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Adolescência adulta – 17 aos 22 anos

Publicado em 05/06/2020

Aos 17 anos, chegamos a uma fase em que o jovem está mais calmo. Passado todas as turbulências da pré-adolescência e da adolescência normal, as quais falei sobre nos artigos: A pré-adolescência de 12 a 13 anos e A adolescência normal de 14 a 16 anos, de  agora é tempo para construir relações de futuro. Geralmente, aos 17 anos o jovem esta no terceiro ano do ensino médio já pensando no que vai ser quando crescer. Falo isso a partir de um referencial de desejo, pois sabemos que 18% dos jovens conseguem chegar à universidade e apenas 5% terminam. Desta forma, quando faço a referência de que a adolescência adulta é pautada no período de pré-vestibular até o termino da universidade por volta dos 22 anos, estou falando de um lugar de desejo meu, ou daquilo que gostaríamos de ver acontecendo neste país. Porém, mesmo que o jovem tenha abandonado o sistema educacional, que é a maioria esmagadora deles, ainda podemos pensar a adolescência adulta como uma fase de afunilamento de buscas profissionais, ou por cursos técnicos ou por busca de emprego.

Novas perspectivas, novas conquistas!  

Quanto a questão da definição de querer ser independente, a estrutura emocional começa a desenvolver neles uma tranquilidade com relação às turbulências subjetivas de questionar tudo e a todos. Lógico que cresce o fenômeno da imaturidade, em que há muitos jovens que, por falta de perspectiva e de um ensino médio que os projetem para o amanhã, tendem ao apego de jogos eletrônicos e principalmente ao Smartphone, que acaba desenvolvendo um processo de dependência digital e provoca grande perda de maturidade. Pesquisas mostram que chegam a desenvolver uma perda de até cinco anos de maturidade. Assim, aos 17 anos, um sujeito pode pensar e agir com a cabeça de 12 anos; aos 22 tem a cabeça de 17 anos.  Outro aspecto de imaturidade percebemos pela falta de perspectiva profissional, pois estamos diante de uma nação que abandona sua juventude e que não prospecta desenvolvimento a longo prazo. O crescimento da economia é ridículo há vários anos consecutivos. Desta forma, diante destas duas perspectivas, aos 17 anos muitos jovens estão em casa dependentes dos pais, e sem muita interatividade com a sociedade, principalmente em tempos de redes sociais. E este fenômeno tem feito emergir o que chamamos de “adolescência tardia” ou “adultocente”, tema para nosso próximo texto.

Na adolescência adulta, por esta tendência de ser mais tranquila e os jovens quererem buscar novas conquistas, os familiares precisam entrar no apoio, incentivar nos estudos, na busca de emprego, colaborando para que façam cursos de profissionalização. Os pais que possuem negócios próprios que conseguem trazer os filhos para dentro do negócio, tendem a ganhar aliados e projetar longa vida para a empresa familiar. Porém, tenho visto que muitos pais por terem desenvolvido uma carreira profissional sofrida e às vezes sem muito sucesso, tendem a negar que os filhos escolham o caminho que escolheram, afastando os jovens deles e consequentemente dificultando a interação ativa neste início de carreira. Só vejo os filhos desejarem galgar a mesma carreira dos pais, neste país, em dois casos,, médico e político, as únicas que são quase certeza de boa remuneração. Deixando o sarcasmo de lado, continuemos.


Aqui, lembro de meu pai Manoel que era marmorista e dizia que não gostaria de ver seus filhos brigando com pedras como ele fez a vida toda. Mas teve um dia que quis entrar na firma dele, pois havia me formado como técnico agrícola na época e já estava trabalhando com os holandeses na Holambra, cooperativa de holandeses próximo da cidade de Campinas-SP,  mas via que poderia ajudar a firma de meu pai prosperar. Porém, tivemos uma briga cavalar e no final ele disse: “Você gosta de estudar, então vai para a universidade que eu te garanto até o final de seu curso, mas não encha meu saco e caia fora daqui”. Hoje agradeço este confronto que tive com meu pai, pois confrontar com o pai é sinônimo de crescimento nesta fase de vida, e agradecerei eternamente  a ele por ter me jogado no mundo do conhecimento a partir deste confronto. Assim, nesta idade, confrontar é também educar. Os pais precisam participar sim desta construção, mesmo que o jovem refute num primeiro momento por achar que já sabe tudo.

Fase de construção de uma carreira profissional

Esta idade de fato podemos caracterizá-la como a fase de construção de uma carreira profissional. E por isto os jovens tendem a se afastar dos pais e a criar mais independência, lógico que falo isto  sempre de um referencial idealizado Aqui que temos sérias dificuldades dos pais em entenderem este afastamento, pois representa que eles estão partindo para suas buscas pessoais. Mesmo os jovens que vão trabalhar na empresa da família, tendem a criar círculos de amizades e atividades bem afastados dos pais. Outro fator de risco aqui é o confronto entre as idéias e desejos dos jovens com as verdades solidificadas dos pais e seus hábitos consubstanciados. Um conflito que pode ser favorável na medida em que os adultos ao redor entenderem, acolherem e somarem com as novas idéias que emergem dos jovens nesta idade.

Para aqueles que conseguem partir para a universidade, um novo mundo, que pegará os jovens em uma aventura cheia de surpresas. A liberdade por estarem longe dos pais, pois os cursos superiores quase sempre ficam distantes das cidades das famílias dos jovens, o que muitas vezes é um empecilho na escolha por um curso superior, tendo até a pressão da família para que os jovens fiquem mais perto; Novos conhecimentos e novas amizades e novas culturas. Mas também para os jovens que precisam começar a trabalhar, e querem continuar os estudos, onde o dia não cabe dentro do desejo, porque saem de casa bem cedo e só retornam bem à noite, o que leva muitos jovens a abandonarem os estudos. E aqueles que só conseguirão trabalhar, surgem também às frustrações por que geralmente entram no mundo do trabalho por uma porta que não terá degrau de conquistas, pois o que ainda resta de empregabilidade neste país são serviços braçais. Aliás, esta é a realidade de quase 80% dos jovens brasileiros. Inclusive há pensamentos na política neo liberal que se a maioria tiver escola e educação sistematizada, vai faltar gente para colher café, cortar cana, etc, o que justifica 80% terem que partir para o trabalho braçal.


A adolescência adulta e os ecos das outras fases da vida 

Para a adolescência adulta chegar com força e desejo de crescimento,  foi preciso que passasse sem prejuízos por ações depreciativas ou estagnantes como: Drogas e conseqüente dependência, bebida alcoólica e consequente configuração de estrutura alcoólatra, paixão que bloqueou outros desejos pela vida; falta de estímulo familiar para a busca de novas conquistas; crises políticas que desfiguram a economia e o sentimento de pertença a uma nação; conflitos familiares que levam ao sentimento de solidão diante de um mundo cheio de temores, falta de estímulo a educação escolar, etc. Desta forma, podemos dizer que na adolescência adulta teremos de alguma forma os ecos das etapas anteriores bem desenvolvidas. E conforme for a entrada e permanência nesta etapa, o futuro terá melhor resultado ou não.

Ao escrever este texto, no dia anterior solicitei um serviço de um profissional, destes faz tudo dentro de casa, que, aliás, está em alta principalmente por que muitos não querem partir para profissões de serviços manuais, e esta pessoa me dizia que dos seus 16 anos até 25 anos tinha vivido uma vida muito doida, com muita bebida, droga e festas, além de pegar muitas meninas, mas que hoje estava sofrendo por que lhe estava faltando recursos de formação até para atuar nesta área de serviço manual. Porém, esta pessoa já estava com seus 40 anos e tendo que driblar as contas para manter a família, que hoje já tem três filhos. Ele falava num olhar de que, ao analisar o passado, viu que suas energias foram deslocadas para o prazer imediato, e até chegou a verbalizar que faltou mais controle e participação de seus pais na época certa. Eu disse para ele, mesmo que la atrás você acredita ter perdido tempo, você é um bom profissional, e ainda dá para se capacitar nas suas defasagens profissionais no presente.

Mas sabemos que as etapas de vida reservam sempre suas emergências conforme o desenvolvimento humano pede e os recursos que temos para desenvolver na idade adequada. Mesmo assim, somos dotados de tantos recursos como humanos, que podemos nos superar e estar sempre em busca ou em construção até o dia de nossa morte. Lógico que o melhor é dar apoio e incentivo para os jovens enquanto são jovens, o resultado será bem melhor, com menos esforços, e mais perspicácia e inteligência na ação profissional depois de adulto.


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