Desafios no cuidado aos idososPublicado em 25/06/2024 Na realidade atual, estamos em um país onde o envelhecimento é um fato social. Em 2022, o índice de cidadãos idosos no Brasil alcançou a casa dos quase 11% da população, com aumento de 57,4% relacionado aos índices de 2010, segundo o IBGE. Porém, a sociedade ocidental vê o idoso como alguém que chega na faixa da improdutividade e se torna um estorvo, visto que, na sociedade produtiva, apenas aquele que está produzindo tem valor.
Estamos longe de ver no idoso aquele que é o portador de sabedoria de seu povo, de sua ancestralidade e o porta-voz da história da sua comunidade, como ainda fazem os povos indígenas no Brasil. No Brasil, os idosos são apenas velhos. Esta é uma verdade que acaba sendo percebida no descaso dos órgãos públicos em relação a este grupo. Diante deste cenário, temos que entender alguns elementos necessários para o cuidado com os idosos:
1. Chega-se na vida idosa com muitos problemas físicos decorrentes desta mentalidade de que temos que focar na produtividade e na força motora durante a juventude. Ao chegar à vida idosa, este chega sem desejo para atividades físicas adequadas e não possui um histórico de cuidado do corpo como rotina. Sendo assim, quem cuida ou desenvolve ações físicas com idosos precisa ter postura de um animador, estimulador para atividade física (às vezes, é até necessário fazer junto) com o cuidado de saber da estrutura física do idoso e quais as melhores atividades a serem desenvolvidas. Já atendi idosos que, ao frequentarem centros de fisioterapia, tiveram lesões gravíssimas por falta de clareza do profissional ao desenvolver a atividade adequada para cada perfil na sua história de atividade física e sua estrutura atual.
2. Aspectos da vida pessoal e emocional do idoso vêm à flor da pele e muitas das neuroses que não foram elaboradas anteriormente vêm a reboque. Assim, aqueles que cuidam de idosos precisam não se envolver emocionalmente nestas tramas pessoais que emergem, principalmente se for membro direto da família. Pois as demandas que aparecem são muito complexas e podem até envolver aquele que está ao lado, ouvindo. Mas, por sua vez, estimular o idoso a revisitar sua história é um passo importantíssimo, pois potencializará o conceito do ancião que tem muito a contar e ensinar a partir da experiência adquirida. Aqui, é preciso emprestar o ouvido, não se envolver com aspectos emocionais e valorizar as demandas de conquistas e realizações do idoso.
3. Quem cuida do idoso geralmente ainda está jovem, distante da perspectiva de ser idoso. Este fator pode representar um complicador ao idoso que está em um ritmo mais lento, diante daquele que cuida, que está em um ritmo mais acelerado. Assim, é preciso respeitar o ritmo do idoso e se desacelerar quando estiver na condição de cuidador.
É importante entender que todos, um dia, chegaremos à condição de idosos e deve-se estar atento à forma com que o envelhecimento alheio anuncia o próprio envelhecer. Se fugirmos desta realidade ou negarmos esta possibilidade em nossas vidas, poderemos ser, no futuro, idosos negados por alguém da mesma forma. Se maltratamos um idoso hoje, amanhã também poderemos ser maltratados pois, um dia, quem cuida também será cuidado. E, quer queira ou não, a vida idosa (de preferência, a vida anciã) chega a galope.
Quando menos esperarmos, já estaremos nela. |
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