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Quando ser mãe é prazeroso

Publicado em 01/10/2024

No artigo que publiquei neste site no dia 17/09/2024, "Ser mãe é profissão?", falei sobre a atividade de ser mãe enquanto profissão e as dificuldades que emergem desta posição de mulher mãe. No artigo do dia 23/09/2024, "Quando ser mãe é sofrimento", desenvolvi os aspectos de sofrimento que uma mulher vivencia em torno do ser mãe. Agora, vou falar do prazer em ser mãe. E, para esta demanda, trarei também na forma de tópicos como tal prazer evolui na construção de uma identidade materna para a vida de uma mulher.


Primeiramente, a pergunta: É possível ser mãe pontuando mais prazer que sofrimento? Posso garantir que sim. No entanto, é ousadia um homem que nunca será mãe afirmar isso de maneira tão categórica. Lógico que não tenho lugar de fala nesta demanda, mas tenho lugar de escuta. Minha clínica psicológica dimensionada na pluralidade entre crianças em tenra idade até idosos, perfazendo diferentes faixas etárias num mesmo dia de atendimento e tendo mulheres como maioria desta demanda clínica - visto que ainda são delas o legado da busca por ajuda e apoio psicológico, num reflexo do machismo que faz com que a maioria quase que absoluta dos homens fujam de um apoio psicológico em nossa Sociedade.


Sendo assim, vejo-me na condição de pontuar alguns elementos que me levam a confirmar que, sim, é possível pontuar mais prazer do que sofrimento na vivência das mulheres em serem mães. Porém vou descrever aqui alguns passos ou elaborações que uma mulher mãe precisa passar, elaborar e vivenciar, como:


  • Antes de ser mãe, se tornou mulher na condição de não ser mais filha. Este fator, na maioria das vezes, é elaborado na condição da mulher já mãe, em pleno processo de auto percepção e mudança de posição. Assim, não vai transferir as necessidades ainda filiais para o filho que educa;
  • Quando se percebem dentro de uma sociedade machista, na qual reproduzem uma servidão patriarcal de reprodução do machismo ao assumir integralmente o papel de apenas serem mães e/ou terem que dar conta da educação dos filhos sozinhas. Ao se perceberem nesta realidade, começam a sair da submissão patriarcal, levando o pai da criança a co-assumir a educação, seja dentro duma parceria conjugal ou como pais separados. E, se estiver, de fato, sozinha para educar seus filhos, o fazer sem a reprodução machista de estarem plenamente apenas a serviço dos filhos;
  • Saber que o filho não é propriedade e que ser mãe é apenas uma etapa da vida, construindo referenciais para fazer emergir uma mulher que existe além dos filhos que cuida. Não se é mãe todas as horas de um dia, nem para sempre;
  • Identificar as etapas de desenvolvimento dos filhos e não esperar mais do que cada etapa pode oferecer. Assim, não terá surpresas ou expectativas frustradas. Saber o que cada idade dos filhos pode e é normal acontecer. Bebês pedem peito para mamar, crianças fazem estripulias nas suas múltiplas fantasias, adolescentes confrontam, etc;
  • Criar rede de apoio para que o processo educacional dos filhos esteja dentro de uma perspectiva coletiva (Parceiro(a), parentes, amigos, etc,);
  • Saber que filho não retorna amor, não condicionando à ideia de dar para ter retorno em algum momento, como ocorre com algumas mulheres que desejam filhos para ter alguém que cuide delas quando forem idosas. Desta forma, não se vincularão aos filhos como muleta para a vida pessoal. Um processo do qual não se espera nada de um amanhã no que tange ser retribuída, reconhecida;
  • Educar os filhos para a autonomia plena e, assim, o desapego de que estejam sempre por perto, levando à possível quebra de um machismo estrutural.
  • Colocar-se no processo de ser mãe sem temer a morte dos filhos. Isto liberta as mulheres mães das preocupações sobre riscos e experiências que os mesmos tenham que passar sem a presença delas. Educar sabendo que a morte eventual dos filhos é a maior certeza;
  • Desenvolver um processo de cuidado dos filhos sem carregar a culpa que tanto a escraviza e faz sofrer. Pois só erra quem faz, e quem faz, precisa errar. A culpa leva a transformar o que se pensa ser errado no processo educacional como motivo de castigos divinos e críticas de terceiros. Pela culpa, a educação dos filhos passa a ter um mecanismo de compensação, gerando hábitos aos filhos que eles passam a usar contra as próprias mães, manipulando-as.


Saber que não há garantia para nada, e que, no processo de ser mãe, vai valer o passo a passo do cotidiano. Viver a cada dia, relacionando-se bem consigo mesma como mulher, com projetos de vida para além dos filhos e escolhendo, a cada dia, a maternidade como mais um papel a ser exercido dentre vários papéis que a mulher poderá desenvolver.


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