passar e esquecer-se de pegá-lo. Prefiro indicar caminhos para esperarmos de esperançar, fazendo acontecer.


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