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Sentimento Amazônico

Publicado em 20/12/2015




Quando estive em Manaus no ano de 1997, ministrando um curso sobre sexualidade na Universidade Federal, aproveitei o tempo livre para visitar a propriedade rural de um amigo. Ao chegar nesta propriedade, ele estava todo feliz apresentando sua mais nova aquisição empreendedora, um trator de esteira,  que tinha o objetivo de derrubar centenas de imensas árvores da floresta Amazônica puxando correntes enormes e fazendo leiras de amontoados de árvores para serem transformadas em cinzas pela fogueira noturna. Este amigo estava projetando pastos e mais pastos para vacas e mais vacas. 

Minha indignação foi tamanha que tive um transtorno estomacal, fiquei tão raivoso que não poupei palavras para criticá-lo. Não aguentei ficar naquela propriedade e pedi para me retirar. Após 18 anos, a cena  das imensas árvores caindo como peças de dominós enfileirados  não saíram da minha memória. Pior ainda são as palavras ditas por este amigo naquela época: – “Mas não se preocupe com isto não, aqui tem muita árvore e da para muito tempo”-.

A Campanha da Fraternidade de 2007 da CNBB ( Conferência dos Bispos do Brasil) com a temática da Amazônia, reacendeu dentro de mim o sentimento amazônico e fiquei irradiante com a possibilidade de vermos a Igreja Católica fazer despertar na população brasileira o sentimento de proteção do pulmão da humanidade. Este tema que parece estar tão longe de nossa realidade, é de vital importância para todo o ser humano vivente no planeta terra. Refletir a Amazônia, tentando transferir para a percepção do nosso cotidiano, sobre os gestos simples de prevenção ecológica, é um caminho. Mas, com certeza o sentimento Amazônico deve nos reportar à consciência pela defesa deste patrimônio verde da humanidade. Estar indignado pelo pouco caso em relação à prevenção da Amazônia, deverá nos colocar em ações coletivas para aglutinar forças em vista à uma posição política nacional, que culmine com um “stop” a toda intervenção destrutiva da Floresta Amazônica.

         Tentar cuidar da Amazônia mantendo procedimentos de exploração madeireira, mineral ou de especulação da biodiversidade financiados por multinacionais, é a mesma coisa que dizer ao fumante que ele conseguirá salvar seu pulmão fumando menos ou diminuindo o cigarro aos poucos, desta forma o fumante nunca conseguirá parar de fumar. Pensar em uma exploração racional da Amazônia na atual conjuntura de exploração em que ela se encontra, é dar destaque político demagógico àqueles que detêm o poder político no Brasil. Neste item, os governos que passaram após o regime militar, ainda não mostraram nenhuma intervenção convincente. 

O sentimento Amazônico é o que moverá a consciência ecológica de cada cidadão. Se no início do século 20, Freud definia que o ser humano carrega em si o “Sentimento Oceânico”, que significa a necessidade de se apegar a algo superior, hoje poderíamos dizer que cada brasileiro deveria estar movido pelo “sentimento amazônico”. Colocando seu pensamento em pleno vínculo com a imensidão amazônica, o maior pólo de diversidade Biológica do planeta, prova legítima da vocação da terra como “planeta vivo”, “planeta vida”. Deixe o sentimento amazônico inundar sua alma. Medite, ore, silencie. Como se em todas estas ações o cheiro, o verde e os sons da floresta amazônica estivessem sendo sentidos dentro de você, como se você estivesse lá. 

Hoje temos muito que pensar em torno da consciência ecológica no Brasil, principalmente pela catástrofe de Mariana-MG, pelo rompimento das barragens de resíduos de mineração da Samarco. Um problema já comunicado há mais de um ano pelo Ministério Público, mas que não houve atenção para que a empresa fizesse a manutenção das barragens. Uma despesa na cadeia exploratória do minério que escolheram não colocar na planilha de custos. Agora ameaça o litoral do Espírito Santo depois de já ter condenado a morte do famoso Rio Doce que corta Minas e Espírito Santo. Pior ainda é saber que  como este episódio da Samarco, há quase 30 represas de resíduos minerais que estão com rachaduras e já foram notificadas pelo MP. 

Estamos muito distantes de vermos o pais imerso no compromisso de proteger seu meio ambiente tanto por parte dos órgãos públicos como das empresas privadas. Mas nos nossos simples passos de transformarmos nosso cotidiano em gestos de ação ecológica, de uma ecologia que brota de dentro para fora, quem sabe possamos ver nascer uma sociedade com tolerância zero à destruição ambiental.  


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