Transtorno de pânicoPublicado em 09/07/2020 Dando sequência a série de artigos sobre transtornos mentais (Transtornos mentais a partir do CID-10; Transtorno afetivo bipolar; Depressão – transtorno mental), que também estão na forma de vídeos pelo meu canal do Youtube Abarca Psicólogo, abordamos neste texto o Transtorno do Pânico, que no CID 10 está classificado como F 41. Muita gente nomina este transtorno de “síndrome do pânico”. Mas é importante ressaltar que, pelo CID 10, que é o código internacional de classificação de doenças no campo dos transtornos mentais, só denomina-se síndromes os quadros associados a alterações de estrutura fisiológica e de dependência de substâncias químicas. É importante fazermos esta distinção entre síndrome e transtorno, pois a síndrome remete a algo definitivo, e transtorno a algo passageiro, tratável a ponto de não mais existir. O Transtorno de Pânico está diretamente associado a quadros de ansiedade grave e tem um caráter imprevisível, “do nada” aparece o sintoma com força. Muitos casos são a evolução de uma Ansiedade Generalizada grave não tratada, mas ele também pode surgir sem mesmo a pessoa ter tido sintoma de ansiedade, o que é mais raro. Sintomas característicos do transtorno de pânico Para se caracterizar o diagnóstico de Transtorno de Pânico, é necessário ter os seguintes sintomas: 1. Início súbito de palpitação; 2. Dor no peito; 3. Sensação de choque; 4. Tontura; 5. Sentimento de irritabilidade que podem estar associados ao medo de morrer, perda de controle e até com o sentimento de que vai ficar louco. O sintoma dura poucos minutos e quando se manifesta a pessoa procura sair imediatamente de onde está. Ataca principalmente em situações em que a pessoa pensa que pode estar só e não terá alguém para socorrer e ou quando imagina que estando em público pode ter o sintoma e receia ser visto por todos. Só pode ser considerado diagnóstico de Transtorno de Pânico se não estiver associado a sintomas fóbicos, tipo: sujeito entra em sintoma de pânico devido a um cachorro que vê e tem medo de ser mordido, ou a uma situação de imaginar assombrações ou situações de roubo ou de altura, pois ai já entra para um quadro de Transtorno fóbico, pois é a partir de um medo específico. Como diagnosticar transtorno de pânico Para o diagnóstico deve ser considerado um sequência de episódios no intervalo de um mês. Pois todos nós passamos por momentos de pânico por alguma circunstância, e assim não podemos confundir ataque de pânico com transtorno de pânico. Além disso, ele sempre está associado com a ansiedade. De fato é um Transtorno que geralmente chega a situações comportamentais das mais “bizarras”, como um caso que atendi que o sujeito tinha deixado o carro na beira da estrada ligado à noite e foi andando em direção ao seu destino a pé, pois teve o sintoma por imaginar que sofreria um acidente se continuasse indo de carro. Geralmente é um Transtorno com um período de tratamento mais curto, porém torna-se mais longo se o paciente apresenta um quadro de ansiedade generalizada há anos, cujo Transtorno de Pânico é a gota que faltava do copo para transbordar. Não tendo um perfil de ansiedade generalizada e grave, tende a ser um processo focado, em que, com auxílio medicamentoso e psicoterapia, o paciente pode se organizar internamente para, quando apresentar tendência ao sintoma, conseguir se colocar diante da situação sabendo identificar o motivo pelo qual seu pensamento produz a fantasia que desencadeia o sintoma. Coloco aqui a fantasia criada, pois de fato, a maioria dos transtornos mentais é pura produção fantasiosa, que geralmente está representando algo. Por isso que a psicoterapia é importante ao tratamento. Se o processo melhora apenas com a medicação, com o passar do tempo, se o paciente desenvolve alguma fantasia que desencadeia o sintoma do Transtorno de Pânico, não saberá identificar os motivos de criar a fantasia e não conseguirá dialogar com o seu sintoma. Na minha experiência clínica, a grande maioria das pessoas que chegam para tratar este transtorno durante a infância dormiram muitos anos no quarto dos pais. E sabemos que questões mal trabalhadas na infância e hábitos criados por processos educacionais familiares, podem ser o cultivo de futuros transtornos emocionais na vida adulta. Quando uma criança quer ir para o quarto dos pais, geralmente diz que está com medo de algo, até vê pessoas e ou fantasmas, se os pais dão vazão a este tipo de fantasia infantil, que é natural, podem estar dificultando aquela criança em ter autonomia de estar sozinha na noite e acentua-se um comportamento de medo. Lógico que estas fantasias infantis são produzidas por muitas outras necessidades, que não cabe aqui apresentar. Você pode encontrar neste site vários artigos sobre a Psicologia do Desenvolvimento Infantil. Diante do exposto, espero ter colaborado para, pelo menos, você ter uma breve noção deste transtorno e possa colaborar com alguém que precise de uma orientação para um acompanhamento médico e psicológico. |
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