Religião 06/02/2025 13:42:27
O filme Conclave, grande concorrente ao Oscar de 2025 que está em exibição nas salas dos cinemas pelo Brasil, tem a direção de Edward Berger e faz uma adaptação do romance de Robert Harris, trazendo algumas demandas de reflexão para as perspectivas da Igreja Católica no planeta. Aqui, quero apenas pontuar algumas questões que emergiram após ter assistido ao filme. Assim, não trago uma reflexão sobre o filme em sua estrutura técnica, pois, de fato, não é minha área, apesar de amar a arte cinematográfica.
Tendo atuado muito ativamente na Igreja Católica, vindo a participar de representações internas em escala nacional e eventos tanto na América Latina quanto na Europa, ao assistir Conclave enquanto Cristão Leigo, saí com a ideia de que o diretor trouxe uma perspectiva de renovação para esta instituição que tem força e representatividade em todo o planeta e, no Brasil, com certeza é uma das instituições mais estruturadas e respeitadas no imaginário popular. Mesmo dentre os maiores críticos e opositores dos dogmas católicos, há um respeito na forma de se comunicar, inclusive as pontuações mais incisivas.
Um sopro de possibilidade de mudanças
Parece uma profecia, desta capacidade que a arte cinematográfica tem de antever o futuro. Pode não ter sido intenção da produção do filme algumas provocações, mas confesso que me agradou e acredito que tenha despertado nos praticantes do Catolicismo um sopro de possibilidade de mudanças, principalmente para quem sempre esteve na militância de grupos mais progressistas da Igreja Católica. Lógico que, para aqueles pertencentes à linha mais conservadora ou com tendências de extrema direita ideológica, o filme deve ter incomodado e muito.
Mas este é um dos dilemas que o filme traz, a disputa interna entre Cardeais de todo o mundo no processo de conclave para a eleição do novo Papa. Aquela cena antiga que víamos desde criança quando havia uma eleição para o novo Papa, da chaminé do Vaticano exalando a fumaça preta ou branca dizendo a situação da seleção do novo Papa. Eu mesmo vivenciei esta cena pelos telejornais após a morte do Papa Paulo VI e, depois da morte breve do Papa João Paulo I, depois na eleição do Papa Francisco. A praça de São Pedro, no Vaticano, cheia de fiéis esperando em oração para que o Espírito Santo soprasse para a nomeação do novo Papa e com ele novas perspectivas para a Igreja Católica no planeta.
Muitos Católicos ainda acreditam que, no Conclave, a eleição do novo Papa se dá de forma amistosa e que é o desejo de Deus que prevalece de fato, mas o filme traz a noção de que este processo é de muitos conflitos e jogos de interesses, onde cada grupo pensa conforme suas necessidades geopolíticas e tendências ideológicas. Disputas de poder a partir de estruturas econômicas e capacidades intelectuais. Conclave traz, dentro de uma ficção cinematográfica, a ideia de que o poder na Igreja é disputado milimetricamente, fazendo emergir contradições que, supostamente, um praticante religioso fervoroso dificilmente possa imaginar que exista.
Um Papa com a face de um Deus múltiplo pode ser uma representação mais próxima do Cristianismo.
No entanto, um elemento que muito me chamou a atenção foi o desfecho do processo eleitoral, dentre os muitos debates entre extremistas de direita e liberais e até com uma vertente socialista, surge enfim um Papa que aglutina a junção de muitas possibilidades, principalmente na questão de gênero. Fez-me lembrar de um trecho da música cantada por Pepeu Gomes e Baby Consuelo “...e Deus é menina e menino, sou masculino e feminino...”. Eis que surge um Papa com esta nova possibilidade.
De fato, se as principais religiões do planeta se abrissem para a eliminação das mensagens punitivas e repressivas, exaltando a livre relação humana a partir do princípio do amor mútuo, poderíamos ter novas perspectivas de mudança comportamental extremas entre os povos. Um Papa com a face de um Deus múltiplo pode ser uma representação mais próxima do Cristianismo na sua essência.
Vale a pena assistir ao filme.
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Religião 06/02/2025 13:42:27 216
Ofilme Conclave, grande concorrente ao Oscar de 2025 que está em exibição nas salasdos cinemas pelo Brasil, tem a direção de Edward Berger e faz uma adaptação doromance de Robert Harris, trazendo algumas demandas de reflexão para asperspectivas da Igreja Católica no planeta. Aqui, quero apenas pontuar algumasquestões que emergiram após ter assistido ao filme. Assim, não trago umareflexão sobre o ...
Religião 30/07/2024 15:07:40
A Religião é um fenômeno humano que permeia grande parte da população mundial, nas suas mais diversas formas e práticas. Pouco mais de 2% se declaram ateus, e 11% que não praticam religião. No Brasil, o índice de ateus declarados chega a 1%. Das religiões praticadas no planeta, em torno de 30% creem na ressurreição e/ou vida eterna, e as demais, são de base espiritualistas que creem em reencarnação. Segundo o IBGE, quase 87% da população no Brasil se denomina cristã, sendo 64,5% Católicos e 22,2% evangélicos - levando-se em conta que, no meio evangélico, há muitas fragmentações doutrinais e de tendências.
As principais religiões do planeta seguem um fio condutor comum, a “regra de ouro” que prega a prática do Amor ao próximo, como ocorre no Cristianismo, Islamismo, Judaísmo, Hinduísmo e Budismo. Porém, nos planos sociopolítico e socioeconômico, observa-se que alguns grupos específicos de cada uma destas religiões acabam usufruindo do fanatismo para, em nome da religião, manipularem massas por interesses políticos e econômicos. Geralmente, são grupos que tendem a pautas de costumes ultraconservadores. Assim, pelo desconhecimento sobre os fundamentos das religiões, criam uma série de preconceitos, especialmente em torno das religiões que não estão diretamente ligadas ao eixo dos países colonizadores ocidentais.
Em países com baixo índice educacional e processos de extrema pobreza associados a histórias de exploração colonialista, o caminho para emergir “lobos disfarçados de cordeiros” aumenta vertiginosamente. E, nas religiões totalitárias, que representam quase que a estirpe de uma nação, os lobos proliferam. Desta maneira, a religião se torna alvo de usurpadores da boa vontade alheia.
E eis que surge a pergunta: Como podemos identificar estes lobos?
1) Aqueles que enriquecem rapidamente, mesmo tendo a liderança religiosa como base de trabalho, cuja missão é expandir o alcance da religião. Fator que está diametralmente oposto às propostas dos fundadores das principais religiões do mundo, nas quais a prática pregada é do desapego, do serviço e da humildade;
2) Aqueles que tendem a ser autoritários e dominadores, contradizendo os ensinamentos da busca por unidade e fraternidade, escuta e participação.
3) Aqueles que atuam como arma de cativar pelo emocional e pela culpabilização, sempre explorando um erro do fiel a ser pago em alguma penitência.
4) Aqueles que criam regras rígidas para as vidas dos outros, mas contradizem o que pregam em suas práticas pessoais diante do que exigem de seus fiéis.
5) Aqueles que se aproximam de agentes e instâncias políticas para conquistarem poderes e direitos voltados aos interesses específicos de suas corporações. Este fator é muito notório para conquistas de direitos de liberação de meios de comunicação e favorecimentos de isenção de tributos.
6) Aqueles que pregam a prosperidade que o fiel conquistará e se posicionam como promotores de milagres, até com promessas de cura. Aqui, o foco em arrecadar dinheiro dos fiéis é intenso.
Estes listados são apenas alguns indícios, dentre inúmeros outros. Trago esta demanda, neste momento, por ser a prática religiosa um dos elementos que mais interferem na estrutura emocional de uma pessoa, sendo campo fértil para emergir os que tiram proveito desta dinâmica complexa.
Ficar atento a estes pontos pode colaborar para a perceber se o espaço em que se dá a vivência da prática religiosa está sendo influenciada por um lobo disfarçado de cordeiro. Como diz o ditado popular, “O Diabo também veste batina” (ou um terno pastoral).
A prática religiosa vivenciada por escolha livre e consciente, a partir do conhecimento da doutrina seguida e da história da religião da qual se participa, é o melhor caminho para se defender de lobos. Pois, se houver consciência de escolha e conhecimento sobre esta, torna-se mais fácil identificar os charlatões.
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Religião 30/07/2024 15:07:40 883
A Religião é um fenômeno humano que permeia grande parte da população mundial,nas suas mais diversas formas e práticas. Pouco mais de 2% se declaram ateus, e11% que não praticam religião. No Brasil, o índice de ateus declarados chega a1%. Das religiões praticadas no planeta, em torno de 30% creem na ressurreiçãoe/ou vida eterna, e as demais, são de base espiritualistas que creem em reencarnação. ...
Religião 04/11/2022 16:10:56
Este texto é decorrente do processo eleitoral para presidente no ano de 2022. Uma disputa onde o campo religioso esteve em primeiro lugar, tanto para angariar votos quanto para se usufruir de valores religiosos de modo que cada candidato fosse tido como o melhor ou pior, o mais ou menos perigoso. Desta maneira, as propostas e programas de governo em si ficaram em segundo plano, tendo seu lugar no debate tomado por ataques morais de cunho religioso.
Ao observar diferentes pessoas nas suas diversas formas de praticar a religião com o enfoque eleitoral (especialmente no âmbito das redes sociais), sistematizei alguns olhares para uma mesma divindade, mas com muitas formas de se ver/enxergar. Na verdade, não farei essas pontuações visando apenas o atual momento político brasileiro, mas também uma interlocução com posturas dentro da História.
A divindade referida é Jesus Cristo. Sempre fazendo a ressalva de que ser Cristão, para uns, é diferente para outros. Até porque o Cristianismo na cultura ocidental foi constituído a partir da Igreja Católica Apostólica Romana pelo legado de Pedro, e que, depois da cisão na Reforma Protestante (1517) de Martinho Lutero a João Calvino, passa a ter derivações, respectivamente, nas Congregações Luteranas e Presbiterianas. Mais recentemente, multiplicou-se em muitas outras ramificações a ponto de ficar difícil mapear quem e como são os denominados “evangélicos”, pois temos desde os tradicionais, com os pés na Reforma Protestante, até os atuais pentecostais, que, no Brasil, se expandiram em pequenas ou grandes congregações.
Tenho que ressaltar também que a Igreja Católica Apostólica Romana não tem a mesma forma de ver e pensar entre seus praticantes, os quais se estruturam em diferentes carismas e esquemas de práticas religiosas - fator alavancado muito pelo perfil de santos, que criaram formas diversas de se praticar o Catolicismo - e, ou, pelas diferentes formas de se interpretar as doutrinas e documentos apostólicos da Igreja Católica. Só estou descrevendo brevemente a multiplicidade institucional de formas de praticar o Cristianismo no Brasil, pois o objetivo aqui é pensar os diferentes olhares para um mesmo desejo.
O desejo da Vida Eterna, que une os Cristãos, e de um Deus que os protege.
Pela Defesa Da Vida
“...sou cristão e, por isso, defendo a Vida. Sou contra o aborto...” Jesus Cristo defensor da Vida, e, por isso, ser contra o aborto, pois a Vida é um Bem Sagrado; Com o mesmo argumento, Hitler conquistou grupos de cristãos na Alemanha Nazista (1934-1945) para empreender seu projeto de defesa da família pura, onde era contra o aborto.
O mesmo Hitler defensor da vida levou à morte nos campos de concentração mais de 7 milhões de Judeus e, nas intervenções militares baseadas em conquista de territórios, outras centenas de milhares de civis e militares vieram à morte. Em prol da defesa da família ariana pura e de suas propriedades, o direito de matar aqueles que ameaçavam a soberania ariana da nação sonhada por Hitler;
Também em nome da Vida, a Igreja Católica organiza a chamada “Guerra Santa” com o objetivo de reconquistar o Santo Sepulcro em Jerusalém e, assim, poder manter vivo os princípios cristãos, levando milhares à morte; Muitos cristãos justificam as armas como defesa com o argumento que Jesus Cristo também pegou em arma para defender o Templo do Senhor (um chicote) e Pedro carregava uma espada para defender Jesus já no momento da Paixão de Cristo.
Neste cenário de defesa da Vida, o “não” ao aborto e o “sim” às armas passam a ser defesas paradoxais. Nesta campanha de 2022, vimos a defesa da liberação de arma de fogo aos civis como forma de proteção da Vida e da Propriedade Privada.
Família é Sagrada
O argumento cristão para a defesa inegociável da Família se dá pela ideia de que esta também é um Bem Sagrado. A Família, aqui entendida como Pai, Mãe, filhos e parentes, remete ao modelo da Família de Nazaré: Jesus, Maria e José. Sendo assim, conceber outras formas de família foge do referencial tradicional do ideal cristão. Quem não está neste referencial de família, está no pecado.
Inclui-se aqui o referencial cristão da fidelidade conjugal e, assim, o conceito do adultério. Porém, em nome da conversão ao Cristianismo, justifica-se a aceitação da pessoa que tenha passado por vários casamentos, mesmo defendendo o casamento pleno e a fidelidade em seu pacto original, tornando o conceito de adultério algo relativo. Afinal, se a posição de Casamento como consagração sacramental de fato for colocada em prática, muitas igrejas se esvaziariam visto que poucos são os que estão casados nesta perspectiva. Sem contar aqueles que assumem a vida conjugal homossexual, a qual faria muitas igrejas perder fiéis de acordo com sua estrutura dogmática e moralmente rígida.
E aqui vale ressaltar que a Família de Nazaré na ocidentalização europeia (Jesus, Maria e José) não representa a forma original do modelo de família da época de Jesus, que se estabelecia com o núcleo familiar coligado à força da Comunidade, formando uma “Família Comunitária”. Pois a nucleação restritiva de Família, circunspecta apenas no núcleo da consanguinidade direta, nasceu a partir da Revolução Industrial Inglesa (entre 1760 e 1840), vindo a se expandir para o resto da Europa e para os EUA.
O homem para a fábrica e a mulher em casa cuidando dos filhos. Aqui toma forma as orientações de João Calvino e a noção da defesa da Família e da Prosperidade Econômica, no sentido em que, quanto mais próximo de Deus, mais próspero será. Esta noção deu origem à ideia de que pobres são os que estão distantes de Deus.
O homem como a cabeça da Família e a mulher como submissa a este homem, como preconiza algumas formas de vivenciar o Cristianismo. A Família padronizada no referencial cristão de “Família Santa e Perfeita”, onde os filhos estão à sombra do guarda-chuva espiritual de seus pais cristãos. Tal princípio leva à justificativa de muitas formas de machismo e controle dos homens sobre as mulheres, assim como propostas políticas baseadas na educação domiciliar em detrimento da escola coletiva a fim de garantir que os filhos não sejam “contaminados” por professores com outras formas de práticas religiosas. Acentua-se, nesta perspectiva, a mulher como submissa ao seu marido, a partir da carta de São Paulo aos Coríntios.
Estabelece-se então a negação de famílias em que o modelo é comunitário, e assim, a desqualificação de modelos que incluem as famílias dos povos originários. Tal noção é a base que justifica o avançado processo de extermínio de nossas comunidades indígenas. Até me arrepio quando vejo igrejas cristãs tentando configurar famílias indígenas no modelo ocidental, um nítido processo de destruição das tradições e subsequente fragilização de um povo. Porta aberta à exploração destruidora da floresta.
Da mesma forma, os cristãos não aceitaram a forma comunitária dos negros no período da escravatura, tendo católicos batizando os escravizados ainda em seus países de origem, separando familiares estruturados em tribos de origem com um modelo não-nuclear, mas também comunitário. Davam-lhes nomes europeus e sobrenomes portugueses ou característicos de famílias originárias do país escravista sob o julgo de que suas almas fossem salvas de todas as possibilidades de influências de divindades malignas (herdadas da cultura africana) e valessem como referenciais de famílias da colônia - as quais, antes da Revolução Industrial, tinham como referências as dinastias e nomenclaturas (rei, rainha, príncipes e princesas, dentro de uma estrutura também nuclear) que davam sustentação às explorações de territórios e povos.
Até hoje, as religiões de matriz africanas praticadas no Brasil são demonizadas por muitos cristãos. Como bem nominou os moradores do Palácio da Alvorada em Brasília que, encabeçados em oração a partir do seu referencial cristão pela Primeira-Dama deste período atual, estavam “limpando as maldades divinas” que outros moradores que por ali passaram deixaram.
Os Pobres
Jesus Cristo defende os pobres, e, diante desta noção, há que derrubar do trono os poderosos e afastar os ricos com as mãos vazias. Assim, pelo Evangelho de Cristo, fomenta-se o modelo de uma Sociedade da partilha dos bens, onde todos viviam numa comunidade de comunhão.
Mas, no quesito dos pobres, o Cristianismo que vê no conceito de Pobre, aqueles que carecem de Espírito, onde a Fé não está relacionada à Compaixão e àqueles que passam fome de alimento real; Aqueles que associam a pobreza com a falta da prática cristã, na perspectiva da prosperidade; Mas também a prática cristã da Caridade na ideia de que, ao se manter os pobres, se manterá o exercício do ato cristão de Solidariedade;
Da Igreja que se atrela ao Poder Político-Econômico e que preconiza a máxima que “pobres sempre tereis...” (Jesus Cristo), a eliminação de tal contexto de pobreza e a oferta de condições dignas de vida geram um questionamento: Quem vai servir aos que, em nome de Deus, triunfaram pelos caminhos da prosperidade?
Homossexualidade
O Cristianismo que repudia a prática da homossexualidade, pois o modelo de casal é heterossexual, e aqueles que estão nesta prática não alcançarão o Reino dos Céus. No entanto, Jesus Cristo tinha um discípulo amado, João, e isto conduziu ao nascimento das igrejas cristãs que acolhem os casais homossexuais, pois confiam que a relação de Jesus com João era de caráter homossexual.
Em nome do Cristianismo, até a “cura gay” entra no programa para a saúde emocional pública no intuito de restabelecer um padrão de normalidade comportamental a partir do referencial definido por Deus, que fez o homem e a mulher.
Afrodescendentes
O cristianismo europeu, em um país afrodescendente, que vê nas manifestações religiosas de matriz africana, incorporações diabólicas e de caráter maléfico.
O cristianismo que, nos Estados Unidos, condenou à forca mulheres negras por ordens de pastores quando elas eram consideradas bruxas por desenvolverem rituais africanos em terras norte-americanas, podendo contaminar a fé cristã nas famílias e trazer o mal dentro das casas.
Diabo
Cristianismo este que foge da tentação do Diabo e que, para estar com Jesus no coração, discute mais a presença do Demônio do que do próprio Jesus Cristo. Do Inimigo de Deus que está em todo lugar e apavora, levando diversos cristãos a carregarem a cruz fixa no peito como forma de repeli-lo.
Dos cristãos que veem o demônio como uma figura de linguagem, aquele que divide, diabólico, que elimina o diálogo. Onde o Diabo é a própria ação humana quando se inspira no Ódio e na crueldade destrutiva.
Salvação
Cristianismo que conduz à Salvação pelas boas ações, e, nesta lógica, o Reino de Deus é para os humanos de boa vontade, onde o Amor está acima de tudo;
Dos cristãos que creem que a Salvação se dá pela prática dos rituais religiosos e pela quantidade de rezas que se faz ao longo da vida;
Do cristianismo que julgará pelas bem aventuranças na prática da Justiça, e, com isso, uma vida calcada na prática dos Direitos Humanos e do exercício da Ética Cidadã;
Pelo poder de se ter ganho dinheiro ao longo da vida e a prosperidade terrestre, se encontrará com a prosperidade celestial.
Sexualidade
Cristianismo que prega a Castidade e, com isso, o crédito aos namorados e noivos que chegam virgens ao casamento;
Cristianismo que entende que a Castidade só está para o órgão genital feminino, autorizando com isso, o sexo anal ou oral antes do casamento para algumas orientações de pastores em algumas nominações cristãs norte-americanas;
Do cristianismo que entende que ao homem é autorizado ter várias mulheres; E dos cristãos que está reservado a terem apenas uma mulher;
E dos outros cristãos, que entendem que o Casamento pode acontecer com pessoas do mesmo sexo, tendo inclusive lideranças religiosas que são de união homossexual.
Um desejo semelhante, mas para olhares diferenciados e com isso ações divergentes.
E aí vai se arrolando as várias formas de se ver Jesus Cristo e vivenciar este tal Cristianismo, pulverizado em centenas e milhares de partes e formas de viver a religião. Um desejo semelhante, mas para olhares diferenciados e com isso ações divergentes.
Mesmo que se tenha a Bíblia como referência para embasar as ações, temos aqui um outro problema: A Bíblia, ao longo dos anos e pelas variações de denominações cristãs extremamente polarizadas e diversificadas, foi sendo reescrita e adaptada em alguns textos para respaldar conceitos e procedimentos ou conveniências. A Bíblia, que se mantém historicamente a mesma após a Reforma Protestante, é a que em comum acordo se definiu entre Luteranos, Calvinistas e Católicos Apostólicos Romanos e que será encontrada nas Igrejas que mantiveram-se fiéis a estas Igrejas Históricas. Por isso, que sempre falo: “me mostra lá na bíblia onde está escrito isso ou aquilo...”
Diante das manifestações religiosas em um país eminentemente Cristão, mas na qual não conseguimos identificar que Cristianismo é este, como fica os que não creem? Os de base espiritista, que não tem o Evangelho de Jesus Cristo como referência? Os que seguem religiões de matrizes africanas, tão demonizadas pela maioria dos praticantes do cristianismo?
Imagine então como ficam os dois terços da humanidade que não seguem Jesus Cristo e, na sua maioria, creem na reencarnação.
Ainda bem que, dentre muitas manifestações religiosas durante esta campanha, onde não-praticantes se intitulam praticantes e outros que já eram praticantes se deixaram levar por emoções eleitorais (como numa final de Copa do Mundo), alguns poucos veem Jesus Cristo como um ser MISERICORDIOSO. Aquele que, na Cruz, antes de seu último suspiro, clamou ao Pai: “...Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem...”
Mas a infelicidade estará sendo engendrada naqueles que escolhem viver uma religião sem fundamento histórico e convicção pessoal. Aqueles entram para uma religião para suprir limites e carências emocionais, pois tendem a se tornar mais instáveis e com transtornos emocionais que podem, inclusive, ser um caminho para o Radicalismo e para o Fanatismo.
Na minha forma de ver - e que a própria Psicanálise de alguma forma nos ajuda a entender - não podemos dizer que existe o Certo e o Errado no campo religioso. O que existe é a escolha que se faz. Dependendo do lado que escolho, alguns estarão errados e outros certos.
Assim, confundir religião com política gera um sério problema para as práticas cotidianas, pois na religião, sigo a moral religiosa; e na política, por sua vez, devo seguir a moral constitucional. Assim, quando em nome de Deus, digo que posso matar, em nome da Constituição Federal eu posso ser preso caso o faça. Se digo a um cidadão que ele está no pecado por ser homossexual, estou infringindo a moral constitucional pelo crime de homofobia.
Por isso mesmo que Marx já disse que a “religião é o ópio do povo”, principalmente se estiver servindo de base para procedimentos que remetem a uma estrutura social no coletivo. Esta mistura de religião com política no Brasil reflete o quanto estamos atrasados na construção de um Estado de Direito genuinamente democrático. Porém, só temos ainda um pouco mais de 500 anos de processo civilizatório e uma História ainda curta de Democracia.
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O que chamo de problema nas religiões é a lógica imposta por cada crença doutrinária, e vc explicitou isto muito bem na sua análise. O pastor sociologo Elter Dias Maciel usava uma expressão que justifica so meu ponto de vista os erros das logicas doutrinárias, o termo era "Passado móvel" ou seja, as doutrinas se baseiam-se na leitua da Bíblia escrita a milhares de anos atrás, e não consideram as mudanças e avancos culturais dos povos e com diferenças entre países, ou seja ler e querer manter a cultura de séculos passados na atualidade é nao considerar e compreender a evolução humana. Tipo os pentecostais não aceitarem ate hoje que mulheres não usem calças compridas, somente vestidos, e não usar cabelos curtos, e mais uma série de loucuras impostas por líderes evangélicos e católicos que não cabem mais na sociedade atual. Parabéns pela sua perfeita análise! |
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Muito boa sua reflexão, você descreveu com conhecimento sobre a maior parte de tudo o que ouvimos no Brasil nos últimos tempos em relação a política e religião, uma mistura desnecessária e infeliz causada por tantos que se acham merecedores de atenção acreditando ter razão a partir do que pensam ser o certo! Infelizmente a maior parte desses questionadores, "ditadores", não têm estudo aprofundado para discutir sobre suas ações e pensamentos, o que possuem de concreto e declaram sem cessar vem de um texto pronto divulgado por um líder despreparado, sem caráter, com intenções de destruição da sociedade, e que prega de forma desumana o conflito e a violência. A partir disso, ninguém mais se entende e nem se aceita! E o único resumo que consigo fazer é que ainda precisamos desenvolver muito nossos conhecimentos sobre várias coisas, somente assim conseguiremos nos libertar para viver principalmente o amor ao próximo que deveria ser a base de toda religião.
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Religião 04/11/2022 16:10:56 881
Este texto é decorrente doprocesso eleitoral para presidente no ano de 2022. Uma disputa onde o camporeligioso esteve em primeiro lugar, tanto para angariar votos quanto para seusufruir de valores religiosos de modo que cada candidato fosse tido como o melhorou pior, o mais ou menos perigoso. Desta maneira, as propostas e programas degoverno em si ficaram em segundo plano, tendo seu lugar no deba...
Religião 14/04/2022 17:37:04
Este texto, faço a partir de uma matéria publicada pelo Jornal Folha de São Paulo, no dia 10/04/2022, com o título:“Jesus sofreu abuso sexual antes de ser crucificado, afirma teólogo”.Mesmo a matéria trazendo a confirmação da pesquisa teológica do teólogo inglês David Tombs, da Universidade Georgetown, entendo que gera muitos questionamentos por parte dos Cristãos Católicos em tempo de Semana Santa, por ser um evento genuinamente Católico que, inclusive, não é celebrado pela maioria das Igrejas Cristãs Evangélicas no Brasil. Questionamentos do tipo: por que se apegar a esta demanda sexual em plena Semana Santa, pois o tríduo pascal, que configura as celebrações de quinta a domingo de Páscoa, tem ênfase no sofrimento e ressurreição?
Segundo o teólogo David Tombs, a partir do Evangelho de Marcos (15:15-20), fragmentos do texto revelam a exposição de Jesus a uma tortura onde lhe foi retiradas suas vestes, ficara nu, e a coorte foi chamada para o ritual desta tortura, sendo que, na época, a coorte era composta por 500 soldados, que “...e posto de joelhos o adoraram...”. Uma cena que, ao olharmos por estes fragmentos da narrativa, podemos entender que, de fato, este tipo e perfil de tortura de expor a vítima ao nudismo, é uma forma de humilhar. Tombs fez uma pesquisa a partir dos referenciais da Teologia da Libertação, que teve sua força na década de 1980-90, tendo como base as formas de tortura nos regimes totalitários e em períodos de golpes militares na América Latina, como aconteceu no Brasil. O método de deixar a vítima nua e agredir ou flagelar órgãos genitais é comum em diferentes períodos e regiões do mundo, inclusive era característico no Império Romano, onde as crucificações aconteciam com a vítima nua.
Tombs deixa a seguinte pergunta: “O que pode ter ocorrido após o desnudamento?”. Uma questão que numa leitura movida pela saga da Paixão de Cristo, não leva os fiéis a se desdobrarem na/da cena, para derivar em uma contextualização e ao mesmo tempo em um significado. Estas perguntas que nos fazem debruçar sobre os textos bíblicos, de fato, não são incentivadas pelas instituições cristãs atuais que só desejam fomentar a fé para seu nicho de vivência e interesses, principalmente no cenário brasileiro, no qual a religião tem fomentado mais ódio e discriminações do que a essência do Evangelho de Cristo, que é a prática do AMOR. E quando não se presta a isso, apenas mantém uma fé cega sem questionar e apegada em rituais.
Uma teoria espinhosa, mas que pode abrir os nossos olhos
Na matéria da Folha de São Paulo, Tombs afirma que: “...Como uma interpretação do texto pode ajudar as pessoas? O que importa é a teologia que tem efeitos, e não aquela que anda em círculos”. Manter um povo emergido no analfabetismo funcional e, assim, numa prática religiosa de manutenção dominante da elite conservadora, isso sim é uma teologia que anda em círculos. Porém, este tema de Jesus Cristo ter sido vítima de abuso sexual, também incomoda as corporações institucionais religiosas, principalmente as de base cristã, que há décadas escondem por “baixo do tapete” crimes de abuso sexual cometidos por lideranças religiosas a seus fiéis, principalmente crianças e mulheres.
Com a emergência do Estado laico, e o crescimento de movimentos sociais que buscam justiça às vítimas de abusos sexuais dentro de instituições religiosas, esta hipótese levantada por Tombs faz vir à tona todos estes debates que escancaram instituições até então tidas como sérias e sem máculas, principalmente na Igreja Católica. Na matéria da Folha é lembrado o relatório de uma comissão independente na França que apontou que a Igreja Católica francesa abrigou 3.000 padres pedófilos que vitimaram aproximadamente mais de 200 mil crianças, de 10 e 13 anos de idade, entre 1950 a 2020. Este cenário, hoje, acontece em todo o mundo. Eu sou praticante católico e como psicólogo já presenciei muitas situações de abusos sexuais acometidos por lideranças religiosas onde as vítimas não tinham como recorrer, e por serem fiéis pertencentes a uma comunidade católica tinham receio de denunciar, para não depreciar a imagem da Igreja e, ao mesmo tempo, não serem isoladas pelos membros da comunidade. Por várias vezes procurei orientação de Juízes e Promotores para viabilizar denúncia, mas sempre esbarramos na falta de um sistema judiciário que realmente desse vazão para as queixas das vítimas, além das famílias nunca terem coragem de denunciar um líder religioso, deixando nossa intervenção amarrada.
Mas, são tantos os casos de abuso sexual que já não tem como esconder e, assim, as denúncias tomam visibilidade. E também por termos os movimentos sociais atentos e mais organizados para denunciar e exigir julgamentos para os criminosos. Na Igreja Católica e em alguns movimentos de espiritualidade que são ligados a ela, que são liderados por pessoas consagradas de forma celibatária ou não, principalmente hoje em dia com a emergência de comunidades de vida a partir do carisma vinculado à Renovação Carismática, o que acontece geralmente quando surgem denúncias de abuso sexual por parte de alguma liderança, principalmente com crianças e jovens, é afastar o criminoso e desová-lo para a sociedade. Ele deixa de estar no grupo religioso, ou na paróquia, mas vai ficar livre para continuar abusando de alguém. Não conheço caso em que um Bispo de uma Diocese ou uma direção de um movimento tenha denunciado o criminoso ao Ministério Público. Oras, se o caso chegou a ser digno de extirpar o agressor do grupo ou da instituição, então por que não denunciá-lo?
Usar da religião para benefícios pessoais é o máximo da perversidade.
Desta forma, o tema que parece tão espinhoso, é de fato uma realidade. Lendo o argumento do Teólogo Tombs, posso afirmar, sim, que Jesus foi vítima de abuso no seu flagelo da Paixão. E que o cenário traz elementos diversos a serem debatidos, como: a repressão sexual que as instituições religiosas sempre pautam suas formações morais; a tendência sadomasoquista dos torturadores; a covardia do coletivo militar, que vemos nitidamente em nossas comunidades periféricas, quando a polícia chega toda armada e com grande quantitativo de soldados para matar jovens negros; a questão do coletivo de machos, que na sua essência são homofóbicos, mas que adoram estar degustando de gozo coletivo na desgraça alheia; e o quanto o coletivo dos machos reunidos revela uma perversidade que escamoteia a homossexualidade latente destes que se colocam como héteros/machos, mas que adoram um coletivo masculino de perversidades sexuais (vejam os botecos e os estádios de futebol). A homossexualidade do outro incomoda a bissexualidade deles não assumida. Desta forma, imaginem 500 soldados tirando uma lasquinha de escárnio diante de um Jesus nu, sendo torturado.
Pensar nesta perspectiva do abuso sexual de Cristo na saga da Semana Santa é dar vida ao Evangelho contextualizado no hoje. E o hoje tem múltiplas formas de abuso sexual, em crianças, adolescentes, mulheres, e de todo sofrimento da comunidade LGBTQIA+, uma demanda crescente que não pode ser desconectada da verdadeira mensagem Cristã que é o Amor e a Justiça. Que se faça justiça na defesa das vítimas e que este movimento construa processos de prevenção para que esta forma de crime não chegue a acontecer.
Uma Semana Santa apenas para suprir demandas ritualísticas é a exacerbação obsessiva e compulsiva que tanto estimulam as práticas religiosas sem significados, e também é a manutenção de uma fé cega, que não transforma. Enfim, é um pacto pela “loucura no coletivo”, pelo gozo no Divino. Aliás, com os escândalos dos líderes religiosos no esquema do ministério da educação no governo federal atual, haja gozo para o próprio bolso. E usar da religião para benefícios pessoais é o máximo da perversidade. Como o é para o suprimento de fantasias sexuais.
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Religião 14/04/2022 17:37:04 1123
Estetexto, faço a partir de uma matéria publicada pelo Jornal Folha de São Paulo,no dia 10/04/2022, com o título:“Jesussofreu abuso sexual antes de ser crucificado, afirma teólogo”.Mesmoa matéria trazendo a confirmação da pesquisa teológica do teólogo inglês DavidTombs, da Universidade Georgetown, entendo que gera muitos questionamentos porparte dos Cristãos Católicos em tempo de Semana Santa, p...
Religião 10/03/2021 19:12:04
Diante da pandemia da COVID-19, que após um ano de expectativas, ensaios e erros, tanto das ciências como dos políticos, vejo pessoas, e muitas, pedindo a Deus uma saída. Neste Brasil, segundo dados do IBGE de 2010, 64,6% são católicos e 22,2% protestantes. Temos uma marca de 86,8% de população brasileira se declarando cristã e um cristianismo de clamor diante de situações de desespero. É uma fé cega, fundamentalista na sua quase totalidade.
Como já parafraseou a cantora e compositora Maria Rita, filha de Elis Regina:
“Deus lhe pague, Deus lhe crie, Deus lhe abençoe! Deus é nosso Pai e nosso guia. Tudo que se faz na terra, se coloca Deus no meio. Deus já deve estar de saco cheio...”
Essa letra de Marco Antônio e Nair Serra, consagrada na voz de Maria Rita, é um pouco a sensação que tenho sobre os múltiplos clamores que o povo cristão faz a Deus, o qual é buscado apenas na hora em que estamos desesperados pelas múltiplas besteiras que fazemos aqui na terra:
“... fazendo mil besteiras e o mal sem ter motivo. E só se lembram de Deus quando estão no perigo.”
De tanto ser solicitado, e a coisa só piora, Deus deve estar mesmo é surdo.
Na verdade, minha visão de Deus como criador está muito enraizada na ideia de o que Deus tinha que fazer por nós, ele já fez. Ele nos deu potencialidades de crescermos, multiplicarmos e dominarmos a terra, conforme o relato ilustrativo no livro de Gênesis, capítulo 1, versículo 28.
Agora, o resto depende do próprio ser humano. O legado Dele de nos dotar com capacidade para pensar, já é o grande milagre.
Mas, no lugar de pensarmos na perspectiva do cuidado, indicado em Gênesis, seguimos a famigerada raça humana na forma sapiens, uma espécie afeiçoada a destruir. Assim, destruímos as florestas onde os vírus podem permutar, se alojar e existir. Não existindo as florestas, teremos os vírus para nos habitar. Esse microelemento que nos derruba, como é o caso do Sars-cov-2 e suas muitas mutações. Os povos primitivos no Brasil, que ainda restam alguns remanescentes, já sabiam disto e atribuíam à floresta fenômenos divinos, para que ela ficasse intocada.
Este mesmo Deus que nos criou nos deu o legado de vivermos no coletivo. É o lado a lado anunciado na simbologia de Adão e Eva, também citado em Gênesis capítulo 2, versículo de 18 à 25.
Mas este legado do coletivo torna-se poder de dominação. Vejo o quanto as nações mais ricas estão procurando, criar cada uma delas, isoladamente, sua defesa contra o COVID-19. Uma tamanha besteira, pois estamos globalizados. Não adianta um país pensar só em si, pois o vírus circula. Todas as ações só terão resultado se forem orquestradas a uma ação coletiva global. Mas a desigualdade econômica entre as nações coloca a humanidade em franca posição de fragilidade diante de uma pandemia. Antes o vírus da China, hoje as mutações do Amazonas, África do Sul. E agora o Brasil passa a ser o foco assustador para todo o planeta, pois sua extensão continental, que se avizinha de vários países na América Latina, associado ao fato do governo federal não ter conseguido desenvolver ações de contenção ao vírus COVID-19, decorrendo de variações para formas mais resistentes do vírus.
A letargia para ver o que Deus já nos deu, que é o potencial para crescermos, multiplicarmos e cuidarmos deste paraíso terrestre, nos coloca cegos para avançarmos na ciência, para preservarmos o meio ambiente, para protegermo-nos no futuro. A força do valor econômico nos domina para o prazer do lucro no aqui e agora. Prazer este que está reservado a pouquíssimos no planeta.
Somado a tudo isto, aqui no Brasil, os crentes fundamentalistas, que batem no peito aos berros dizendo “Senhor! Senhor! Senhor!”, se multiplicam na mesma rapidez do COVID-19. Sustentam esse governo fundamentalista/ negacionista que promovem uma verdadeira ação homicida/ genocida. Tudo em “nome de Deus”.
Deus não está surdo, não está cego. Deus está assistindo. Aquilo que ele criou não deu certo. Ele só pode ter errado em ter dado aos humanos o livre arbítrio. Eu entendo que não foi um erro de Deus, mas sim nosso, nossa cegueira ao querermos negar nossa essência de multiplicar e cuidar.
Aos berros, e muitas orações, não vamos conseguir receber as graças de Deus. É pela ação de cuidado, do fazer prevalecer a vida neste paraíso terrestre que poderemos encontrar soluções para uma vida saudável neste planeta.
Engraçado que nos países onde o sistema público é regido pelo materialismo dialético, onde se coloca Deus de lado, o cuidado do coletivo acontece. Veja os índices de controle do COVID-19 em Cuba, Vietnã e também na própria China. Creio que Deus está por lá aplaudindo o cuidado daqueles governantes, que se quer estão preocupados com Deus.
Mas, nós por aqui, que dizemos ser o nosso modelo político o melhor, estamos só dando cabeçadas. E por aqui na verdade, Deus está de camarote assistindo.Quem sabe Deus está arrependido de ter colocado inteligência nesta criatura humana, ou quem sabe esperando que esta humanidade consiga entender e cuidar de tudo o que já foi criado.
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Religião 10/03/2021 19:12:04 878
Dianteda pandemia da COVID-19, que após um ano de expectativas, ensaios e erros,tanto das ciências como dos políticos, vejo pessoas, e muitas, pedindo a Deusuma saída. Neste Brasil, segundo dados do IBGE de 2010, 64,6% são católicos e22,2% protestantes. Temos uma marca de 86,8% de população brasileira sedeclarando cristã e um cristianismo de clamor diante de situações de desespero.É uma fé cega...
Religião 20/11/2020 20:06:00
A demanda depressiva tem aumentado em tempos da pandemia COVID-19. Mesmo antes, o Brasil já aferia altos índices de pacientes com transtorno de depressão, o que já valeu vários artigos que escrevi neste site sobre o tema. Somos o país na América Latina com o maior índice de quadros com transtorno depressivo.
Atualmente assistimos também a ascensão das religiões fundamentalistas no Brasil e de setores de diversas religiões com tendência ultra conservadora, desde setores da Igreja Católica até de religiões estruturais históricas de base cristã e as derivações destas denominadas Evangélicas, mas não históricas, e que aqui denomino de seitas. Esta vertente mais conservadora que remete ao fundamentalismo bíblico e traz luz ao “demônio”, em que tudo é movido pela força do mal, do pecado e consequentemente da culpa. Estas são tendências que revitalizam dilemas da idade média, como acreditar que a terra é plana, por exemplo, negando a ciência.
Este cenário, que percorre uma rede dinâmica de emergentes fundamentalistas em todo o mundo, está diretamente relacionado a uma vertente política de extrema direita, forjada, sem dúvida, para os adeptos do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Assim, a ascensão da religião que acentua a culpa traz também um forte crescimento dos sentimentos depressivos.
A religião em si, dentro de uma prática libertadora, decorrente da livre escolha e consciência pessoal, soma muito com a prevenção e/ou com a cura de doenças emocionais.
Porém, a base da prática religiosa no Brasil é judaica/cristã, já que o cristianismo nasce do judaísmo, Jesus Cristo era judeu. Com sua pregação Jesus, traz um novo mandamento, sem, no entanto, deixar o mandamento maior dos judeus “amar a Deus sobre todas as coisas” (judaísmo) “e ao próximo como a ti mesmo” (cristianismo).
A antiga regra é a regra acima de tudo, Deus acima de todos. Mas o judaísmo carrega uma contradição, pois em seu seio nasce a nova regra. Na nova regra, “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”, já é uma interpretação da lei. A lei que deve estar a serviço do ser humano e não deixando-o escravo, culposo, sofrido.
A moral religiosa culposa, que engendra o chicote, a dor e sempre o olhar persecutório de Deus, só gera depressão e faz aqueles com o quadro depressivo já avançado, piorar ainda mais.
A moral religiosa engendrada na prática do amor, da solidariedade, do outro como o meu próximo, é uma prática altruísta de respeito ao próximo. Uma religião que previne doenças emocionais e inclusive é um antídoto contra a depressão. E se caso uma pessoa com esta postura religiosa venha a adquirir um transtorno depressivo, com certeza terá na religião um forte aliado de cura.
Um dos principais elementos comportamentais que favorecem a emergência da depressão é a culpa. Sempre brinco com meus pacientes, que tirem o chicote da bolsa e vamos picotando a extensão dele, até que não haja mais o chicote.
A culpa agrava estados obsessivos que podem até contribuir para que a pessoa se mantenha em depressão obsessivamente, tendo “benefício” dela.
Assim a religião da prática do amor mútuo é o quadro protetor para que a depressão não entre e ou que possa sair. A religião de regras rígidas, de culpabilização, é estímulo para a chegada da depressão e com esta prática o paciente depressivo dificilmente entrará em um processo de cura.
É melhor rever seus conceitos religiosos, observando se sua prática o liberta e o deixa feliz, esperançoso, ou se traz sempre a sensação de erro, de culpa e de tristeza. Esta avaliação da prática religiosa é fundamental para termos um olhar preventivo sobre a saúde emocional.
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Religião 20/11/2020 20:06:00 932
Ademanda depressiva tem aumentado em tempos da pandemia COVID-19. Mesmoantes, o Brasil já aferia altos índices de pacientes com transtorno dedepressão, o que já valeu vários artigos que escrevi neste site sobre o tema.Somos o país na América Latina com o maior índice de quadros com transtornodepressivo. A religião da culpa e a ascensão dadepressão Atualmenteassistimos também a ascensão das relig...
Religião 10/08/2020 20:23:17
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Religião 10/08/2020 20:23:17 887
Hoje pela manhã, neste domingo de nove de agosto de 2020, dia dos pais, recebi uma mensagem de meu grande amigo Padre Aldir Los, da Diocese de São Mateus- ES. Nesta mensagem, Pe. Aldir envia uma foto do velório do corpo de Dom Pedro Casaldáliga, que faleceu no dia oito de agosto deste ano. Junto a foto a mensagem: “O corpo de Dom Pedro Casaldáliga está descalço num caixão sem flores. Com uma est...
Religião 28/03/2018 19:38:13
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Está em cartaz nos cinemas de todo Brasil o filme "Maria Madalena" que tem como atriz principal a aclamada Rooney Mara, duas vezes indicada ao Oscar. A indústria cinematográfica sempre traz um filme associado à temática bíblica em período da Semana Santa, porém, geralmente vem carregado de clichês e com leituras da bíblia que nem os mais ignorantes no assunto suportam. Mas neste ano o fil...
Religião 19/12/2017 11:47:42
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O Natal nos lembra novamente que Jesus nasceu há 2017 anos. Celebramos o seu aniversário e o nosso aniversário de cristãos. Uma lembrança que necessita ser vinculada a fé e a esperança. A fé em algo que não vemos, cuja história traz algumas possibilidades de que houve de fato um JESUS CRISTO, mas sabemos que muitos historiadores não conseguem aceitar que houve este episódio na história.&n...
Religião 31/08/2017 18:38:48
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Religião 31/08/2017 18:38:48 875
As recentes notícias da Síndrome do Pânico que atingiu o padre Fábio de Melo, trás a tona novamente duas grandes questões: Síndrome do Pânico e a fé associada a saúde emocional. Na primeira questão a Síndrome do Pânico é uma patologia que vem sido muito diagnosticada no meio da psiquiatria. É um sintoma associado ao estresse e ansiedade. Um problema emergente da sociedade contemporânea. N...
Religião 30/08/2017 18:17:55
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A unidade na família. É possível? Esse foi o tema de uma série de artigos, chegamos ao último. Para melhor compreensão sugiro que leiam os anteriores (A unidade na família. É possível? Sobre unidade* e A unidade na família. É possível? Sobre família*). No caminho refletimos sobre unidade e família, mas agora nos deparamos com a pior de todas as compreensões que é entendermos o motiv...
Religião 28/08/2017 16:54:29
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Em uma série de artigos, estamos refletindo o tema: A unidade na família. É possível?. No primeiro artigo focamos no termo unidade, se você ainda não conferiu é só clicar no título do artigo: A unidade na família. É possível? Sobre unidade*. Neste artigo iremos focar em outro entendimento necessário que precisamos ter para vivermos a unidade em família, vamos conceituar a família. Que parece ser...
Religião 23/08/2017 18:27:43
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Religião 23/08/2017 18:27:43 902
Para refletirmos sobre a unidade na família, é preciso entender o que é unidade. Parece uma palavra fácil para ser entendida, e de fato é, mas é complexa para ser vivida. A unidade não é equivalente à uniformidade, confundimos muito estes dois conceitos: unidade x uniformidade. Somos constantemente tentados a querer que todos em uma mesma família sejam uniformemente iguais. Principalmente...
Religião 29/06/2017 18:16:17
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Religião 29/06/2017 18:16:17 938
Como podemos identificar o que é uma pregação inspirada no Espírito Santo ou em satanás? Esta é uma pergunta que todas as igrejas que possuem suas doutrinas, regras e normas de condutas deveriam fazer para avaliarem seus orientadores espirituais ou formadores. Sabemos que a maioria das pessoas que pratica alguma religião ainda é imatura. Agem sem orientação própria ou escolha pessoal, é o ...
Religião 19/06/2017 18:57:37
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Religião 19/06/2017 18:57:37 871
O presente texto foi inspirado a partir de uma entrevista concedida pelo teólogo Jung Mo Sung a Thiago Borges para a revista Cidade Nova de abril de 2017. A temática se dá por conta de uma manifestação pública de 45 teólogos indignados com a publicação da Exortação Apostólica Amores Leatita do Papa Francisco de 2016, onde este grupo de teólogos considera uma heresia a forma com que o Papa quest...
Religião 28/03/2017 17:38:29
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Religião 28/03/2017 17:38:29 875
O Filme “Silence”, de Martin Scorsese, estreou nas salas dos cinemas próximo da semana santa de 2017. Nele vamos observar vários movimentos para diferentes interpretações. Um filme que incomoda e faz pensar. Geralmente às vésperas de semanas santas, a cinematografia lança no Brasil algum filme sobre a vida de Jesus Cristo, geralmente são filmes caricaturados e cheios de clichês. Se não for diret...
Religião 04/03/2017 14:05:31
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Religião 04/03/2017 14:05:31 1032
Para os Católicos, começou neste 1 de março o tempo da quaresma. É um tempo de expressão do desejo de perdão, a busca da misericórdia divina. Tempo de penitência, tempo de retiro para enfrentar os desafios de ser Cristão. Uma expressão que herdamos da tradição judaica/cristã. Os judeus no tempo de penitência jejuavam e faziam questão de revelar a dor de seus sacrifícios. Com Jesus Cristo, ...
Religião 19/12/2016 17:14:56
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Era dia de Natal, ainda criança, estava junto com minha família ao redor da mesa na hora do almoço. A campainha toca e alguém desesperadamente começa a falar chamando por uma senhora que estava conosco, em casa. Seu irmão tinha acabado de cometer suicídio. Foi aquele desespero. Nesta cena, só lembro de meu sentimento de indignação e questionamento: “Mas por que foi fazer isso bem no dia de ...
Religião 14/12/2016 01:15:37
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Dezembro está ai, chega como vento em ventania, e bem mais rápido do que desejaríamos. Pois o tempo passa e o mundo não para. Até que um dia, cada um de nós vai parar. Quem nos faz lembrar por antecipação que Dezembro está chegando e com ele o Natal, é o comércio. Ofertas e mais ofertas para o papai Noel nos presentear. Entra ano e sai ano, aqui nos tristes trópicos, das falcatruas do congresso...
Religião 02/08/2016 17:43:37
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Religião 02/08/2016 17:43:37 863
De quem é o sim da fecundidade do Menino Deus? De MARIA, uma mulher. Em que sociedade Deus se fez Carne? Na época, mulheres não podiam conversar com homens em praça pública. José quase faz sua fuga, pois MARIA havia engravidado, e isto era motivo de desonra. Mas o anjo manifestou-se a José, e este assume a história da salvação. Parece que aqui temos o primeiro homem a deixar seu machismo. Por ma...
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