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Dom Luciano, Porta Voz dos Empobrecidos.

Publicado em 23/10/2015

Dom Luciano, Porta Voz dos Empobrecidos.
Gerson Abarca*

Há 9 anos, dia 26/08/06 às 18h, Dom Luciano deixava-nos para a casa do Pai, e justamente na hora de Maria. Soube da notícia na época por intermédio da TV Canção Nova que ligou para solicitar-me informações de Bispos que tivessem maior vínculo com Dom Luciano para que pudessem entrevistá-los. Minha alma ficou em luto por um bom tempo do falecimento de Dom Luciano. O  único pensamento que não fez calar até hoje foi o quanto Dom Luciano defendia os empobrecidos do Brasil. Estes  perderam mais um porta voz de defesa em pleno momento político em que o Governo Federal sacrifica mais uma vez os menos favorecidos com os programas de contenção de despesas emergidos da atual crise financeira do país.

Muitos já passaram pela presidência da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas poucos podemos lembrar da marca que deixaram à frente da CNBB. Dom Luciano, nos Anos 80, quando esteve à frente da CNBB, deixou a sua principal marca: “A evangélica opção preferencial pelos pobres”. uma postura que não abriu mão em hipótese alguma, mesmo com todas as pressões existentes na época,  para que a Igreja Católica no Brasil se preocupasse mais com a fé do povo do que com questões sociais e políticas. Já, no segundo mandato de Dom Luciano Mendes à frente da CNBB, eu representava o regional do Estado de São Paulo no Conselho Nacional dos Leigos (CNL), onde tínhamos muito espaço e abertura de voz nas decisões dos caminhos da Igreja Católica no Brasil. Nesta época emergia a força dos cristãos leigos e Dom Luciano insistia no processo de formação continuada para as lideranças das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e representantes de organismos leigos. Lembro-me que em uma Assembléia Nacional do (CNL), grupos mais conservadores, que insistiam que a Igreja tinha de cuidar da fé dos seus fieis, diziam: - “Enquanto este Bispo tiver à frente da CNBB, dificilmente conseguiremos avançar na fé dos católicos, ficaremos politizando em nome desta evangélica opção pelos pobres”, e logo em seguida, Dom Luciano foi transferido para a Arquidiocese de Mariana – MG; e os organismos sociais e CEBs aclamavam que aquela transferência podia ser uma forma de dificultar o espectro de influência do pensamento de Dom Luciano Mendes na Igreja do Brasil e na mídia brasileira, pois em São Paulo sua voz ecoava com mais força.

Porém sua obstinada luta pela justiça social, onde repetia inúmeras vezes que: “justiça é o novo nome da paz...”, transformou sua ação pastoral em Mariana como um polo de difusão intelectual e de opção preferencial pelos pobres. Tanto que a Arquidiocese de Mariana foi uma das que mais investiu nas rádios comunitárias, na autonomia dos cristãos leigos à frente das pastorais; na formação dos Seminaristas com engajamento nas CEBs e na defesa do direito à vida que ele fez questão de estar à frente através da inserção do Planejamento Natural da Família. Por isso convidou a  equipe do CEAFAM, na época uma entidade que eu e minha esposa coordenávamos na Diocese de São Mateus - ES,  para implantar o Planejamento Natural da Família em toda Arquidiocese. Trabalhamos 4 anos consecutivos indo continuadamente à Mariana formando lideranças, desde o seminário de teologia e filosofia até atingir a todos os regionais daquela Arquidiocese. Com isso, nos tornamos amigos de Dom Luciano.  Vimos ser construído o CEVAVI (Centro de Valorização à Vida), que ainda hoje é uma das mais fortes referências de Planejamento Natural da Família vinculados à Confederação Nacional dos Centros de Planejamento Natural da Família ( CENPLAFAM). Assim, aquilo que parecia um “tapa a boca” de Dom Luciano, se transformou em um sinal de luz para a humanidade.Tudo isso por que Dom Luciano, ao chegar de Roma, quando terminava seus estudos,vivenciou o período do lançamento da Encíclica Humanae Vitae do Papa Paulo VI e chegando em São Paulo, por não achar pessoas que ensinavam o Método Billings de planejamento natural da família, começou ele mesmo a ensinar nas periferias. Até que encontrou a Irmã Martha que era enfermeira obstetra e a Irmã Maria Torres e ajudou na formação da CENPLAFAM.

Que a ausência física de Dom Luciano em nosso meio, não nos deixa a sensação que as causas sociais por justiça na busca da eliminação das diferenças sociais fiquem enfraquecidas. Ao contrário, devemos revitalizar dentro de nós, o maior ensinamento de Dom Luciano: “ Que nossas ações estejam na ótica da evangélica opção preferencial pelos pobres”.  Dom Luciano Mendes é uma voz que o sistema econômico não o fez calar, pois imbuindo do Espírito Santo e em profunda comunhão com o Pai, Dom Luciano manteve-se firme e predestinado pelas causas na qual o Evangelho de Jesus Cristo convidou-lhe  a lutar.
Que sua voz, Dom Luciano, seja um consolo e motivação para não acovardarmos diante os múltiplos desafios sociais que a sociedade brasileira apresenta. Que sua voz seja um pensamento que não se cale em nossos pensamentos. Saudade, esta palavra brasileira, já faz soar em nossas almas de forma intensa e ao mesmo tempo provocativa. Dom Luciano, interceda por todos, para que à Igreja Católica no Brasil não esqueça jamais da sua Evangélica opção preferencial pelos pobres.

Que seu processo de canonização avance, e dentre em breve o Vaticano o coloque no grau mais elevado da expressão religiosa, Santo. Sei que antes de eu morrer verei este amigo ser elevado a Santidade
 


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